Capítulo 6

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POV Hana

Meu pai só falou comigo para se desculpar ao longo dessa semana, estava me matando aos poucos vê-lo tão cabisbaixo.

— Papai — chamei no sábado a noite — o que acha de sairmos para comer pizza amanhã? Só eu, você e a Hima?

— Como uma despedida?

— Quase isso — minha voz ficou embargada.

— Me perdoe, filha, por favor, vá embora, você não tem que passar por isso — ele me abraçou chorando — Você tem um futuro brilhante esperando você, vai abrir mão disso por um velho pobre?

— Eu abriria mão de qualquer coisa por minha família — enxuguei as lágrimas dele e sorri de leve — Mas vamos parar com isso, amanhã é meu último dia na casa que eu cresci, temos que aproveitar!

— Você vai embora? — ouvi a vozinha de Haru, eu ainda não sabia como contaria a ela.

— Mana, vem cá, vamos conversar — ela se sentou em meu colo e eu fiz carinho em seu cabelo — Na segunda a mana ta indo embora pra outra casa, mas vocês vão ficar bem, ok?

— Não ta ok, eu não quero perder você também — ouvir a vozinha cortada de Harumi falando isso me feriu profundamente, beijei o cabelinho dela.

— Ei, cadê a garotinha forte da mana? — me esforcei para manter minha voz firme — Agora você será a a garota da casa, vou precisar que você cuide do papai e obedeça todo mundo, combinado?

Ela assentiu calada, os pais de Sakura e Hinata só souberam a parte que eu iria me mudar e agora eles também ajudariam com Harumi.

No domingo o dia passou voando, eu saí para comer pizza com minha família e a noite me tranquei no quarto com Sakura e Hinata para fazer as malas.

— Você só tem calcinha de bichinho? — Sakura perguntou — Ele provavelmente vai te fazer comprar lingeries novas.

— Dane-se — dei de ombros.

De acordo com Sakura eu deveria olhar o lado positivo, poderia ser um velho babão e nojento, mas pelo menos é um homem jovem, lindo e gostoso, só ela mesma pra me arrancar gargalhadas uma hora dessa.

— Você acha que vai conseguir? — Hina perguntou baixinho.

— Não tem segredo, ne? Deve ser só abrir as pernas e pronto.

— Não é bem assim — Sakura falou — Mas ele com certeza vai te ensinar do jeito que ele gosta, relaxa!

— É fácil falar, não é você que ta indo pro abate, ne?

— Ai, amiga, não é tão ruim assim, claro que a primeira vez dói um pouco, mas não é nada que não dê pra aguentar, desde que o cara seja gentil, é claro!

— Esse é o problema, Sakura, eu não tenho garantia nenhum de que ele será gentil comigo.

— Vamos torcer pra que seja — Hina falou com sua vozinha delicada.

Eu nem dormi naquela noite, fiquei rolando de um lado para o outro durante horas, depois resolvi ir para o quarto da Harumi para observa-la enquanto ela dormia, não sei quando Madara me deixará vê-la novamente.

Lágrimas rolaram pelo meu rosto, eu sentiria tanta falta da minha garotinha.

— É para que você fique segura, meu amor — beijei a cabeça dela e saí de seu quarto.

Coloquei uma foto minha com a Harumi dentro da bolsa, Hopkins ainda não havia me respondido e eu estava extremamente feliz com isso, era melhor não passar do que ter que escolher abrir mão.

No dia seguinte, eu preparei uma enorme mesa de café para papai e Harumi.

— Mana, quando eu chegar da escola você já vai ter ido?

Eu assenti e ela veio me abraçar apertado.

— Eu vou deixar uma surpresa para você em cima da sua cama, ok? Assim que chegar da escola você verá o que é — eu resolvi falar com Haru como mamãe sempre falou conosco — eu amo você mais que tudo no mundo, Harumi!

— Mais que tudo no mundo — essa era a versão de eu também te amo da Haru.

Ela sorriu abertamente para mim, saindo na frente e deixando apenas eu e papai em nossa pequena sala.

— Me perdoe, filha — ele me abraçou choroso.

— Ta tudo bem, papai — beijei a bochecha dele — Cuida bem da Harumi, vou sentir falta de viver com vocês, te amo!

— Mais que tudo no mundo — ele respondeu e eu sorri, deixando uma lágrima cair quando ele beijou minha testa.

Fiquei sozinha naquela sala e respirei fundo, alguns minutos depois ouvi batidas na porta. Meu coração acelerou, será que já era ele?

— Bom dia, Hana — o zelador disse com um sorriso no rosto.

— Bom dia, sr. Tazuna, algum problema?

— Não, menina, é que eu vi essa carta aqui pra você, ela chegou na quinta passada, mas parece que caiu atrás do balcão, quase que ela fica perdida — ele me entregou a carta e eu engoli em seco — Tchau, Hana, tenham um ótimo dia!

O sr. Tazuna era o zelador do prédio desde que eu me entendo por gente e ele sempre foi muito carinhoso com todas as crianças que ele viu crescer, mas hoje em especial, eu odiei receber a visita dele. Aquela era a carta da Hopkins.

Eu fui aprovada, de acordo com a carta seria uma honra para eles me terem em sua faculdade de medicina e por isso eles me ofereciam uma bolsa de 100%, era o meu sonho, que estava indo pelo ralo.

— Chega de chororo, para com isso, Hana, vira mulher — falei comigo mesma — Pra proteger quem ama você precisa ser mais forte, não derrame mais nenhuma lágrima por essa situação!

Guardei a carta da Hopkins em minha bolsa, peguei o livro do Pequeno Príncipe que mamãe me deu, coloquei na cama de Harumi e fiquei esperando, pouco antes da hora do almoço ouvi batidas na porta.

— Madara — cumprimentei quando ele entrou no apartamento com um enorme sorriso no rosto.

— Olá, pequena, cadê sua bolsa? — apontei para o canto da sala e ele a pegou — Vem, vamos almoçar fora hoje!

Desci ao lado dele e encontrei o sr. Tazuna perto do portão.

— Hana, ta tudo bem?

— Ta sim, sr. Tazuna, pode fazer um grande favor pra mim? — entendei minha chave para ele — Entrega o papai, por favor?

— Claro, menina, tem certeza que está bem?

— Obrigada por tudo que o senhor já fez por nós — abracei ele apertado e o senti retribuir o abraço.

Virei as costas e entrei naquele carro preto.

O Acordo - Madara UchihaOnde histórias criam vida. Descubra agora