CAPÍTULO 7.

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ALESSIA

Eu confiei nele. Confiei que ele seria bom para mim, confiei que ele não me machucaria. Ele havia dito que eu poderia confiar nele, havia até mesmo provado isso em suas poucas atitudes e então, do nada, choque inundou seu rosto e seus olhos ficaram desfocados, perdidos em coisas que eu esperava jamais presenciar, e tudo desandou. A dor fora gigantesca e a escuridão em seus olhos me fez gritar; por um momento pensei que Nico me mataria, mas então, ele parou de investir contra mim, gozando em espasmos fortes. Choque inundou seu rosto ao me ver de olhos arregalados, chorando conforme a dor se alastrava por todas minhas células. Rapidamente ele se ergueu e saiu de dentro de mim, trancando-se no banheiro. Solucei alto e me abracei, puxando os lençóis sobre meu corpo dolorido. Meu canal vaginal estava queimando e a umidade entre minhas pernas, a mistura de sêmen e sangue, me deixava horrorizada. Eu não tinha dito não, não tinha pedido para que ele parasse, mas ainda assim me sentia violada. A pior dor, no entanto, fora confiar nele e ter essa confiança quebrada em milhares de pedaços. Mais de dez minutos depois Nico retornou ao quarto e eu estremeci de medo, não conseguindo sequer olhar para o rosto dele.  

— Você quer se lavar? — Nico perguntou rouco, a voz suave. Não consegui olhar para ele, não consegui dizer nada. Apenas me levantei, apertando o lençol ao meu redor e fui em direção ao banheiro. Vi pelo canto do olho Nico dar um passo em minha direção, mas quando um soluço escapou de meus lábios, ele se afastou. 

Trancada no banheiro, deixei o lençol cair. A parte superior de meus braços estavam cobertas por marcas de dedos, onde ele havia segurado com força quando mergulhou em seu surto. Um choro esganiçado tomou conta de mim e eu não consegui mais me olhar no espelho, corri para o box e abri o chuveiro, deixando a água gelada escorrer por meu corpo enquanto chorava dolorosamente. 

Confiança, algo frágil demais. 

Quase uma hora depois, eu voltei ao quarto vestido um longo roupão de banho, que cobria todo meu corpo. Nico estava sentado na poltrona perto da cama e mexia em seu celular, ao passar por ele, me surpreendi ao vê-lo jogando Candy Crush. Me deitei na cama e me cobri com o edredom pesado, fechando os olhos para tentar lidar com a dor física e emocional. Um tempo depois, Nico se ajoelhou ao lado da cama, com um copo de água e dois remédios. 

— Vai ajudar com a dor. — Ele disse estendendo a mão. A culpa em seus olhos quase me fez sentir empatia por ele, quase. 

— Então você é aquele que fere e aquele que cura? — Sibilei secamente, mas não neguei os remédios, os tirando de sua palma estendida com a ponta dos dedos antes de bebe-los com um longo gole da água. 

— Sinto muito. — Ele sussurrou antes de se colocar de pé e se afastar da cama. 

Não respondi, apenas me encolhi ainda mais quando ele desligou a luz. A madrugada foi longa, a única luz advinha do celular de Nico e o único barulho era da suave música alegre de seu jogo. Ele não dormiu, eu também não. Cerca de quatro da manhã, me virei em direção a ele quando o ouvi bocejar. 

— Você pode deitar na cama, se quiser. — Murmurei me afastando do meio do colchão até me enrolar na beirada. Nico respirou fundo e desligou o celular, deixando-o na cabeceira antes de deitar na outra ponta para que houvesse um grande espaço entre nós. 

Nós dois fingimos dormir, eu sabia e ele também; ele controlou bem sua respiração para parecer desacordado, mas seu corpo estava tenso e imóvel demais para estar em sono; eu sabia bem porque estava fazendo a mesma coisa, a linguagem corporal falava mais do que palavras. Por fim, quando o dia amanheceu, a luz do sol inundando o quarto, Nico se remexeu na cama, mas não abri os olhos. Estava semi consciente, mas ainda podia sentir o olhar dele sobre mim. 

INCÊNDIO - SAGA INEVITÁVEL: LIVRO 2. | CONCLUÍDO.Onde histórias criam vida. Descubra agora