ALESSIA.
Desde que a médica tinha entrado no quarto e dito que eu tinha duas costelas quebradas, fiquei sozinha. Ela também tinha me dito com muita felicidade que meu bebê estava bem e acabou soltando que era um menino. Raiva cresceu em meu peito ao ouvir. Eu não queria saber, não agora, não sem Nico. Ela me deixou sozinha com um pedido de desculpas desde então. A luz do quarto era forte e me fazia querer furar os olhos para não olhar para ela e porra, a dor em meu lado esquerdo era agonizante. No entanto, toda dor física e irritação desapareceu quando a porta se abriu e ele entrou no quarto; seus cabelos loiros estavam presos num rabo de cavalo curto e seu pescoço inteiro estava vermelho. Seus olhos eram uma confusão de emoções; raiva, alívio, preocupação, angústia… A raiva me surpreendeu. Porque ele estava com raiva de mim? Ele tinha me deixado, não ao contrário. Nico se aproximou lentamente da cama e parou ao meu lado, seus olhos cinzas se fixando sobre cada parte do meu corpo. Um suspiro escapou de seus lábios e ele ergueu a mão para acariciar minha bochecha esquerda, estremeci de dor quando seus dedos me tocaram com suavidade. Eu provavelmente tinha batido o rosto quando caí e quebrei as costelas.
— Desculpe. — Ele pediu baixinho puxando a mão para longe. — Dói muito?
— Dói. — Eu não estava falando dos ferimentos físicos. Eles não eram nada perto da dor abrasiva de estar longe dele. Nico pareceu perceber que eu não falava do meu corpo.
— Como está nosso filho ou filha? — Nico perguntou descendo os olhos para minha barriga coberta por um fino lençol que não fazia nada para esconder a barriga de quatro meses. Se eu pesasse mais do que sessenta quilos, talvez não fosse possível vê-la.
— Nosso filho está bem. — Eu frisei a palavra filho e as sobrancelhas loiras de Nico se arquearam. Uma sombra passou por seus olhos. — Eu pensei que você estaria feliz por ter um filho homem.
— Seria mais fácil ser pai de uma menina. Eu não precisaria ensina-lo a ser forte e ter a atitude de um Capo. Seria mais fácil de não ser como meu pai foi comigo. — Sua voz soou firme, mas havia grande vulnerabilidade em seu rosto. Eu suspirei.
— Você nunca seria como seu pai. — Sussurrei. — Você é bom.
Nico me deu um sorriso distorcido, cheio de ironia.
— Eu sou um filho da puta. — A dureza em sua voz me assustou. — O maior presente que eu poderia dar ao meu filho seria não me ter como pai.
— Bom… Não é como se você nos quisesse perto.
Até eu podia ouvir a amargura em minha voz. O corpo de Nico tensionou e ele me olhou com tanta tristeza que senti sua dor em meu próprio coração. Nico se aproximou mais e se apoiou na cama, seu rosto próximo ao meu.
— Eu só quero te proteger do caos que eu sou. — Ele disse baixinho. — Eu não suporto a idéia de te arrastar para merda distorcida que é minha vida.
— Eu não ligo. — Aflição me tomou. — Nada pode ser pior do que ficar longe de você.
Os olhos de Nico brilharam ao ouvir minhas palavras e ele se aproximou até colar minha testa a dele. Meu corpo se ascendeu pela sua proximidade; céus, eu havia sentido tanto sua falta.
— Seria fácil responder porque eu amo você. Você é gentil, calma, amorosa. Você é pacífica, inteligente, resolve as situações com lógica e gentileza, você me faz sentir querido, feliz. Você é a única pessoa que olhou nos meus olhos e acreditou que eu poderia ser melhor. É um fato, é fácil amar você. Mas eu? Porque infernos você me amaria? Porque diabos você ficaria triste por estar longe de mim? — A voz de Nico era um misto de aflição e dor e ele respirou fundo contra meu rosto. — Eu sequer sou um homem bom.
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INCÊNDIO - SAGA INEVITÁVEL: LIVRO 2. | CONCLUÍDO.
RomanceCAPÍTULO NOVO -TODOS- OS DIAS! ALERTA DE SPOILERS: ESSE É O SEGUNDO LIVRO DA SAGA INEVITÁVEL, É NECESSÁRIO QUE LEIA O PRIMEIRO PARA COMPREENDER ESSE POR INTEIRO. "Ele era fogo, e eu, gasolina." Após o casamento de sua irmã mais velha com o Capo da...