CAPÍTULO 3.

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ALESSIA.




       Quando voltei para casa, a discussão ainda estava acirrada na sala de estar. Nico e Luca haviam ido embora mais cedo, mas Thomaz e Carina permaneceram. Quando entrei na sala, todos se calaram e me olharam, Alessa foi a primeira a ficar de pé, mas não lancei sequer um olhar em direção a ela. 

— Até meu casamento, gostaria de saber se vocês podem me receber em sua casa. — Perguntei olhando em direção a Thomaz e Carina. Alessa pulou em seu lugar. 

— Eu me passei por você, sim! Mas não porque queria te trair, queria tentar uma forma de amolece-lo para que te tratasse bem na lua de mel!

Meu pai parecia prestes a enfartar a qualquer momento e mamãe estava tão chocada, desestabilizada, que sequer conseguia se por de pé. Thomaz era o único que parecia estar sendo sensato na situação, já que Carina estava vermelha por inteiro. 

— Você ia o que? Trepar com ele para que ele fosse gentil comigo? — Questionei desafiadoramente. Mamãe ficou pálida ao meu ouvir usar aquele palavreado. 

— Alessia! — Papai repreendeu num grito que fez minha irmã gêmea se encolher. Felizmente Cinzia não estava aqui, provavelmente permabulando pela mansão ao lado de Samael. 

— Eu só queria te ajudar! — Alessia gritou, lágrimas caindo por seu rosto. — Eu estava completamente amedrontada, beija-lo não foi algo que eu desejava, foi estranho! Eu só falei coisas gentis e pedi para ele ser gentil “comigo” na noite de núpcias porque sabia que seu orgulho não a deixaria pedir. E então ele me beijou e disse que eu não precisava me preocupar com isso! Foi um acidente, não era pra acontecer! 

— Puta que pariu. — Thomaz disse exasperado e se levantou do sofá. — Vocês três sempre acham que gentileza vai resolver alguma coisa e se colocam em confusões enormes. 

— Ei! — Carina repreendeu escondendo um sorriso para o marido, que a olhou como se ela fosse seu mundo. 

Que se foda.

— Posso ou não posso morar com vocês esses últimos meses? 

— Claro que pode. — Carina disse firmemente, e felizmente, Thomaz não parecia contra a decisão. 

— Alessia, por favor… — Alessa choramingou, mas eu não estava mais escutando. Subi as escadas em direção ao nosso quarto para arrumar minhas malas. 

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Morar com Thomaz e Carina era pacífico. O Capo passava a maior parte do tempo no escritório, enquanto Carina cursava a distância seu curso de direito. Felizmente, eu tinha paz na maior parte do tempo, e podia ficar enrolada na cama pensando no que faria com a minha vida. Ao passar dos dias, a raiva de Alessa diminuiu, e a saudade aumentou. Eu conhecia minha irmã, acreditava em sua tentativa falha e estúpida de tentar garantir uma noite de núpcias gentil para mim, e acreditava que o beijo de Nico não estava nos planos dela. Mas ele a beijou acreditando ser sua noiva, e a tranquilizou sobre a nossa primeira transa, o que me fez pensar em como teria sido a sensação de beija-lo, em ouvir suas palavras de conforto afastando minhas preocupações. 

Esses pensamentos me perseguiram pelos quase sessenta dias desde o acontecido, até dois dias antes do casamento. Nico estava no apartamento luxuoso de Carina e Thomaz, já que papai queria manter distância entre ele e Alessa, felizmente, ele havia preferido dormir num hotel e estava aqui somente para um jantar casual. Outra coisa que me deixava mais tranquila, era a conversa quase distraída que ele e Thomaz mantinham, como se tivessem realmente se aliando. Se Thomaz estava se acostumando com Nico, talvez eu também pudesse. 

INCÊNDIO - SAGA INEVITÁVEL: LIVRO 2. | CONCLUÍDO.Onde histórias criam vida. Descubra agora