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Acordei às dez horas. Graças a Deus! Embora eu não estivesse sentindo tanta falta, dormir algumas horinhas a mais não faz mal para ninguém. Afastei as cortinas da janela e percebi que o tempo lá fora estava nublado. Eu amo esse tempinho. Chuva, frio, neblina... Meu paraíso.

Fui até o banheiro e tomei um banho quente. Escovei os dentes e vesti minha roupa.

Desci as escadas em direção ao refeitório, onde só tinham supervisores e professores. Me senti uma verdadeira intrusa, mas superei.

Peguei meu lanche e engoli o mais rápido que pude. Levantei e fui em direção à piscina. Era imensa. Agora eu sei porque a Lau gostava tanto de nadar. Mesmo que não quisesse entregar os pontos, ela estava gostando da natação e isso era incrível! Mais um ponto sobre ela: orgulhosa até demais. Mas admito, não tem como não gostar, ainda mais numa piscina tão grande como essa.

Dobrei minha calça e sentei na borda da piscina. Balançava meus pés enquanto mexia no celular.

WhatsApp on.

Lau: Bom dia, pangaré! Não esqueceu do nosso show, né?

Mara: Não, Lau. Eu vou sair daqui às 14h.

Lau: Ótimo! Pergunta aos seus pais se você pode dormir aqui em casa...

Mara: Pode deixar. Como está o clima aí?

Lau: Nublado. Tomara que não chova, se não a gente não tem como ir. Mara, preciso ir. Vou ajudar meu pai. Beijos.

Mara: Beijos, Lau. Fica com Deus.

WhatsApp of.

Peguei meu fone de ouvido e coloquei Los hermanos para tocar. Enquanto balançava os pés, refletia sobre a vida, no quanto ela é frágil; que em uma fração de segundo, tudo muda.
Eu sou assim... Sempre revejo meus conceitos sobre tudo. Sempre tentando buscar o tão sonhado equilíbrio.

_ Ai está você. -Minha mãe se aproximou.

_Vem, precisamos ir. -Ela me ajudou a levantar com pressa.

_ Aconteceu alguma coisa? -Perguntei num tom preocupado.

_ O tempo, Maraísa! Se chover, a gente fica presa aqui. -Ela caminhava com pressa.

Tentei acompanhar seus passos, pois ela realmente parecia preocupada. Subi as escadas e entrei no quarto, peguei minha mochila e coloquei algumas coisas que julgava ser essenciais. Olhei pela janela e observei o tempo... Caos para alguns... Refúgio para mim. Aquele tempo era o reflexo perfeito de como eu estava por dentro!

_ Maraísa? -Uma voz feminina me chamou do outro lado da porta.

_ Já estou indo! -Fechei a mochila.
Calcei minhas sapatilhas e quando abri a porta, dei de cara com alguém.

_ Eita, menina estabanada! -Marília riu.

_ Desculpa, senhora Dias. -Abaixei a cabeça.

_ Sua mãe pediu para eu vir te buscar. -Ela sorriu.

_ Vamos, me dá a mochila! -Ela pegou da minha mão.

_ Não precisa, Professora. Não quero dar trabalho. -Tentei pegar mas ela não deixou.

_ Deixa de coisa, menina. -Ela sorriu.

Descemos as escadas em direção ao convés. O caminho nunca foi tão demorado. Marília me deixava nervosa e parecia gostar disso.

_ Vamos logo, meninas. -Minha mãe me ajudou à subir.

_ Você acha que é seguro? -Marília perguntou à minha mãe.

_ Sim, Marília. Ainda não está chovendo. -Ela caminhou até a parte de dentro.

Saímos em alto mar e eu decidi viajar do lado de fora. Olhava para a imensidão azul abaixo de mim e em como o movimentos da água causada pelo barco era bonito. Peguei minha câmera dentro da mochila e tirei para fotografar.

Tirei um milhão de fotos, de todos os ângulos possíveis. Era o meu hobby mais irado. Sempre fui completamente louca por fotografia, pena que minha mãe me desmotivava o tempo inteiro, até que eu desistisse da ideia de ser fotografa.

Parei por um segundo para observar o céu e tirei a minha última foto, antes de uma voz que eu conhecia bem, me interromper.

_ Não sabia que gostava de tirar fotos. -Marília sentou do meu lado.

Não soube responder. Eu ficava extremamente tímida e nervosa. Não sabia nem pronunciar o meu nome, se bobeasse.

_ Posso? -Ela pegou a minha mão e em seguida, segurou a máquina.

Não consegui responder. Ela pegou a câmera e viu todas as minhas fotos.

_ Essa é você? -Marília mostrou uma das minhas fotos sensuais.

Uma vez, numa tarde, depois de concluir um dos meus desenhos, tive a brilhante ideia de tirar uma foto minha, pela primeira vez. Era uma foto nua, totalmente sensual, a qual eu nunca mostrei para ninguém, por motivos óbvios.
É claro que, tímida do jeito que sou, a foto era só a sombra, por culpa minha. Achei mais bonito diminuir a exposição da foto.

_ S-senhora, me desculpe. -Eu fiquei vermelha da cabeça aos pés.

_ Está linda. -Ela sorriu.

_ Por favor... Saí dessa foto. -Eu estava com um pouco de falta de ar.

_ Ah, menina... -Ela sorriu de lado, mordendo o lábio e passou para outra foto.

_ Você é muito boa! -Ela me elogiou.

_ Minha mãe disse que eu não tenho futuro na fotografia. -Desabafei.

_ Claro que você tem, Maraísa. Não permita que ninguém controle a sua vida, nem mesmo a sua mãe. -Ela sorriu.

Marília se levantou e eu continuei a observar o mar. Em poucos minutos, estávamos do outro lado do Rio de Janeiro. Ajudei minha mãe com as coisas e nós fomos andando até o carro.

_ Até mais, Senhoras Pereira. -A loira se despediu.

_ Até mais, senhora Dias. -Sorri.

Entrei no carro com minha mãe e ela deu a partida. O trânsito do rio de Janeiro estava um inferno. Já estava chovendo quando chegamos, provavelmente tinha acontecido algum acidente.

_ Mãe, esqueci de avisar. Eu vou com a Lauana no show da Alcione hoje! -Exclamei.

_ Você não sossega, né? -Ela bufou.

_ Quem vive na gaiola é passarinho. -Dei de ombros.

Chegamos em casa e eu fui direto para o jardim falar com meu pai. Era o lugar favorito dele. Me aproximei de mansinho e agarrei suas costas.

_ Oi, meu amor. -Meu pai sorriu, enquanto o abraçava.

_ Oi, pai! -Sorri.

_Como foi na escola? Me conta tudo. -Ele se virou para mim.

Sentei com meu pai e minha mãe no jardim e começamos à conversar. Sempre tivemos o hábito de compartilhar nossa rotina, mesmo que eu e minha mãe fossemos um tanto quanto distantes uma da outra.

Eu e meu pai sempre tivemos uma ligação muito forte. Ele é o homem da minha vida e eu nunca tive dúvidas disso.

_ Então a senhorita vai para o Show da Alcione com a Lau? -Ele sorriu- _Nunca pensei que vocês fossem amigas.

_ Por que não, pai? -Perguntei confusa.

_ Você é sossegada, quieta... Já a Lauana... Ela é um furacão, parece o Taz mania. -Rimos.

Subi para o meu quarto e troquei de roupa. Ajeitei minhas coisas e deitei na cama.

WhatsApp on

Mara: Lau, cheguei em casa.

Lau: Ótimo! Eu passo aí às nove.

Mara: Beijos, amiga. Te espero.

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Indomável coração || MalilaOnde histórias criam vida. Descubra agora