Indomável coração || Malila

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_ Por que você faz isso comigo? -Perguntei à Marília baixinho. A ouvi sorrir.

_ "Isso" o quê, querida? -Perguntou me olhando nos olhos.

_ Você me invade. Desde a primeira vez que nos vimos, você foi como um tufão atravessando tudo dentro de mim. - Sorri ao me lembrar da primeira vez em que nos esbarramos.- _ Foi clichê. Eu era a nerd desastrada e você a professora sexy e sem coração.

_ Quando tiver dúvidas do que aconteceu entre nós, lembra-te que encontro é destino, mas reencontro é escolha. - Foi tudo o que disse e eu entendi.

A verdade é que o destino nos proporciona caminhos únicos. Cabe à nós escolher qual seguir. Uma vez em um milhão, alguém escolhe o caminho certo e sua alma colide com outra. Alguns chamam de obra divina, eu chamo de simetria da alma. Marília não era nada do que um dia eu quis para mim, principalmente por ela ser uma mulher. Mas a vida é assim, sempre arranja uma forma de nos surpreender. E lá estávamos nós, sentadas numa pedra de cachoeira, observando meus amigos nadarem.

_ Eu acho que eles ainda vão casar. - Ela disse.

_ São lindos. - Sorri aliviada.-
_ Espero que André sossegue.

_ E quando vai ser a gente? - Ela perguntou serena.

A calma daquela mulher me assustava as vezes.

_ Marília! -Ri.-
_ Você sabe que não é assim.

_ O que? A gente ficou quanto tempo separadas? Oito anos! Não posso arriscar te perder nem por mais um segundo.

_ Marília, você não vai me perder. À menos que você queira. - Disse olhando em seus olhos.

Naquele silêncio agradável, num dia nublado e nem tão quente, onde o barulho dos pássaros e do vento que batia nas árvores, Marília olhou em meus olhos e eu senti todo o amor que Deus havia reservado para nós. Era ela, tinha de ser.

_ O que meus olhos te dizem, Maraísa? - Ela se aproximou de mim.-
_ Eles dizem o quanto eu amo você, o quanto sou apaixonada por essa mulher de cabelos pretos. Eu te amo, Maraísa! Sempre te amei.

_ Não gosto de olhar diretamente nos teus olhos, me faz derreter minha pose de bandida. - Ri. Ela me deu um tapa no ombro.

_ Você continua a mesma menina boba de sempre... Eu amo isso! - Sorriu, era o sorriso mais lindo de todo o mundo.

Como eu amava aquela mulher...
Tomei um pequeno susto ao ouvir o barulho do meu celular. Abri as notificações e era mensagens de Maiara. Abri e meu sorriso foi instantâneo. Marília levantou uma sobrancelha e me encarou.

_ O que tem de tão interessante nesse celular pra você rir desse jeito? -Perguntou levemente enciumada.

Não disse nada. Virei a tela do celular em sua direção e vi seus olhos brilharem.

_ Meu Deus, que coisa linda. Vontade de morder essas bochechas. -Disse com uma voizinha de bebê.

_ Ei, não pode morder não. Ele é meu! -Puxei meu celular de volta. Meu sobrinho era uma perfeição divina.

_ Titia babona. -Disse rindo e me abraçando fazendo eu cair pra trás. Ela apoiou o rosto em uma mão e ficou me olhando.

_ O que foi? -Perguntei olhando na imensidão daqueles olhos castanhos tão profundos que pareciam enxergar minha alma.

_ Me conta a história, digo, quando tudo começou. Você nunca tinha me dito que tinha uma irmã, ainda mais que eram gêmeas.

_ Eu não disse porque eu também não fazia idéia que tinha uma. -Levantei um pouco a cabeça e lhe dei um selinho.-
_ ... E agora, estamos aqui. Foi uma das melhores coisas que me aconteceu. -Contei tudo á ela enquanto ela me escutava atentamente.