POV Hana
Saí do hospital e fui direto pro café, me sentei em uma mesa e depois de um tempo dei um pequeno sorriso com uma lembrança.
— Acho que todo mundo deveria ler O Pequeno Príncipe para aprender um pouco.
— O que um livro de criança poderia me ensinar? — ele voltou a sua habitual cara de deboche.
— Que só se vê bem com o coração, o essencial é invisível aos olhos.
— Como assim?
— O que realmente importa ta aqui dentro — apontei para o peito dele — E eu acho que existe muito mais do que essa capa de cara mal e debochado.
Naquela época eu já encherguei e com o tempo só confirmei isso, Madara é um bom homem, mas se esconde atrás da imagem de badboy. Ainda estava pesando nisso quando os lugares no banco a minha volta foram preenchidos por Mito, Sakura, Harumi e Rin.
— Você tá bem? — a Sakura perguntou e eu neguei com a cabeça — Nada pode mudar a relação de vocês, amiga, Obito te ama!
— Você é a mãe dele — Mito segurou minha mão — e nada vai mudar isso!
— Elas tem razão, maninha — foi a vez de Harumi — Ele sempre amou você e nada vai mudar esse sentimento de mãe e filho que vocês tem!
— Como eu já disse — Rin também segurou minha mão — O que importa é o que vocês sentem um pelo outro!
— Obrigada, meninas, de verdade — sorri pra elas com os olhos marejados, mas meu sorriso murchou quando eu vi Mei entrando no café.
— Se vier aqui eu vou acabar com ela — Sakura disse baixinho.
— Quieta, Saky — falei no mesmo tom.
— Hana, era você mesma que eu queria ver — ela se aproximou com o rosto um pouco inchado — Podemos conversar?
— Senta aí — nesse momento ela entendeu que eu não me afastaria das meninas para falar com ela.
— Primeiro eu queria agradecer por ter cuidado do meu filho.
— Meu filho, eu sempre estive lá por ele, eu cuidei dele, ele é meu — eu falei sem sentir e me crucifiquei mentalmente — Você não tem que me agradecer por isso, eu fiz de coração!
— Essa era a outra coisa que eu queria te dizer, depois de conversar com o Obito eu percebi que não posso competir com você — aquilo me pegou de surpresa, principalmente quando ela segurou minhas mãos com os olhos marejados — Você é a mãe dele, em todos os sentidos da palavras! Então eu vou embora e só te peço uma coisa, que eu sei que nem preciso pedir, continue cuidando dele e amando seu filho como ele merece.
— Pode deixar que eu farei isso, Mei, eu nunca vou abandona-lo — sem querer a alfinetei outra vez, mas não conseguia controlar, tudo estava minando meu autocontrole, apertei sua mão e ela deu um sorriso cheio de sofrimento pra mim antes de ir embora.
— É errado eu estar feliz pelo Obito ter dispensado ela? — Mito perguntou.
— É errado sim — falei — mas eu também tô. Quer dizer eu me compadeço dela, mas fico feliz que eu ainda sou querida por ele!
— Mas disso ninguém tinha dúvidas, amiga — Sakura falou.
Passamos mais algum tempo lá até Madara chegar e parar atrás de mim, puxando minha cabeça para apoiar em sua barriga e fazendo carinho em minha bochecha.
— Vem comigo, o Obito quer ver você — me levantei imediatamente — E depois ele vai querer ver vocês!
Nós dois saímos do café antes que elas pudessem responder, só vi Madara deixando o dinheiro em cima da mesa e me puxando pela cintura.
— Eu gosto desse café — ele disse quando saímos.
— Eu tinha razão — ele me olhou confuso — realmente existe muito mais do que essa capa de cara mal e debochado.
— Só pra você, pequena — ele cheirou meu pescoço e eu sorri.
Nós dois fomos juntos até o quarto de Obito, eu bati na porta e abri, mas não caminhei até a cama dele, fiquei parada na porta, com as mãos de Madara em meus ombros.
— Mãe — meu coração se aqueceu ao ouvir novamente aquela palavrinha e ver seus braços abertos pra mim, me enterrei no abraço do meu filho — Você sempre vai ser minha mãe, nunca esqueça isso, nós escolhemos um ao outro e isso torna nossa relação ainda mais intensa que qualquer laço sanguíneo!
— Te amo, filho!
— Mais que tudo no mundo, mãe — sorri com sua resposta.
— Agora posso deixar os outros entrarem? — Madara perguntou.
— Primeiro a Rin, só ela — eu ia chama-la e deixá-los a sós — E eu quero que vocês fiquem aqui!
Assenti e chamei a Rin, permanecendo em um canto do quarto com Madara enquanto ela se aproximava receosa da cama dele.
— Pode vir, Rin — ele bateu no espaço ao lado dele — Mãe, tira meu curativo, por favor?
Aquilo realmente me surpreendeu, mas não deixei transparecer, ele devia realmente amar e confiar muito na Rin.
— Tudo bem, filho — tirei sua bandagem atenta as expressões de Rin, mas ela não demonstrou nada quando viu o rosto mutilado do meu filho.
— Você ainda quer ficar com isso, Rin? — ele perguntou sério.
— Você me ofende assim, sabia? — ela colocou as mãos na cintura — Lembra daquele livro que você me convenceu a ler? Só se vê bem com o coração, o essencial é invisível aos olhos!
— Mas Rin... — Obito tentou corta-la e ela é que o fez.
— Sem mas, meu amor — ela deu um selinho nele — Eu me apaixonei pela sua essência, por quem você é e isso não tem nada a ver com sua aparência física. É claro que sua indiscutível beleza exterior é um cartão de visitas e tanto, mas eu acho cicatriz um charme!
— Eu...eu te amo, Rin — ele sussurrou com as bochechas coradas e até eu fiquei sem graça por presenciar esse momento que era tão dos dois.
— Eu também te amo, Obito — os dois começaram a se beijar como se Madara e eu não estivéssemos lá.
Eu gosto da Rin, apesar de ter ciúmes do Obito, eu gosto de verdade dela, torço muito pelos dois, mas eles tem que ir com calma na nossa frente.
— Ahah — pigarriei e os dois se soltaram rindo sem graça e super vermelhos — Guardem interações mais íntimas pra quando estiverem sozinhos.
— Mãe — Obito me chamou em tom de bronca e eu e Madara rimos alto.
Depois disso Obito ainda quis cobrir o rosto e eu respeitei, mantendo a condição de deixar descoberto quando as visitas forem embora.
Minhas interações com Madara estavam ficando cada vez mais próximas, mas eu sabia que não podia deixar isso acontecer, eu tinha que voltar pra Beltimore, minha vida me esperava lá, além disso, Madara não é homem de uma mulher só e eu com certeza me valorizava o suficiente para querer ser a única na vida de um homem. Meu emprego está lá me esperando, o chefe disse que eu posso ficar aqui até o Obito ter alta sem me preocupar, contando que eu volte para ocupar meu lugar depois disso. E é o que eu pretendo fazer, Derek vem me treinando há anos, desde que viu potencial em mim para me fazer a nova chefe da neurocirurgia, para me passar o seu legado, eu não poderia deixar isso pra trás pela pequena possibilidade de um compromisso sério.
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O Acordo - Madara Uchiha
FanfictionHana Tanaka é uma menina sonhadora com grandes planos para o futuro e extremamente leal a sua família. Mas todos os planos de Hana são desfeitos quando ela descobre que seu pai está devendo o grande "empresário do crime", Madara Uchiha. Agora ela te...