NICO.Por anos a fio eu havia pensado que o amor era uma fraqueza, mas fraqueza mesmo tinha sido abandonar Alessia por medo de finalmente ter algo bom na minha vida. Eu não era perfeito, não, longe disso. Eu era uma colisão de emoções e uma mistura de medo e esperança. Eu matava e torturava por prazer, eu não me sentia culpado pela lavagem de dinheiro ou roubo de quantias exorbitantes e tráfico de drogas, mas eu me sentia culpado por magoar Alessia e esse sentimento se estendeu por semanas desde que a levei de volta para Las Vegas. Felizmente, as coisas tinham se acalmado.
Nino havia voltado a desenhar seus quadros tingidos por realismo e talento e quando eu o incentivei a decorar a casa com eles, ele tinha ficado muito mais feliz, enchendo todas as paredes com seus desenhos incríveis. Eu sabia que as pessoas esperavam que ele voltasse a ser um soldado, mas eu estava pouco me fodendo. Se Nino quisesse fingir que não fazia parte da máfia e nunca mais ter sangue nas mãos, eu estava de bem com isso. Tudo que eu queria era tê-lo comigo e continuar ardendo de felicidade a cada vez que ele sorria genuinamente quando eu elogiava um de seus trabalhos, mesmo que nunca mais houvesse dito uma palavra sequer.
Luca tinha se tornado meu braço direito, literalmente o segundo no comando. Havia assumido toda responsabilidade que lhe cabia e até mesmo tinha sido maduro o suficiente para me dizer diretamente que não se sentia bem lidando com a parte das drogas. Eu tinha dito a ele que estava orgulhoso de seu empenho e seus olhos brilharam. Também tinha colocado a mão no seu ombro e pedido perdão por nunca ter dito que o amava e ele me fez ficar aliviado quando disse que eu havia demonstrado todos esses anos.
Cassiane tinha sido adotada por Clarice, por mais incrível que pareça. No dia em que ela descobriu que Nino estava vivo e simplesmente apareceu na mansão, ela se afeiçou à menina e mesmo que meu irmão não tivesse lhe dado uma resposta satisfatória, ela me implorou para que pudesse ter Cassiane consigo. Eu fiquei feliz por isso. Cassiane merecia uma chance de felicidade e ela tinha mais chances disso numa família normal como a de Clarice. Alessia tinha ficado triste por um tempo, mas logo percebeu que era o melhor.
Alessia era apenas felicidade. Após seu retorno para Las Vegas, ela admitiu que não tinha conseguido amar sua gravidez, mas que ao estar comigo e feliz em sua casa, tinha abraçado a gestação e a cada dia seu amor pela criança crescia. Nós ainda não tínhamos escolhido o nome, mas nem Alessia ou eu tínhamos pressa, mesmo que faltasse um mês para o nascimento.
As coisas tinham se acertado por fim. Eu não tinha cumprido minha promessa por inteiro, mas todos os dias lutava para aceitar o amor de Alessia e dos meus irmão e principalmente, tentava me amar. Eu não queria magoar Alessia nunca mais e se para isso eu tinha que lidar com meus demônios internos, eu o faria. Aceitação era um trabalho árduo, doloroso, e muitas vezes eu me autodepreciava, pensava que estava fazendo tudo errado e que no fim nada disso me bastaria. No entanto, ao contrário do passado, eu logo reprimia esses pensamentos e ia ficar perto da minha família para me distrair.
Eu pensava que já havia provado de toda felicidade do mundo, mas quando eu segurei a mão de Alessia durante a cesariana e nosso filho nasceu, eu vi que ainda tinha muito para experimentar. O rosto de Lorenzo, o rosto de meu filho, me fez perceber que o mundo não era só escuridão.
×
×
×Eu segurei Lorenzo nos braços e beijei sua testa. Ele tinha crescido um pouco mais em seus dois meses de vida e era mais fácil tê-lo nos braços. Alessia tinha acabado de amamenta-lo e era minha função fazê-lo dormir.
— Parece que você não está muito afim de cama hoje, um? — Lorenzo me encarou com seus enormes olhos azuis iguais aos de sua mãe. Eu amava seus olhos. Queria que ele houvesse herdado tudo de sua mãe, mas os olhos azuis eram tudo que ele tinha dela. Os cabelos loiros, o formato dos olhos e até mesmo o nariz eram meus. Eu sabia que era melhor assim, que sua aparência idêntica a dos Parisi calaria os rumores sobre sua paternidade, mas eu queria que ele fosse mais Alessia e menos eu. Suspirei. — Estou sendo autodepreciavo de novo.
Comentei baixinho com Lorenzo. Ele continuou me encarando com os olhos muito abertos. Eu sorri.
— Você é uma coisinha linda. — Sussurrei. Realmente ele era. Era a coisa mais linda que eu já tinha visto, eu o amava tanto que chegava a doer. Lorenzo ergueu o bracinho e enrolou a mão pequena em meu polegar. Eu sorri. — Que bizarro, você é a minha cara.
Ouvi Alessia rir e levantei meus olhos. Minha esposa estava no canto do quarto vestindo uma camisa minha. Eventualmente ela tinha desistido das camisolas de seda que usava no passado, dizia que minhas roupas eram mais confortáveis. Eu amava vê-la em minhas camisas.
— Já o fez dormir? — Minha esposa perguntou suavemente ao se aproximar de nós. Eu levantei Lorenzo mais alto para mostra-lo a ela.
— O que você acha? — Eu zombei. Alessia riu baixinho e se inclinou para beijar a cabeça do nosso filho antes de pressionar um beijo em meus lábios. — Pode deitar, eu fico com ele.
— Você sabe que não consigo dormir sem você. — Ela disse baixinho encostando o rosto contra meu ombro. Não pude evitar sorrir como um idiota. — Eu te amo.
Quando ela dizia aquilo do nada, sem nenhum motivo aparente, apenas porque olhou para mim e sentiu vontade, meu coração batia forte no peito. Eu a amava tanto que chegava a doer e não existia nada no mundo que pudesse ser capaz de tira-la de mim. Eu lutaria até mesmo contra a morte por ela. Ela valia a pena. Ela era o meu maior presente. Pensei que nosso casamento seria um incêndio de proporções catastróficas, mas não foi. Alessia foi fogo, mas nunca catástrofe.
— Eu te amo. — Eu disse por fim. — Para a vida toda.
— E até depois dela. — Minha esposa brincou com um sorriso e seu olhar cheio de amor queimou meu coração. Ela era mesmo um incêndio e tinha queimado todas minhas defesas contra ela.
— Até depois dela.
❤️
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INCÊNDIO - SAGA INEVITÁVEL: LIVRO 2. | CONCLUÍDO.
RomanceCAPÍTULO NOVO -TODOS- OS DIAS! ALERTA DE SPOILERS: ESSE É O SEGUNDO LIVRO DA SAGA INEVITÁVEL, É NECESSÁRIO QUE LEIA O PRIMEIRO PARA COMPREENDER ESSE POR INTEIRO. "Ele era fogo, e eu, gasolina." Após o casamento de sua irmã mais velha com o Capo da...