CAPÍTULO 23.

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ALESSIA.

Eu estava efusivamente animada para o Cruzeiro de seis dias e minhas irmãs espelhavam minha animação. Alessa e Cinzia mal podiam permanecer paradas enquanto caminhavamos pelo deque luxuoso do iate e eu tinha a impressão de que Carina faria o mesmo se não tivesse se comportando como a esposa e mulher que deveria ser. Quase ri ao pensar nisso. Nico não exigia nenhuma postura vinda de mim, e eu não sabia se era porque eu já a apresentava naturalmente ou porque ele não se importava.

- Mal acredito que iremos passar seis dias aqui! - Cinzia disse com um sorriso e eu notei quando ela olhou discretamente para Samael. Eu tinha certeza de que ele a pediria em casamento eventualmente, então não me importava com minha irmã e ele num navio enorme.

- Yeah. Muito bom. - Luca ironizou. Obviamente meu cunhado estava odiando cada momento e eu não pude deixar de sorrir. Sabia que Nico só o tinha trago por causa de seu problema recente com drogas, mas ainda assim estava feliz por sua presença. Ele era a família de Nico, e consequentemente, minha família. Não me sentiria em paz caso ele estivesse passando o natal sozinho em Las Vegas, mesmo que ele preferisse assim.

- O importante é passarmos tempo em família, Luca. - O lembrei dando um tapinha em seu ombro. Ele sorriu a constragosto; eu não sabia se sua falta de resposta era porque eu era a mulher de seu irmão ou porque ele realmente tinha se animado, mesmo que minimamente, por ser incluído.

- Tempo em família! - Alessa exclamou animadamente e rodopiou pelo deque. Não consegui conter a gargalhada que saiu de mim.

Subi com Nico pela escada dianteira e me embrenhei nos corredores estreitos do iate para chegarmos até nossa cabine. Carina havia feito um mapa e mostrado onde cada um de nós íamos dormir. Luca tinha revirado os olhos para a ideia de dividir um quarto com Samael, mas não fez nenhuma objeção, e Samael... Samael nunca demonstrava nada, sempre sério e estoico. As vezes eu me preocupava com o garoto, mesmo que ele tivesse a minha idade. Pelo visto, nossa família disfuncional tinha um enorme azar para gêmeos; Alessa e eu tínhamos perdido Alestra, Nico havia perdido Nino e Samael tinha visto seu irmão morrer. Nico abriu a porta de nossa cabine e colocou as duas grandes malas no interior; agora eu podia perceber o porquê da enorme embarcação ter apenas cinco cabines. O quarto era enorme, com uma cama king size no centro e um roupeiro embutido na parede; havia um jogo de sofás combinando com o edredom azul da cama e uma mesa alta cheia de bebidas destiladas e jogos de cartas. Do lado da porta que ia para o banheiro, um frigobar espreitava. Quando Nico fechou a porta, deitei contra a cama, cansada demais para continuar de pé.

- A viajem já está exaustiva? - Meu marido debochou, se jogando ao meu lado. Eu ri.

- Tempo em família é exaustivo. - Murmurei. - Muitas preocupações quando revejo todo mundo.

- Quais são as preocupações?

- Samael... Ele era tão legal, sempre gentil e sorridente. Agora ele é totalmente fechado, nunca tem nenhuma emoção no rosto, nenhuma reação a nada. - Suspirei. - E Carina está preocupada com a gestação, ela...

Parei, repentinamente sem saber se deveria contar a Nico sobre a tortura que minha irmã sofreu. Ele retirou a decisão de minhas mãos quando disse:

- Eu estava lá. Eu sei o que aconteceu com ela. - Ele pausou. - Bom, não em detalhes, mas do jeito que ela estava? Posso imaginar.

Raiva torceu a expressão de Nico.

- O bastardo russo tirou o bebê que ela carregava. Usou um ferro para fazer um aborto como nos tempos medievais. - Minha voz falhou pela raiva. - Ela não conseguia engravidar e agora está preocupada em perder a criança.

INCÊNDIO - SAGA INEVITÁVEL: LIVRO 2. | CONCLUÍDO.Onde histórias criam vida. Descubra agora