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|Marília narrando|

Sabe quando você está num lugar onde você não queria estar, rodeada de pessoas que não fazem parte da sua vida? Constantemente isso me acontecia. Estava na Lapa com Moana, minha ex noiva. Contra gosto, claro! Eu e ela tivemos uma trágica história, que me trouxe um ótimo amigo e uma quase cirrose.

_ Eu já estou indo. -Meu tom era ríspido, claramente não queria estar ali.

_ Fica aqui, Lila! -Moana se encostou em mim, manhosa.

_ Licença, Moana! -Ordenei.

_ Ei, Lila, não fica assim. Eu só queria sair com minhas duas amigas. -Fernando respondeu-me cabisbaixo.

_ A culpa não é sua, Nando! Eu só não gosto disso, já tinha pedido à você para que isso não se repetisse. -Me levantei.- _Eu preciso realmente ir, tá? -Sussurrei de maneira majestosa em seu ouvido, enquanto o abraçava por trás.

_ Vá em paz, morena. -Me deu um beijo na bochecha e eu retribuí.

_ Eu quero um beijinho! -Moana se jogou na minha frente, fazendo biquinho.

_ Até! - Abracei-a formalmente e saí.

Andei até meu carro, enquanto procurava minhas chaves na bolsa. Destranquei a porta e sentei no banco, ligando o rádio e o ar condicionado. Fiquei alguns minutos parada, olhando para o vidro. Não conseguia pensar em nada, talvez estivesse chateada o suficiente para não conseguir pensar. Meu transe foi interrompido por uma mensagem do Nando, dizendo que teria um show de Alcione não muito longe dali. Esbocei um sorriso ao ler a mensagem pela barra de notificação, pois apesar de tudo, era um ótimo amigo! Dei partida no carro e fui em direção ao meu destino, enquanto escutava grupo revelação.

Estava vestida com uma saia preta rodada e uma blusa soltinha e amarela por baixo. Trazia um blazer preto no banco do carona e calçava um scarpin com salto grosso em um tom de camurça marrom. Nos lábios, um batom vermelho, pela primeira vez na vida. Nos olhos, um delineado que sustentava meu olhar fatal com sobrancelhas definidas. Tinha francesinha nas unhas das mãos e cor azul bebê nos pés. Mesmo que todos me dissessem o quanto estava linda, eu estava tão brava que nem tinha tempo de agradecer.

Estacionei o o carro e caminhei até a entrada do show: dois seguranças amarraram uma pulseirinha vip no meu braço, enquanto me elogiava.

_ Pelo amor de Deus, só vai logo. -Bufei.

_ Calma, gatinha. -Ele riu.

_ Macho, eu nem gosto da fruta. -Puxei meu braço, deixando uma piscadela e entrando pela porta.

Fui até o camarote, ficando bem pertinho do bar. Precisaria beber muito mais do que apenas dois copos de cerveja.

Quando cheguei, Alcione já tinha entrado e estava cantando uma das minhas músicas favoritas.

Alcione:

Na tentativa de sentir teu gosto,
Minha emoção tem sido tão fugaz.
Em cada corpo que não vê seu rosto,
Faz carinho e sexo, mas amor não faz.

_ Porra... -Murmurei, indo até o bar.

Pedi meu bom e velho whisky e voltei para o mesmo lugar. Olhei ao redor, mas nada me interessava. Talvez eu quem não quisesse estar ali. Todavia, algo me fez olhar novamente nos mesmos lugares, fazendo meus olhos encontrarem alguém tão improvável.
Era uma mulher de vestido vermelho com uma fenda até um pouco acima do joelho, se encaixava de maneira cordial naquela roupa, fazendo-a ser uma deusa, uma louca, uma feiticeira. Seus cabelos pretos e lisos se encaixavam muito bem em seus lábios com batom Marrom.

Indomável coração || MalilaOnde histórias criam vida. Descubra agora