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Consegui voltar à respirar aos poucos, fazendo-me ficar menos pálida e fraca.

_ Eu volto já. -A médica saiu da sala.

_ Vejo que vocês se conhecem muito bem. -Marília olhou para mim.

_ Minha médica desde que me entendo por gente. -Sorri com dificuldade.

_ Tudo bem. -Ela suspirou. -
_Como você está?

_ Eu estou bem, Marília. Não tem com o que se preocupar. -Eu forcei um sorriso.

_ Deixa de ser cabeça dura, Maraísa. Eu estou preocupada com você. Me diz o que você tem? -Seu tom era calmo.

Marília sentou na cadeira e bateu as unhas na mesa de madeira, fazendo barulho. Tentava controlar o nervosismo e o excesso de preocupação. Não queria dizer nada ali antes que a médica retornasse.

_ Você sabe que eu terei que notificar a sua mãe, não sabe, mocinha? -A médica entrou na sala.

_ Sim. -Respondi cabisbaixa.

_ Mara, olha para mim. -Ela pediu.
Olhei para ela com tristeza, sabia que levaria uma bronca.-
_Você não está tomando os remédios? -Ela pegou o estetoscópio do pescoço.

_ As vezes... -Respondi.

_ Marília, não tenho nenhum estagiário disponível a essa hora, a senhora se importa de me ajudar? -Ela perguntou à loira, que olhava com preocupação para o meu estado.

_ Será um prazer. -Ela sorriu.

Marília veio até mim e me ajudou a tirar o moletom. Eu estava sem sutiã, deixando meus seios amostra.

_ Isso é sério? -Eu perguntei envergonhada.

_ Você cresceu, pequena. -A médica lançou um olhar diferente dos demais.

_ Laura! -Exclamei irritada.

Ela riu e checou meus coração com o estetoscópio. Laura foi até a outra sala e voltou num pulo, trazendo consigo um aparelho que eu conhecia muito bem.

_ O que é isso? - Marília perguntou.

_ Só mais um eletrocardiograma. -Respondi-a.

Fizemos o eletrocardiograma, fazendo Laura arregalar os olhos e me olhar.

_ Parece que você tem passado por muitas turbulências. -Ela riu. -
_Mocinha, você sabe, sem estresse. Pare de brigar com a sua mãe, ou vai acabar tendo um infarto de verdade.

_ Como assim um "infarto de verdade"? - Marília perguntou à médica.

_ Maraísa já teve um princípio de infarto. -A médica olhou para ela.-
_ Foi medicada e monitorada durante muito tempo. Só tinha quatorze anos. Não sabemos a causa exata, mas ela teve. Ela não pode se estressar muito, porque a frequência cardíaca sobe. Isso faz com que a passagem de ar diminua de tamanho, fazendo com que ela sinta muita dor e falta de ar.
- A médica explicou sem muitos detalhes.

Marília estava chocada. Acho que não esperava que uma menina de dezessete anos tivesse tantos problemas. Se ela quisesse correr, aquela seria a oportunidade perfeita.

_ Por enquanto, você vai tomar esse remédio. -Ela prescreveu a receita e me entregou uma caixinha.-
_ Por favor, Maraísa. É importante que você tome todos os dias. Eu só não vou dizer que a sua mãe que você não estava tomando, porque eu a conheço bem e tudo o que a gente não precisa é que você passe por uma situação muito "badalada". Mas se isso acontecer novamente, não terei alternativa. -Ela completou.

_ Mas, e o nariz, doutora? -Marília perguntou.

_ Eu não uso cocaína, senhora Dias. -Eu brinquei, mas ela me olhou séria.

Indomável coração || MalilaOnde histórias criam vida. Descubra agora