His Daughter - SwanQueen

58. A dor da culpa

Minha respiração acelera, acompanhando o ritmo dos meus pensamentos. Minha mente dá voltas e mais voltas, tentando ler nas entrelinhas, tentando decifrar antecipadamente essa conversa codificada, mas o meu nervosismo e até mesmo a ansiedade causada pelo momento não me permitem ir muito longe, não facilitam o meu entendimento, pelo contrário, apenas me deixam ainda mais confusa. Nesse momento eu só imploro para que esse infinito silêncio de apenas alguns segundos, finalmente chegue ao fim.

Aproximo-me de Ruby em alguns passos, esta que ainda mantém o sorriso triunfante nos lábios e os olhos fixos em Emma.

- Do que você está falando? – Pergunto, a tensão e a expectativa tomando conta do meu corpo.

- Talvez só seja óbvio pra mim que a conheço bem, ou ela realmente fez um bom trabalho em você, Regina... – Ruby nega com a cabeça, expressando descrença. Olho para Emma e noto suas sobrancelhas franzidas e a linha de sua mandíbula marcada em raiva. Retornando para Ruby, vejo ela passear de um lado para o outro confortavelmente, demorando-se de propósito. – Eu sei sobre vocês duas, sabia? E nem foi tão difícil assim descobrir, devo dizer que vocês não foram muito discretas. – Apesar desse fato já ser sabido, ouvi-la dizer em voz alta fez um frio subir pela minha coluna. – Acontece que as coisas são muito diferentes do que você pensa ou sequer poderia imaginar... – Ela para a poucos metros de nós duas e cruza os braços. – A Emma está brincando com todo mundo, Regina, mas principalmente com você. Todo esse teatrinho de mulher apaixonada não passa disso, de pura encenação.

Sinto meu corpo ser afastado para o lado de forma brusca, enquanto Emma avança em direção a Ruby, agarrando-a pelo braço e sendo empurrada com força de volta, fazendo-me acordar do meu transe e puxá-la para trás pela jaqueta, me pondo entre elas, impedindo sua passagem; e dessa vez ela não oferece resistência, colocando-se para trás com as mãos entre os cabelos, exasperada.

- Ruby, o seu problema é comigo, então resolve a porra do problema comigo!! – Emma solta um grito desesperado.

- Não! – Ela devolve no mesmo tom, ergue a mão e aponta o dedo para Emma com os olhos em igual ira. – Isso seria fácil demais, sua mimadinha! A menininha rica tão acostumada a ter tudo sempre muito fácil, onde todos os seus problemas são facilmente resolvidos pelo papai como num lindo conto de fadas... Mas isso acabou, Emma! – Ruby cospe as palavras em Emma com uma familiaridade que eu percebo existir entre elas apenas hoje, agora. – Seu papai não vai te defender dessa vez, na verdade, vai ser o oposto disso.

- E o que merda você quer de mim?? Me diz!!!! – Emma volta a ficar na minha frente e dá alguns passos em direção a Ruby. – O que quer que eu faça??

- Eu quero que você pague pelo que me fez! – Ruby rebate Emma de igual para igual, a poucos centímetros uma encara com ferocidade a outra. – E pra ser bem justa e poética até, eu quero fazer isso bem aqui na empresa do seu pai.

- Nada do que aconteceu foi realmente minha culpa, Ruby, e você sabe disso...

- A única coisa que eu sei é que você arruinou a minha vida, e eu vou fazer o mesmo com a sua. – Os antes inocentes e amigáveis, mas agora acesos em determinação e raiva olhos azuis de Ruby percorrem o rosto de Emma de um lado para o outro, desafiando-a.

- Ruby, por favor... – Seu tom de voz se torna mais baixo quando Ruby dá um passo na minha direção, segurando-a pelo braço. – Não envolve eles nisso, nem a Regina nem o meu pai tem nada a ver com essa história. Eu faço o que você quiser, te dou o dinheiro que quiser, você vai poder recomeçar em qualquer lugar, ter o que quiser... Mas deixa eles dois fora disso, por favor.

- Responsabilidade afetiva não lhe cai muito bem, Emma. – Ela puxa o braço do aperto de Emma violentamente. – Tenta outro papel, o de vilã, talvez. Esse papel de mocinha não combina nada com você.