Capítulo 54

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POV Hana

Meu corpo estava moído, tudo dói e há quem diga que cesariana é fácil. Eu mal conseguia me mexer e não podia sentar confortável, não podia comer qualquer coisa e não podia pegar peso, mas como fazer isso com um bebê que depende do seu peito pra viver?

- Temos visitas, amor - Madara falou enquanto eu dava peito para a Liz no dia seguinte ao parto - Entrem!

Meu pai, Harumi e Obito entraram com enormes sorrisos no rosto, vindo diretamente até a cama fazer carinho na bochechinha da Liz.

- Ela é linda, mana, mas não tem nada de você, é a copia do Madara - Harumi falou rindo e Obito concordou.

- Obrigado pelos netos lindos que me deu - meu pai sorriu pra mim e todos olhamos confusos pra ele.

- Netos? - Madara perguntou com as sobrancelhas franzidas.

- Claro, o Obito é tão filho da Hana quanto a pequena Liz, o que faz dele meu neto também - papai piscou pra mim e Obito deu um grande sorriso ao lado Madara que apenas ergueu um dos lados da boca.

- Devo te chamar de vovô? - Obito perguntou divertido.

- Acho que isso já é muito - meu pai riu abraçando meu filho.

- Querem pegar? - perguntei guardando meu peito quando ela acabou de mamar - Agora ela tem que arrotar.

- Posso tentar? - Obito perguntou meio receoso e eu assenti - Mas pode ser ai do seu lado? Pra me ajudar qualquer coisa.

Ele estava corado e coçando a nuca como quando era criança, me fazendo conter a careta de dor ao me mover para o lado e dar espaço pra ele.

- Vem ca, mantem ela em pé e vai dando tapinhas leves nas costas - ensinei e ele pegou o jeito rapidinho.

Depois deles nossos amigos também vieram, todos ficaram babando na Liz que descobrimos ter herdado meus olhos verdes, pelo menos isso já que é realmente a copia fiel do pai, até o cabelo rebelde era como o dele.

Deidara estava brincando com a Liz, jogando a cabeleira sobre o rostinho dela, que puxava o cabelo dele como puxava o do Madara desde a primeira vez que ele a pegou no colo.

- Dei, agora que o Madara foi em casa rapidinho, me ajuda a tomar banho? - pedi a ele quando estávamos só nós dois no quarto.

- Claro, mas por que esperou ele sair? - ele perguntou enquanto me ajudava a tirar a roupa.

- Por isso - me olhei no espelho, com a barriga flácida e cheia de estrias - Eu tô horrível, Deidara, nem sei se o Madara ainda vai desejar isso!

- Ei, não fale assim de você - o olhar dele era bravo e gentil ao mesmo tempo - Você sempre foi e sempre será linda e gostosa, principalmente pro Madara, ele te ama e nunca te deixaria.

- Não é disso que eu tô falando, Dei, é de tesão, de desejar alguém - suspirei entrando embaixo da água - O Madara não vai me deixar porque me ama, mas com certeza não vai mais sentir tesão nenhum em mim.

- Para com isso, ele vai sim, você é uma delícia - resolvi não falar mais nada, estendendo o shampoo para que ele lavasse meu cabelo.

Eu estava insegura, me sentindo feia e acabada, Madara já teve na cama com ele as mulheres mais lindas, gostosas e perfeitas que existem. Eu nunca duvidaria do amor dele por mim, mas ao olhar pra mim e pensar nelas, ele com certeza não me desejaria, eu estava horrível e nem podia falar sobre isso porque até para meus ouvidos parecia drama.

Depois de estar tomada banho, com o cabelo lavado e roupa trocada eu me sentia muito mais limpa e até leve. Quando saí do banheiro Madara estava entrando no quarto.

— Por que não me esperou? Eu disse que quando quisesse tomar banho eu te ajudaria — Madara falou pegando a Liz no colo — Sem contar que, com todo respeito, Deidara, você pediu ajuda de outro homem pra isso.

— Não seja bobo, Madara — beijei sua bochecha e tirei uma mecha do seu cabelo da mãozinha fechada da Liz — Só me deu vontade de tomar banho agora, ele tava aqui e me ajudou.

— Não é como se eu já não tivesse visto tudo que ela tem — Deidara falou com um tom divertido — E eu só aproveitei um pouquinho dela!

Madara cerrou os olhos pra Deidara e eu ri dos dois.

...

Já faz três meses que a Liz nasceu e eu ainda não tinha deixado o Madara me ver nua, sempre que precisava de ajuda no banho pedia a uma das meninas e ele parecia se incomodar com isso, mas nunca questionou. Quando ele me procurava a noite eu fingia que estava dormindo ou dizia que estava cansada demais, o que não era uma mentira já que Liz sugava todas as minhas forças e minha disposição quando acordava quatro vezes na noite para mamar.

Em uma dessas noites Madara chegou ao quarto dela e me pegou sentada na cadeira de amamentação com ela nos braços e lágrimas quentes rolando pelos meus olhos sem parar.

- Ei, amor, o que foi? - ele se aproximou perguntando preocupado.

- Eu só preciso dormir uma noite inteira, eu tô esgotada, não aguento mais - meu choro era tomado por soluços e desespero - Eu sou uma péssima mãe, não consigo nem cuidar da minha filha sem enlouquecer!

- Shiu, calma, você é uma mãe incrível e tem o direito de ficar cansada - ele falou enquanto me abraçava a afagava meus cabelos - Me da ela, vai dormir enquanto eu faço arrotar.

Eu entreguei a Liz pra ele e apaguei em nossa cama, não tinha nada para reclamar de Madara, ele sempre cuidava dela de madrugada, dava banho, trocava fralda, fazia arrotar, exercia a paternidade de forma esplêndida. Só que os peitos dele não davam leite e isso fazia a carga em nossos ombros ser dividida de forma desigual.

Na noite seguinte eu acordei no susto mais de quatro da manhã, Madara não estava na cama e Liz não havia chorado, eu só conseguia pensar que minha filha tinha morrido. Então fui silenciosamente até o quarto dela e sorri boba com a cena de Madara sentado com ela na cadeira de amamentação, com uma mamadeira em uma mão enquanto falava com nossa filha.

- Isso, toma toda a mamadeira e não chora, filha - ele diz com sua voz mais calma - Mamãe precisa dormir, então o papai vai ficar aqui e você vai colaborar com o descanso da mamãe, não é?

Resolvi voltar para o quarto e dormir, apesar de só aquela cena ter sido capaz de recarregar minhas energias uma noite bem dormida com certeza cairia bem.

As noites estavam sendo assim, em uma eu ficava de plantão com a Liz e o Madara dormia e na outra era o contrário, assim nenhum de nós se sobrecarregava.

- Como pode ter ficado acabada assim? Quando Madara ver isso vai sentir nojo de você - murmurei para o meu reflexo no espelho, eu já tinha falado sobre isso com algumas pessoas e todos diziam que era coisa da minha cabeça, mas eu sei bem o que eu vejo no espelho e não posso deixar Madara ver isso.

Entrei no chuveiro e comecei a lavar meu cabelo tranquilamente, enquanto esfregava o cabelo de olhos fechados eu cantarolava e quando terminei de enxaguar eu abri os olhos e dei um sonoro grito, tentando cobrir meu corpo da visão de um Madara que me encarava com as sobrancelhas franzidas de nojo.

- Saí daqui, Madara, sai - gritei chorando e ele ergueu o olhar para meu olhos, virando as costas em seguida e falando.

- Tô indo no shopping com a Liz - a voz dele já estava distante e eu terminei meu banho rápido, me vestindo e encontrando a casa vazia.

Depois de um tempo eu peguei as chaves do meu carro e resolvi ir ao shopping atrás do Madara, mesmo sem saber o que dizer a ele, mas fui surpreendida quando o vi nos braços de uma ruiva gostosa.

- Obrigado, Karin - eu o ouvi murmurando antes de sair dali, eu conhecia esse nome, é a mesma do aniversário dele há alguns anos.

O Acordo - Madara UchihaOnde histórias criam vida. Descubra agora