Eram meia noite quando Marília saiu do banheiro, enrolada numa toalha branca. Com os cabelos úmidos e a pele cheirosa, ela voltou a caminhar lentamente em minha direção. Eu fiquei presa naquele momento, sem ao menos conseguir me mexer.
Suas mãos alcançaram minha blusa de mangas com estampa do incrível mundo de Gumball, deixando a toalha cair em seus pés em seguida e vestindo-a. Sentou em meu colo, envolvendo suas pernas ao redor de minha cintura e olhando no fundo dos meus olhos.
Que inferno de mulher...
- Marília, as coisas não se resumem em sexo... -Disse baixinho. Se ela insistisse mais um pouco, eu me renderia com facilidade.
Aproximou-se do meu ouvido, colocando uma mecha do cabelo atrás da minha orelha, abafando sua respiração no local.
- Eu sei, meu bem... -Sua voz estava mais sexy que de costume.
- Não faz isso, por favor... -Sussurrei contra seus lábios, sentido-os secos por conta da tensão sexual.
- Você quer respostas... Mas eu passei o dia todo desejando estar aqui contigo. Toma seu banho, querida... -Sussurrou, beijando meu pescoço.-
- Eu espero para conversármos.Apenas confirmei com a cabeça e ela saiu do meu colo. A blusa esculpia seu corpo de uma forma sobrenatural, e eu só conseguia ficar mais nervosa em sua presença.
- Maraísa... -Ela segurou em meu pulso, impedindo-me de continuar andando para o banheiro.-
- Eu te preciso... -Sussurrou contra meus lábios, fazendo carinho em meu pescoço.Sorrindo, abaixei minha cabeça com vergonha e entrei no banheiro, fechando a porta com as costas do corpo e respirando fundo.
- Como eu te amo, mulher... -Sussurrei, segurando o peito com a palma da mão.
Tirei minhas roupas e liguei o chuveiro. Enquanto a água morna caia em meu corpo, minha cabeça me levava para oito anos atrás, quando tudo começou. Eu ainda me perguntava como a conheci, como nos apaixonamos... Por que tinha de ser ela? Eu ainda tinha perguntas sem respostas. Por quê ela me deixou? Talvez eu nunca obtivesse resposta, isso era um fato. Mas eu amava tanto Marília, que mesmo que ela me quebrasse em mil pedacinhos, eu ainda daria todos os pedaços para ela. Por vezes me perguntei se era amor ou dependência emocional.
É que na verdade, meu amor por ela era simples, intenso e complicado. Muito mais complicado do que simples, diga-se de passagem. Eu sentia que poderia morrer de amor e continuar vivendo. Sentia que minha vida não fazia sentido sem nós e que passei oito anos apenas existindo. Era como se não tivesse havido despedida. A sensação que tinha era a de que nunca havíamos nos separado. E isso me confortava, mas também me assustava.
O medo de não ser correspondida fazia isso comigo. Naquele banheiro, eu passei longos minutos refletindo, por medo de sair e ter que encararar a cruel realidade. Eu sabia, algo dentro de mim me dizia que ela ia pular do barco. E isso me paralisava de medo..........
Saí do banheiro depois de meia hora. Marília arregalou os olhos, provavelmente com medo da minha demora. Mesmo assim, ela levantou e veio caminhando em minha direção. E quando chegou bem perto, tirou a toalha que cobria meu corpo e me vestiu com um blusão com a estampa dos girassóis de Van Gogh.
- Acho que agora nós podemos conversar, meu bem... -Seu tom era baixo, mas o suficiente para me deixar aflita. Ela pegou minha mão e nós deitamos na cama.
Imediatamente, ela me puxou para seu peito e começou a fazer cafuné em meus cabelos, enquanto eu sentia o cheiro de sua pele tão macia. Era o mesmo cheiro do perfume que ela costumava usar.
- Maraísa, você sabe que eu te amo, não sabe?
- Sei...
- Você sabe que eu fiz tudo o que fiz para protegê-la, não sabe?
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Indomável coração || Malila
Fiksi PenggemarCarla Maraísa é uma adolescente de dezessete anos que acabou de entrar para a tão sonhada escola naval brasileira, uma instituição de Ensino Superior da Marinha do Brasil que tem por objetivo formar mental e fisicamente jovens brasileiros que irão o...