Indomável coração || Malila

15

_ Porra! -Resmunguei e desliguei o despertador.

Olhei no relógio de mesa, eram quatro horas. Parecia que eu não tinha dormido. E na verdade, não dormi quase nada. Me levantei da cama com cuidado para não acordar Marília e fui até o banheiro. Escovei os dentes e lavei o rosto. Vesti meu roupão e chamei delicadamente a beldade que estava dormindo feito um anjo na minha cama.

_ Quem vê assim até pensa que tem um pingo de inocência... -Sussurrei em seu ouvido-
_ Acorda! -Dei vários beijinhos em seu rosto.

_ Só mais cinco minutinhos. -Ela resmungou

_ Marília, vai dar cinco horas. -Disse perto do seu ouvido.-
_ Ao menos coloca uma roupa antes que meus pais entrem. -Pedi.

Levantei da cama e fui até a sacada. Ainda estava escuro, mas a serração estava baixinha. Fui até o banheiro e liguei a banheira na água quente. Deitei ao lado de Marília enquanto esperava ela encher.
Ela ainda dormia. Era tão graciosa em tudo o que fazia. Não deve existir uma foto 3x4 dessa mulher que ficou feia. Eu me recuso à acreditar!
Fiquei acariciando seus cabelos, contando suas pintas, analisando seus detalhes. Tudo com muito carinho e cuidado.

Voltei ao banheiro e tirei a roupa. Coloquei sais de banho de calêndula e entrei. Estava tão quentinha, que eu cochilei por alguns minutos, até sentir alguém sentando atrás de mim e me puxando para perto.

_ Bom dia! -Ela me deu um selinho demorado.

_ Até que enfim. -Sorri e me aconcheguei em seus braços.

_ Eu disse que você tinha me deixado no chinelo, você que não levou à sério! -Ela sorriu.

_ Muito boba, né? Meu Deus! Mas eu gosto mesmo assim de você. -Sorri, dando selinhos em sua boca.

_ Hmm, que gostoso! -Rimos.-
_ Quer dizer que você fica me observando dormir? -Ela perguntou, soltando um sorriso lindo nos lábios.

_ Não acredito que você estava acordada! -Tapei o rosto com as mãos.-
_ Sua pilantra! -Ela gargalhou.

_ Eu tenho o sono leve, só queria ficar mais um tempinho na cama. -Me abraçou por trás.

Marília envolveu seus braços no meu corpo, me trazendo para seu colo. A sensação de segurança tomava conta de mim, ainda que por cinco segundos.

_ Marília... -Suspirei.

_ Eu não vou embora. -Me deu um beijo na nuca.-
_ Se é o que vai dizer!

_ E se você conhecer alguém? -Eu suspirei mais uma vez, segurando algumas lágrimas.

_ Maraísa, olha para mim! -Ela colocou as mãos em meu rosto.

Marília colou nossos lábios com um beijo lento e cheio de carinho. Meu coração batia acelerado, enquanto suas mãos desceram para minha cintura. Segurei em sua nuca, sem desgrudar nossas bocas, ela era meu ponto de equilíbrio.

_ Eu conheço pessoas todos os dias, assim como você. Não se trata disso, Maraísa. Todas as pessoas terão o mesmo defeito: elas nunca serão você! -Ela disse baixinho, fazendo carinho em minha bochecha.

Não tive coragem de dizer nada, o medo me consumia, mas preferi aproveitar os poucos minutos que passaria agarradinha com ela. Me aconcheguei em seu peito, ao mesmo tempo que ela molhava meu corpo com a água.

Ficamos juntas por mais alguns minutos e ela saiu primeiro. Não podia deixar meus pais nos pegarem, não sabia como seria dali para frente. Ela saiu do banheiro e eu saí logo atrás, enrolada na toalha.

_ Você fica tão bonita nessa farda! -Exclamei, admirando seu lindo corpo.

_ Quer um balde? A baba está escorrendo. -Gargalhou.