CAPÍTULO 20.

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NICO.


Eu não planejava contar aquilo à Alessia, também não planejava dizer que meu coração estava aberto a ela. Me sentia idiota, mesmo após ela me olhar como se realmente valesse a pena tentar. O que eu era, senão um ser quebrado que precisava seriamente de afeto, seja de quem fosse? E o que isso fazia de mim? Nenhum dos meus homens me respeitariam se vissem esse lado, eles esperavam brutalidade e crueldade, não sentimentos estúpidos. Alessia adormeceu deitada contra meu peito, mas conforme o dia amanhecia, percebi que não iria dormir. Ela era minha família agora, e eu gostava de como isso soava, mas não gostava do que isso me tornava. Respirei fundo, mortalmente confuso. Eu não sabia o que faria para lidar com essa merda distoricida que minha mente tinha virado ao me casar com Alessia, por mais que eu gostasse de seu cheiro e de seu calor contra meu corpo, eu odiava o quão sensível tinha me tornado ao estar com ela e me arrependia de ter me casado. Alessia nunca me perdoaria se soubesse o quão arrependido eu estava. Empurrei Alessia com delicadeza para seu travesseiro e ela se remexeu inquieta antes de voltar a dormir profundamente; me levantei da cama com calma para não acorda-la e saí do quarto esfregando os olhos. Desci as escadas até a sala de estar e passei pela porta adjacente, emergindo em outro corredor de mármore. Odiava aquela merda. Bati na porta no fim do corredor e esperei impaciente Luca a abrir; quando o fez, seu rosto amassado me saudou e eu me lembrei que eram sete da manhã. 

— Foi mal te acordar, eu preciso… 

Luca começou a rir alto e se afastou da porta, seu corpo sacudia com as gargalhadas escandalosas. Que porra? Entrei em seu apartamento desarrumado, cheio de roupas jogadas de um lado para o outro e garrafas vazias de cerveja sobre cada superfície. Meu corpo se agitou ao ver as seringas sobre a mesa de centro e os resquícios de pó branco. 

— Você está se drogando? — Eu perguntei calmamente mesmo que minha vontade fosse de gritar. Se não estivesse desarmado, teria apontado uma arma para a cabeça dele. 

— Você não? — Luca resmungou se afundando no sofá com um sorriso bobo no rosto. 

Nem fodendo. 

— O que você usou, Luca? 

— Heroína… Maconha… — Ele riu alto novamente. — Cocaína… 

A raiva me tomou. Nunca tinha sido agressivo com Luca, nunca tinha acreditado que agredi-lo traria algum benefício para nosso frágil elo familiar, mas naquele momento não consegui conter a onda de violência que me tomou. Puxei Luca pelo pescoço e o coloquei de pé, jogando-o contra a parede logo em seguida. Meu irmão cambaleou ao cair no chão, os reflexos lentos por causa da ingestão de drogas. Isso me fez sentir ainda mais raiva. O segurei de pé novamente e o sacudi até bater sua cabeça contra a parede. 

— QUE PORRA VOCÊ ESTÁ FAZENDO? — Berrei tentando fazer seus olhos desfocados se focarem em mim. — Quem te vendeu essa merda?! Quem?!

— Não vou falar. — Ele murmurou sem muita convicção e eu o empurrei novamente contra a parede. 

— Eu estou ordenando como seu Capo que me diga quem vendeu essa merda pra você! 

— Nico? — Ouvi Alessia chamar baixinho atrás de mim, mas não podia lidar com ela agora. 

— Saía daqui, Alessia. — Ordenei antes de sacudir Luca de novo. — Me diga quem te vendeu drogas, Luca! 

— Charles! — Ele gritou empurrando minhas mãos. — Charles que vende para os clientes da Onzea! 

Empurrei Luca para o chão e ele caiu sem nenhuma tentiva de se manter de pé, seus olhos ficando nublados novamente. 

— Nico… — Alessia chamou baixinho e eu me virei para ela num rompante, raiva me tomando. 

INCÊNDIO - SAGA INEVITÁVEL: LIVRO 2. | CONCLUÍDO.Onde histórias criam vida. Descubra agora