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Lauana narrando - flashback:

_ Ei, mocinha! -Senti duas mãos tocarem meus ombros.

Virei para o lado oposto e vi a paisagem mais linda desse mundo: é ela, Deus do céu, é ela! Luiza estava com uma blusa social azul bebê e uma saia lápis preta. Seus cabelos, como de costume, estavam presos num rabo de cavalo alto. Nos lábios, carregava um batom rosa nude, e nos olhos, um rímel discreto com um delineador de gatinho.

Talvez eu esteja apaixonada, ou talvez seja uma boa observadora. Acho que fico com a primeira opção, pois ao vê-la na minha frente, meu coração acelera e meu corpo inteiro estremece.

_ Será que a gente pode ir naquela cafeteria depois da aula? Queria tomar aquele milkshake com você. -Ela sorriu, apertando minhas bochechas.

_ Hm? -Perguntei, distraída.

_ Cabecinha de vento. -Ela sorriu.
E puta que pariu, que sorriso!

_ O que disse? -Perguntei-a, olhando em seus olhos.

_ Me espera, tá? Você está com a cabeça em outro lugar agora. -Ela pegou minha mão e fez carinho nos meus dedos.

Respirei fundo e surtei por dentro. Por fora, sempre séria. Por dentro, surto atrás de surto. Essa sou eu, diariamente, ao encontrar essa mulher.

Eu sei exatamente das nossas limitações. Primeiro, eu tenho dezoito anos e ela tem trinta. Segundo, ela é casada. Ainda que a esposa dela esteja viajando, eu sei que isso não é certo.

_ Precisamos voltar, né? -Perguntei-a.
- Infelizmente. -Bufou.-
_ Não vejo a hora dessa temporada acabar.

_ Ei! -Dei um tapinha em seu ombro. - Obrigada pela sua consideração.

_ O problema não é você, são essas crianças. -Sorriu. -
_ Eu adoro a sua companhia. -Completou, tirando uma mexa de cabelo do meu rosto e contornando minhas maçãs com a ponta dos dedos.

_ Entendi...-Respondia-a de maneira fraca.

_ Vamos? -Se recompôs, pegando sua bolsa.

Concordei com a cabeça e nós entramos para a sala. Luiza seguiu com suas aulas de física e eu fiquei o tempo inteiro olhando para aquela mulher na minha frente.

_ Hoje vocês serão liberados mais cedo, então por favor, façam as páginas trinta à trinta e seis. -Disse Luiza, sentando em seguida.

E assim, seguimos o dia. Tratei de fazer minhas obrigações rápidas, para ser liberada mais cedo e enfim, estar com ela naquela bendita cafeteria, tomando um milkshake que eu nem gosto. Luiza olhava para mim de soslaio e eu retribuía o olhar, já sem vergonha alguma.

_ Refaça a questão noventa, Lauana. -Ela marcou com a caneta.-
_ Seu raciocínio é precoce. -Brincou.-
_ Senta aqui. -Chegou para o lado.

_ Que? -Ri, fazendo-me de desentendida.

Luiza me olhou, mesmo que por alguns segundos e eu entendi seu recado. Sentei ao seu lado, enquanto ela me explicava a maldita questão noventa. Enquanto explicava, não perdia a oportunidade de mexer comigo e com meu psicológico. Porque óbvio, esse era o jogo dela, o famoso: Não fode, mas não sai de cima.
Uma de suas mãos repousaram sob minha coxa, enquanto a outra escrevia os cálculos com eficácia. Mordi meus lábios e mexi minha perna, deixando escapar uma respiração pesada.

_ É isso! -Largou a caneta.

Me levantei, recompondo-me e pegando meu caderno. Saí de sua mesa e guardei meu material, fechando minha bolsa e saindo de sala em seguida.

_ Até mais, professora. -Despedi-me, antes de sair pela porta.

_ Bom final de semana. -Sorriu, voltando seus olhos para suas anotações.

Me dirigi para fora do cursinho, indo direto para o estacionamento. Procurei minhas chaves e liguei o carro. Tranquei as portas, liguei o ar e o rádio na FM o dia. Olhei no relógio do celular e eram quase quatro horas.

_ Lau! -Escutei alguém chamar, batendo no vidro.

_ Hm? -Perguntei sonolenta.

_ Abre logo, menina. -Pediu.

_ Professora? Me desculpe. -Eu abri meus olhos com dificuldade, destravando a porta do carona.

_ Não acredito que dormiu esse tempo todo. -Riu.

_ Não... -Menti, ainda sonolenta.

_ Sua cara está marcada, Lau. -Riu da minha cara.

_ Ok, você venceu. Talvez eu tenha dormido. Apolo está doente e eu tenho cuidado dele. -Justifiquei.

_ Vamos para a cafeteria? -Perguntou-me, colocando o cinto.

_ Na verdade... Por quê a gente não vai para a praia? -Sugeri.

_ Você detesta aquele milkshake, não é? -Sorriu, fazendo carinho em meu rosto.

_ Com toda a certeza. -Sorri, ligando o carro.

Dirigia tranquilamente, enquanto Luiza cantava todos os pagodes que tocavam na rádio. Sério, essa mulher é incrível! Vez ou outra olhava para ela, que esboçava um lindo sorriso, deixando-me cada vez mais apreensiva.

Constantemente, quando estávamos sozinhas, eu brigava com meu coração para que não ultrapassasse os limites e de início, funcionou. Mas agora, as coisas estão cada vez mais complicadas aqui dentro. Tenho medo de que ela perceba e... Não queira mais nada comigo, pois eu gosto de sua amizade.

_ Chegamos. -Desliguei o carro.

_ Já? -Sorriu, tirando o cinto.

Virei de lado e observei seu rosto, seu corpo e seus detalhes. Ela estava tão linda, como sempre esteve. Luiza retribuía o olhar, mas nenhuma de nós íamos além. No fundo, sabíamos das consequências.
Era tão difícil controlar todos os meus impulsos perto dela, porque Luiza sempre mente tentava de todas as maneiras possíveis. Dessa vez, senti seus dedos caminhando por minha coxa, encontrado minhas mãos, onde ela fez carinho. Fechei meus olhos e deixei-me sentir. Pela primeira vez em muito tempo. Sua presença estava cada vez mais perto e eu sentia isso.

Tomei coragem e abri os olhos, Luiza estava ainda mais perto. A única coisa que nos separava era uma linha imaginária entre a sanidade e o pecado. Ousei-me a fazer carinho em seus cabelos, fazendo-a se aproximar de mim.

_ Luiza, que se foda! -Foi a última coisa que disse, antes de puxá-la para meu colo.

Puxei-a pela cintura, colocando-a sentada em meu colo. Ela me observava seriamente e seus olhos castanhos claros, agora estavam carregados de um desejo reprimido. Sem pensar duas vezes, puxei sua nuca com as mãos e colei nossos lábios com o melhor beijo da minha vida.

Sua boca, sua pele, tudo nela era de uma maciez avassaladora. Senti suas mãos envolvendo meu pescoço, enquanto minha boca, muito receptiva, abriu espaço para sua língua.

_ Luiza...-Sussurrei, entre uma distância pequena de segundos.

_ Shhh. -Calou minha boca com os lábios.

Era um beijo quente e muito molhado. Minhas mãos abriram com rapidez os botões de sua blusa azul bebê, que ela tratou de terminar de arrancar. Interrompi o beijo para observar seu corpo.

_ Ual! -Meus olhos brilhavam de desejo.

_ Babe... -Ela segurou minha nuca, aproximando minha boca de seus seios.

Essa mulher me levaria a ruína.

Indomável coração || MalilaOnde histórias criam vida. Descubra agora