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- Viu um passarinho verde, peste? -Lauana caçoou.

- Huh? -Balancei a cabeça.

- No que pensas? -Perguntou-me, enxugando seus cabelos.

- Na minha dúvida eterna. -Suspirei.

- Que tem nome e sobrenome. -Riu.-
- Marília Dias

Aquele nome fazia meu coração acelerar, minhas mãos suarem e meu corpo inteiro entrar num transe. Ela não sabia, mas exercia um poder enorme sobre mim, coisa que ninguém nunca teve. Ela tem... Tudo o que quiser de mim.

- Eu acho que você está apaixonada. -Sentou ao meu lado.

- Não posso, amiga. -Ri.-
- Imagine a merda.

- Sai dessa, Isa. Não reprime esse sentimento. -Lau revirou os olhos.

- Não dá nada não, boba. -Brinquei.

- Como você é tonta, Maraísa! -Ela bufou, saindo do dormitório.

- Oxe. -Foi a única coisa que consegui dizer enquanto via Lau saindo pela porta irritada.

- Praguinha, seu celular está tocando desesperadamente. -Lau me chamou-
- Parece que alguém estava realmente com a cara nos livros. -Riu.

- Que saco! -Murmurei, esfregando os olhos e pegando o celular.-
- Puta merda, eu dormi tanto assim? -Arregalei os olhos ao olhar as horas.

- Cansaço, Maraísa. O nome disso é cansaço. -Ela me ajudou a organizar os livros.

- Eu tenho que ir, amiga. Mais tarde eu volto. -Dei um beijo em sua testa e fui até o banheiro.

Tomei um banho morno bem rapidinho e coloquei meu moletom G, que em meu corpo mais parecia GG, azul pastel e um shorts curto por baixo.

- Piranha conceitual, né, mores. -Lauana provocou-me.

- Para, eu sou um nenê. -Fiz careta.

- Vê se não faz besteira! -Disse ao me ver saindo do quarto.

Caminhei sorrateiramente pela milésima vez naquele mês até o lado externo do prédio. Não era difícil driblar os inspetores.

Cheguei no nosso cantinho, o famoso pontal. Tentei subir numa das Pedras e ali me sentei. Olhei a hora no relógio, já passeava das dez quando cheguei ali. Observava o mar quebrando nas pedras, no quanto tudo estava tranquilo demais. Mas Marília não havia chegado.

E ela não chegou. Simplesmente não veio ao meu encontro. Esperei uma, duas, quatro horas. Olhei no relógio e eram três e quinze da madrugada. Quando me dei conta do tempo que havia passado, levantei-me com cuidado e fui até seu dormitório.

Era uma área proibida para alunos, mas já não me importava. Apertei meus punhos, não sabia se era de raiva ou nervoso. Algo dentro de mim dizia para ir até lá, já a outra parte, como sempre, dizia o oposto. E mais uma vez, tive dúvidas de qual caminho seguir.

- Como você é trouxa, Maraísa! -Murmurei, apertando os passos até o prédio dos professores.

Entrei no prédio e subi as escadas até o terceiro andar, indo em direção ao quarto 17. Bati na porta uma única vez, abrindo-a sozinha.

- Se a porta estava aberta, cadê Marília? -Perguntei à mim mesma.

- Pensei que não viesse. -Uma voz feminina muito familiar soou em meus ouvidos.
Senti duas mãos taparem meus olhos e minha boca. Juro que por um segundo, pensei que fosse sequestro ou qualquer coisa parecida. Mas reconheci aquele cheiro em qualquer lugar e aquelas mãos eram de Marília.

Indomável coração || MalilaOnde histórias criam vida. Descubra agora