CAPÍTULO 32.

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NICO.

Alessia estava atônita, encarando o nada com seu corpo todo encolhido sobre a mesa. 

— Alessia?— Chamei baixinho e sacudi seus ombros suavemente, ela não se mexeu. Continuou encarando algo que eu não podia ver. Puxei minha esposa com cuidado para cima, tomando cuidado para proteger sua cabeça da mesa. — Alessia, já passou. 

Ela continuou paralisada ao olhar para mim como se não me reconhecesse e um soluço alto escapou de seus lábios pintados de vermelho. Por um momento conflito me tomou, muitas pessoas nos encaravam, algumas que adorariam saber que minha esposa era minha fraqueza, mas quando seus olhos se encheram de lágrimas e elas desceram por seu rosto, mandei tudo para o inferno. Ela era minha para proteger e cuidar, jamais a deixaria chorando sozinha porque não queria que vissem que eu sentia algo verdadeiro e genuíno por ela. Puxei minha esposa para meus braços, apertando-a num abraço e acariciei seus cabelos.

— Shhhh. Já passou. A ameaça está contida. — Sussurrei contra seus cabelos sedosos. Ela apenas chorou mais. Céus. Eu estava em público usando palavras suaves para acalentar minha esposa assustada, as pessoas me olhavam como se nunca tivessem me visto na vida. Beijei os cabelos de Alessia e a abracei ainda mais apertado. — Tudo bem, querida. Não precisa ter medo. Acabou. Já passou. 

— Não, não passou… Ela se foi… Ela se foi… Alestra se foi. — Alessia choramingou e por um momento não entendi nada. Alestra? 

— Alestra? Quem é Alestra? — A frase saiu banhada a confusão que eu sentia. Nunca tinha ouvido aquele nome antes. Pensei que Alessia responderia, mas fomos interrompidos por Dante; meu Consigliere correu em minha direção, praticamente se jogando sobre mim. 

— Luca levou um tiro! — Dante informou praticamente gritando. 

Meu corpo tensionou ao ouvir suas palavras e depois estremeci de medo. Me afastei de Alessia com mais dureza do que pretendia, mas ela não pareceu lugar. Seus olhos estavam atentos novamente e ela me olhava como se estivesse pronta para qualquer coisa. Isso era bom, porque eu estava prestes a surtar. Não ouvi mais nada, não senti mais nada, meu corpo era apenas adrenalina e fúria conforme eu corria atrás de Dante, o coração batendo forte no peito e apenas um pensamento na mente; se Luca estiver morto, eu quero estar também.

Porra. Eu preferiria sofrer qualquer tortura do que ver o que me esperava na entrada dos jardins. Luca estava estirado no chão, sua camisa social branca manchada com tanto sangue que chegava a parecer impossível que alguém pudesse sangrar assim. Eu já havia visto sangue, eu já havia tirado sangue, mas poucas vezes na vida aquele líquido me impactou tanto. Caí de joelhos ao lado do meu irmão e segurei seu rosto, Luca gorgolejou sangue, o vermelho tingindo seus lábios e seu queixo, mas seus olhos estavam fixos em mim, arregalados, amedrontados. 

— O médico da família está… 

— Chame uma ambulância. 

— Ir para o hospital requer… 

— EU NÃO ME IMPORTO! — Gritei tão alto que Dante deu um passo para trás. Segurei o rosto do Luca. — Você vai ficar bem, ok? Se mantenha firme. Você vai ficar bem.

Luca tossiu fazendo mais sangue sair de sua boca. Alessia se ajoelhou ao nosso lado e segurou a mão do meu irmão. Eu não entendi a princípio o porquê dela estar fazendo isso, mas havia genuína preocupação em seus rosto. 

— A ambulância está vindo, fique conosco Luca. 

Meu irmão olhou entre nós dois e pareceu querer dizer alguma coisa, mas se engasgou ao abrir a boca. Seus olhos cinzas se reviraram e o pavor me tomou quando ele os fechou. Meu coração doeu tanto naquele momento que pensei que não conseguiria mais respirar. 

INCÊNDIO - SAGA INEVITÁVEL: LIVRO 2. | CONCLUÍDO.Onde histórias criam vida. Descubra agora