E ali, naquele quarto de hotel, eu e Marília matamos - por hora, toda saudade que nos sufocava há anos. Todos os sentimentos de angústia. Olhando no fundo dos meus olhos, seus dedos me fizeram chegar ao ápice. O orgasmo veio arrebatador, junto com o cansaço. Meu corpo perdeu o equilíbrio e caiu na cama. Marília deitou ao meu lado, tirando seus dedos do meu sexo com calma. Ela deitou ao meu lado, fazendo um caminho com a ponta deles até a minha boca. Aproximou-se de mim e sussurrou:
- Eu te amo, minha Maraísa! -O sorriso sacana ainda existia em seus lábios, porque a impressão que tinha era de que ela era a forma mais erótica do amor que eu já tinha visto. Mas agora, seu olhar ganhava, aos poucos, serenidade.
- Senti sua falta... -Confessei. O choro preso em minha garganta teimou comigo e saiu, sem receio algum. E depois da primeira lágrima, foi impossível segurar as outras.
- Você acaba de ter um orgasmo e chora? -Gargalhou.-
- Você não existe!- Muitas emoções de uma vez só. -Comentei.
- Eu queria poder ficar assim contigo para sempre, Maraísa...
- Fica. -Pedi baixinho.-
- Olha pra mim e diz que não vai me deixar de novo?- Por que você acha que eu te deixaria, meu amor?
- Tem tantas pessoas por aí, tão mais interessantes do que eu...
- Você não muda, né? -Fez carinho na bochecha com o polegar.
- Eu te amo, Marília!
Deitei em seu peito nu, enquanto ela fazia cafuné em meus cabelos. Puxei a coberta para cima e cobri minhas costas. E ali, naquele quarto, eu voltava à vida.
●
- Amor, acorda! -Senti o toque das mãos aveludadas que eu conhecia bem.
- Que horas são? -Resmunguei sentindo-me sonolenta.
- Eu não sei, meu bem. Mas alguma coisa sua está fazendo um barulho infernal! -Me abraçou por trás, enquanto eu me esticava sentada.
- Caralho, tô fodida! André deve estar louco atrás de mim. -Passei as mãos pelos fios do cabelo e levantei na correria.
- Emergência médica, doutora? -Novamente ela estava abraçando-me por trás, dessa vez suas mãos acariciavam minha cintura.
- Meu amor, pelo amor de São Benedito, se não quiser ver esse corpinho picado no caixão, me ajuda com as coisas! Eu tô atrasada pro turno! -Estava começando a demonstrar desespero, mas Marília veio com suas mãos suaves e confiantes, fazendo carinho em meu rosto, enquanto afastava uma mecha morena do meu rosto.
- Toma seu banho tranquilo, Maraísa. Eu vou arrumar suas coisas, passamos em casa, eu te deixo no hospital e depois volto para cá. -Sorriu, me passando tranquilidade.
Apenas concordei com a cabeça, correndo para o banheiro e deixando minhas roupas pelo caminho.
Tomei um banho rápido, lavando meu cabelo sem muita demora, afinal, precisava estar arrumada para o meu funeral. Saí enrolada na toalha branca e voltei ao quarto. Marília estava sentada, me esperando. A calma dessa mulher às vezes era surreal para mim.
E ela continuava sorrindo de forma agradável para mim, enquanto eu me desdobrava em duas para manter a calma. Ela me ajudou com o feixe do sutiã, calçou meus sapatos e penteou meus cabelos. No final, me deu um abraço tão gostoso, que eu começava à me perguntar como pude ficar tanto tempo sem ela... Mas a verdade era que eu jamais a deixei. Ela poderia ter saído da minha vida, mas nunca do meu coração.
- Vamos, querida? -Perguntou, ajeitando seus cabelos. E eu admirava, me apaixonando cada vez mais por ela. Como pode, não?
- Vamos, Marília. -Peguei sua mão e nós saímos do hotel, em direção ao carro.
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Indomável coração || Malila
FanfictionCarla Maraísa é uma adolescente de dezessete anos que acabou de entrar para a tão sonhada escola naval brasileira, uma instituição de Ensino Superior da Marinha do Brasil que tem por objetivo formar mental e fisicamente jovens brasileiros que irão o...