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Minha mãe segurou meu braço com força e praticamente me arrancou dali. Tentava organizar meus pensamentos e entender o motivo daquela cena ridícula e simplesmente não conseguia.

- Você está me machucando, mãe! -Tentei me soltar.

Ela deu de ombros. Continuou me arrastando e eu sentia meu braço queimar. Chegamos no pontal e ela me soltou. Antes que eu pudesse dizer alguma coisa, ela decidiu falar:

- O que você pensa que estava fazendo, Maraísa? Você perdeu o juízo? A noção? Lesbianismo aqui dentro, Carla? -Minha mãe gritava.

- Abaixa o tom, primeiramente. Você é minha mãe e Almirante de esquadra, mas não vou tolerar esse tipo de atitude. Não sou mais criancinha, você não tem esse direito. Procura na frequência se eu faltei alguma aula de hoje ou se me atrasei. Pergunta sobre meu comportamento. Se você achar algo errado, tem todo o direito de brigar comigo. - Minha mãe não disse nada. Andou de um lado para o outro e eu tentava acompanhá-la com os olhos. Até que ela chegou mais perto, bem mais perto.

- Eu não quero você de agarramento aqui dentro, me ouviu bem? Se eu souber Maraísa, quando você voltar no fim de semana, suas coisas vão estar na porta de casa. -Ela apontou o dedo na minha cara.

- Ótimo. Aquela casa nem é sua e eu não pretendo dividir aquele teto com você por muito tempo, fique sossegada! -Sorri ironicamente.

Minha mãe me deu um tapa. Um belo tapa no meu rosto! Olhei para dentro dos seus olhos e não fiz nada. Mais uma vez, eu não fiz nada. Já estava acostumada com isso quando contrariava a minha mãe. Sempre achou que pudesse me controlar e controlar a minha vida.

- A única coisa que eu te desejo, senhorita Pereira, é sabedoria. Você vai precisar! -Me virei e saí andando.

- Volta aqui, garota, nós não terminamos! -Ela gritou num tom autoritário.

- Boa noite! -Suspendi o dedo do meio para ela.

Estava escurecendo e meu rosto não parava de doer. Olhei pelo espelhinho preto que carregava comigo e percebi o quanto ele estava vermelho, deixando impresso a marca dos seus três dedos. Senti vontade de chorar. De raiva, de tristeza. Encolhi minhas pernas e trouxe para perto do meu queixo. Tentava segurar as lágrimas em vão.

- Ei, está tudo bem? -Uma voz familiar se aproximou.

- Sim. -Disfarcei, com o rosto afundado entre as pernas.

- Definitivamente não, senhorita Pereira. -Ela sentou ao meu lado.

Era ela! Meu Deus do céu, era ela. Não tive coragem de me levantar, não queria que ela me visse naquele estado. Limpei minhas lágrimas e levantei o rosto. Percebi que ela arregalou os olhos e me olhou com tristeza.

- O que houve? Quem te machucou? -Sua voz era doce.

Ela colocou a mão delicadamente no meu rosto, mas se afastou quando percebeu que eu sentia dor.

- Vem, eu vou te levar para a enfermaria. -Ela se levantou e estendeu a mão.

- O que eu vou dizer, é... Qual é o seu nome? -Perguntei confusa.

- Até que enfim você perguntou. -Ela sorriu.- - Meu nome é Marília Dias Mendonça. E o seu?

- Carla Maraisa. -Sorri e segurei sua mão.

Ela me ajudou a levantar e nós fomos caminhando até a enfermaria. Tive que dizer à enfermeira que eu me machuquei na educação física. Ela estranhou, mas não fez questão de perguntar e sinceramente, ainda bem. Não sei o que seria pior: alguém saber que minha mãe é a Almirante de esquadra Almira Henrique Pereira ou saber que ela me agrediu.

- Muito obrigada, Senhorita Dias! -Sorri e me virei.

- Não há de quê, Maraísa! Você vai subir para o dormitório? -Ela perguntou.

- Não. -Respondi. - - Tenho que preencher o formulário, mas como não entendi algumas coisas, terei que ir até a direção.

- Deixe-me dar uma olhada. -Ela pegou delicadamente o papel da minha mão, encostando a ponta dos dedos na palma dela.

- Certamente você será classificada para Tiro esportivo. -Ela riu sutilmente.

- O que? -Ri de nervoso.

- Pelo o que você preencheu, eles vão te jogar para o tiro esportivo. -Ela sorriu.- - Você só precisa preencher aqui. -Ela apontou.

- Desculpe-me a inconveniência, mas a senhora teria uma caneta? A minha está lá em cima. -Marília puxou uma caneta do bolso da farda e me deu.

Apoiei a folha na parede e comecei à escrever. Sentia sua respiração perto da minha nuca e isso me deixou completamente arrepiada. Sem foco. Não conseguia controlar os sinais do meu corpo... Mas, por quê?

- Obrigada! -Sorri, envergonhada.

- Boa noite, senhorita Pereira. -Ela disse num tom sexy, aliás, ela é toda sexy.

Subi para o meu dormitório e abri a porta. Lauana estava estudando. Decidi não atrapalhar. Fui direto para o banheiro e tomei um banho.
Por que Marília insistia em se fazer presente desde o momento em que nos esbarramos? E por quê eu estou pensando nisso? Terminei de tomar banho e coloquei a minha roupa de dormir.

- Meu pai vai trazer sushi escondido para nós duas, tá? -Ela disse baixinho.

- Você ficou doida? Se pegam o seu pai, ele pode até ser rebaixado. -Disse num tom de preocupação.

- É o meu pai, Mara. -Ela sorriu.-
- Mara... Foi sua mãe, não foi? -Ela repousou sua mão sob minha bochecha.

- Está tudo bem. Não tem motivos para se preocupar. -Forcei um sorriso.

- Você foi na enfermaria? -Ela perguntou preocupada.

- Sim. Ela me passou uma pomada e disse que eu poderia tomar esse remédio se sentisse muita dor. -Eu entreguei a caixinha de remédios em sua mão.

- Por que não toma agora? A gente vai comer, certamente você vai sentir dor. -Lauana se levantou.

Ela foi até o frigobar e pegou uma garrafinha de água. Abriu e me entregou. Eu coloquei o remédio na língua e tomei a água logo em seguida.

- Credo. -Fiz careta.- - Que troço amargo, Deus me defenderay. -Entreguei a garrafinha

- Doida. -Ela riu.


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Me contem o que estão achando e não esqueçam a ☆

Indomável coração || MalilaOnde histórias criam vida. Descubra agora