CAPÍTULO 21.

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ALESSIA


Algumas horas depois de Nico me expulsar de onde estava com Luca, eu retornei ao local. Sabia que o apartamento de meu cunhado era fora dos limites — o único que Nico tinha estipulado — mas ainda assim precisava ver o que estava acontecendo. Nico estava transtornado e Luca parecia doente. No entanto, quando me aproximei da porta, dois soldados me pararam. 

— A senhora não pode passar. — O mais alto alertou. 

— Posso saber o motivo? — Minha voz soou tão confusa quanto minha mente estava. 

— Senhor Nico ordenou que ninguém entrasse ou saísse. 

— Mas… — Parei abruptamente. — Espera, Nico trancou Luca dentro da própria casa? 

— SIM! — Luca gritou de trás da porta. — BASTARDO FODIDO!

— Senhora Parisi, por favor volte aos seus afazeres. — O segundo homem, mais velho e com o cabelo raspado de um jeito estranho pediu. 

Porra. Assenti a contragosto e me afastei da porta. Minha cabeça estava girando com perguntas não respondidas. Porque diabos Nico trancaria seu próprio irmão dentro de casa? Eu sabia que Nico iria quebrar a tradição hereditária de Consigliere quando seu atual Consigliere se aposentasse, dando o posto a Luca, então não fazia sentido que ele estivesse preso dentro de casa. Fora que, na noite passada, quando meu marido falou sobre o irmão, ele deixou claro com suas palavras que o amava. Felizmente, a fonte de respostas entrou na sala de estar assim que coloquei meus pés nela. Nico me lançou um olhar estranho e eu cruzei os braços. Ele estava usando um casaco mesmo no calor de Las Vegas, então eu sabia que ele estava armado; só não sabia o porquê dele ter saído de casa sem avisar. 

— Porque Luca está trancado em seu apartamento? — Perguntei por fim. Meu marido deu de ombros, a expressão cansada. 

— Ele está usando drogas. Vou mantê-lo trancado até a abstinência passar e poder conversar com ele normalmente. 

— Nico… 

— Não tente visitá-lo. A abstinência torna as pessoas violentas, ele te machucaria para conseguir drogas. 

— Tudo bem. — Apertei os braços com mais força ao meu redor. — Vou voltar para o quarto e não te atrapalhar mais. 

Até mesmo um surdo poderia ouvir a amargura em minha voz. Girei nos calcanhares e subi as escadas em passos rápidos, não querendo mais ter qualquer conversa com meu marido. Seus gritos me assustaram pra caralho e enquanto não superasse isso, não seria uma boa companhia. Tirei o celular do bolso traseiro do short e abri minhas conversas não lidas, surpresa me tomando quando vi uma mensagem de Clarice. 

CLARICE: Chá da tarde hoje?

Nico entrou no quarto quando comecei a digitar uma negação, mas parei. Porque deveria negar a oportunidade de sair daquela casa? 

— Tudo bem se eu sair para um chá com Clarice hoje? 

— Prefiro que seja aqui. Vocês podem se reunir no terraço. Não sei o quanto Clarice sabe sobre a mãe dela e não quero te deixar fora de minhas vistas. 

Assenti. Talvez fosse melhor assim, mas eu odiava sempre estar presa. Nunca tinha tido liberdade para nada na vida e havia sido estupido pensar que com Nico seria diferente. Antes meu pai me prendia, agora era meu marido. Perguntei a Clarice se poderia ser em minha casa e ela rapidamente respondeu que sim, marcando nosso chá para as quatro. Nico me surpreendeu ao me abraçar por trás e depositar um beijo em meus cabelos. 

INCÊNDIO - SAGA INEVITÁVEL: LIVRO 2. | CONCLUÍDO.Onde histórias criam vida. Descubra agora