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Saí da sala rapidinho e fui até o refeitório, pegando um café na máquina de expresso.

_ Mulher, me conta. Quero saber o que tá rolando! -André me puxou.

_ Aí, Dé... É tanta coisa. -Suspirei.-
_ Mas eu vou contar.

Contei tudo ao André, cada detalhe. E em como tudo foi arrancado de nós. No final da conversa, ele estava segurando as lágrimas, me abraçando e me pedindo perdão.

_ Sempre pensei que você fosse mimada quando falava da sua mãe... Mas Maraísa, nessa parte da sua vida ela foi um monstro! Me desculpe, minha amiga, por pensar dessa maneira. -Ele me abraçou.

_ Está tudo bem, André. Eu entendo você. -Sorri.-
_ Eu só quero pegar ela nos braços e não deixar nada de ruim acontecer, sabe?

_ Eu entendo você, amiga. Já vi tanta coisa nessa vida, mas você e essa mulher são almas gêmeas! Vá atrás da sua Julieta, Romeia! -Ele brincou.

_ Preciso voltar mesmo, amigo. Até logo. -Beijei sua mão e saí.

Acordei e já era hora de trabalhar. Essa monotonia estava me matando. Sabe quando sua cabeça está um turbilhão. Você está em um misto de sentimentos mas não consegue decifrar se está feliz ou triste? Então, eu me sinto assim nesse momento. Fiquei muito balançada com a volta de Marília. Cheguei no hospital e recebemos uma notícia essa manhã que chegariam novos médicos e enfermeiros para o hospital, eles seriam transferidos do hospital de Goiânia para cá. Pois nosso país está em crise, então, muitos hospitais foram fechados e muita gente perdeu o emprego. E para o alívio de alguns, esse e outros hospitais estão acolhendo esses trabalhadores. Conhecer gente nova é bom, mas, nesse momento não estou com cabeça para nada. Fiz meu turno da manhã e logo já era a tarde. Não vi Marília hoje, foi tudo muito corrido, agora que deu uma aliviada. Resolvi que era hora de checar como estava minha paciente favorita.

_Oh céus, mereço descanso, sou de ferro não! -Pensei comigo mesma enquanto ia até o refeitório pegar um café.

Os corredores estão cheios e todo mundo muito agitado. É, parece que os funcionários novos chegaram. Ignorei todo mundo e entrei na cantina, lá estava um pouco menos movimentado. Aproveitei e tomei um remédio para enxaqueca. Quando sai da sala, alguém esbarrou em mim correndo fazendo que meu café quente quase caísse em mim, olho e a mulher estava de costas, ela parecia estar com pressa. Ela tinha mais ou menos minha altura, era ruiva e tinha um perfume muito doce. Eu nunca tinha á visto por aqui. Deve ser uma das pessoas que foram transferidas.

_Hey, presta atenção. -Gritei para a mulher que agora estava sumindo do meu campo de visão. Ela me ignorou. Não consegui nem olhar o rosto dela. Ah, esquece.

Passei na sala de Marília e ela dormia. Fiquei um tempinho e saí. Voltei para meu serviço. As horas passaram-se se arrastando. Até que vejo André no corredor. Ele veio até mim com uma expressão um pouco assustada.

_Ma-Maraísa do céu! -Ele disse se apoiando no meio ombro enquanto recuperava o fôlego.

_Calma, respira, que desespero. -Falei sorrindo tentando descontrair

_Amiga, eu estava saindo da sala de raio X... -Ele disse um pouco ofegante ainda.

Eu estava começando ficar preocupada. Vi que ele estava um pouco assustado demais.

_ Ei, calma, vem aqui. -Disse o puxando até minha sala, dei à ele um copo de água. -
_ Isso, se acalma e me conta o que aconteceu. Você estava saindo da sala de raio-x, e aí?

_ Eu estava saindo da sala de raio-x e, dei de cara com uma moça. -Ele disse agora mais calmo.

_Ta, e o que tem? -Perguntei

Indomável coração || MalilaOnde histórias criam vida. Descubra agora