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Virava de um lado para o outro tentando dormir, mas o sono não vinha. Não conseguia nem pregar os olhos. Decidi, clandestinamente, sair do quarto. Desci na pontinha dos pés e fui para o jardim.

Não estava chovendo, mas pense num frio de congelar as pregas...

Fui andando pelos corredores até a saída, onde eu abri com cuidado e meti o pé. Andei até o meu lugar favorito, o Pontal. O mesmo que eu levei um tapa da minha mãe. Me aproximei mais um pouco e vi duas sombras. Eu sempre fui meio míope, então me aproximei um pouco mais.

Não foi a decisão mais sábia que eu tomei na vida, mas eu estava curiosa.
Fui andando com cuidado, até que consegui ver quem era.

_ Marília e Luiza? Eu sabia! -Meu subconsciente me deu uma bronca.-
_Ah sua filha da puta, eu vou quebrar você inteira. -Tomei mais uma bronca.-
_ Mas ela é tão linda, não posso fazer isso... -Falei baixinho, entendendo a minha covardia de não conseguir ficar brava com ela

Me escondi perto do poste de luz mais próximo que encontrei e tentei escutar o que as duas estavam conversando. Óbvio que minha cabeça estava à mil e a raiva tomava conta de mim. Meu sexto sentido não falhava mesmo!

_ Acabou, Luiza. Você sabe que não dá! -Marília gritava com a senhora Sonza.

_ Por favor, meu amor, esquece isso. A gente pode ser feliz, você sabe! -Ela alisava o braço de Marília.

Quando eu vi as carícias de Luíza para com Marília, eu tive vontade de voar na jugular dela, mas me contive. Queria saber o que estava acontecendo. Agir por impulso não era meu forte.

_ Luiza, você é muito sem noção mesmo, né? Você realmente acha que eu vou ficar com você depois de tudo? -Marília estava enfurecida, de um jeito que eu nunca vi na vida.

_ Você não lembra de como a gente era feliz, de como você era na cama comigo, de como eu te fazia gozar? -Luiza tentava um contato mais próximo com Marília.

Ela se esquivou, ficando do outro lado da ponte. Luiza tentou abraçá-la, mas Marília não permitiu.

_ Você tem amnésia ou eu vou ter que te lembrar que você transou com o meu melhor amigo, se é que eu posso chamar de melhor amigo... Na noite em que você me pediu em noivado? Foi por isso, não foi? Aquela palhaçada toda? -Marília derramou algumas lágrimas, mas se recompôs.

Eu observava e escutava toda a discussão das duas. Eu queria muito correr até Marília, abraçá-la e tirá-la dali, mas iria me causar sérios problemas.

_ E digo mais, se esqueceu de que só me contou porque a sua menstruação atrasou e você achou que estivesse grávida?! O que você esperava, Luiza? Que eu assumisse essa porra? Eu não tive culpa de nada! -Seu tom era bravo.

_ Você sabe que esse feto não existe mais. Isso não significou nada, Marília. Volta para mim, eu te...-Marília a interrompeu.

_ Você só abortou porque quando eu fui embora de Porto Alegre, Murilo não quis te ajudar. Porque ele já tem esposa... Engraçado, não é? -Ela riu ironicamente.

As duas ficaram em silêncio. Marília possivelmente se arrependeu do que acabara de pronunciar. Luiza se aproximou e ela permitiu. Abraçou-a, mas, Marília a permaneceu estática. Não conseguia retribuir o abraço.

_ Por favor, nunca mais me dirija a palavra. Nem por assuntos profissionais. Eu não sinto absolutamente nada por você, Luiza. Você foi o maior erro da minha vida, mas quer saber? Obrigada por isso! Obrigada por me fazer enxergar que eu estava completamente enganada sobre você. Obrigada por ter me mostrado quem você é tão cedo. -Ela suspirou e soltou um sorriso lindo.

Indomável coração || MalilaOnde histórias criam vida. Descubra agora