Capítulo 3 - Laços desfeitos

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Mesmo que eles se aproximassem um do outro estufando seus peitorais, consegui chegar a tempo para agarrar o braço de Kai, impedindo dele continuar.

- Vamos voltar, por favor...- Falei baixo em seu ouvido.

- QUAL FOI CARA? VOCÊ GRITA COMIGO E NÃO TEM CORAGEM DE ME ENFRENTAR? – Gritou o outro homem, no qual seu cabelo era grisalho e usava um óculos escuro com lentes enormes, porém possuía uma boa forma e era muito maior do que o Kai em questão de altura.

- Kai...por favor não faça isso!  - Ofegante Kai estava. Comecei a tentar a puxar de voltar para o carro, só que...

- VOCÊ NÃO É AQUELA ESCRITORAZINHA? NOSSA! VOU GANHAR UMA BOLADA COM O PROCESSO! – Parei de arrastar o Kai.

- Processo? -Sussurrei.

- O que foi? Uma mulher gostosa que nem você ficou com medo? – Ele solta uma gargalhada bem rouca, onde parecia que seu pulmão não funcionava mais da maneira que era para funcionar.

- Ora seu...- Kai tentou avançar novamente, mas o impeço segurando mais firme em seu braço.

- Por acaso...- Olho de canto de ombro para o mesmo. - O senhor me chamou de “gostosa”?

- Prefere gatinha? - Escutei algumas pessoas chegando a nossa volta.

Olha mamãe! é a S/n!”

Não me importei com as pessoas, mantive minha postura em meu salto alto preto, no qual estava sujo com um pouco de lama, caminhei em direção a aquele homem, onde novamente estufou seu peito, só que dessa vez foi para mim, parecia como um touro pronto para atacar.

- Se for me processar vá em frente, tenho mais motivos que você para ganhar essa covardia que o senhor estar a fazer.

- Covardia? – Ele solta um sorriso de canto, no qual eu retribuo de maneira debochada, mas logo depois fecho a minha cara e vou começando a dar alguns passos à frente. Aquele homem apenas regredia aos poucos.

- O senhor primeiramente não deu a seta do seu carro, podendo causar um grave acidente comigo e meu namorado. – Ele fica um pouco sério, notei o medo vindo em sua expressão facial...porém continuei avançando meus passos contra ele. – Segundo o senhor teve a audácia de tentar iniciar uma briga com meu namorado. Em questão de que? Talvez um motivo “eficaz” para seu processo, só que em minha visão se ele lhe desse um soco neste momento, não seria mais nada que autodefesa.

- Está me ameaçando?

- Eu? Ameaçando o senhor? – Falei em ironia. - Não, jamais ameaçaria assediador.

- Assediador? Não acha que está passando dos limites? – Retrucou ele.

- Aqueles comentários foram o que mesmo? - Respondi olhando fixamente em seus olhos.

- Elogios a sua beleza, como pode me acusar de assediador? Por acaso sabe  o que é assédio?– Tentei segurar a minha risada, porém eu não consigo. – Ela é louca! Estão vendo? Estão gravando? – Minhas risadas vão diminuindo e logo minha face vai se transformando em uma expressão de nojo.

- Eu não preciso perder meu tempo com você, se quiser me processar, vá em frente, vamos ver quem irá ganhar isto! – Jogo meu cabelo para o lado, sim...deixei ele crescer novamente, quando olhei em minha volta vi que tinham muitas pessoas a gravar, novamente...câmeras..., “concentração S/n!”, fui voltando  o meu andar em direção ao Kai. – Me dê a chave do carro amor, por favor. – Kai não retruca muito e apenas me entrega aquela chave, percebi que ele estava a controlar o ódio e raiva dentro de si.

- Ela é louca, teve coragem de me chamar de assediador. – Entrei dentro do carro, desta vez pelo banco do motorista, e Kai entrou como acompanhante.

- Aperta o cinto Kai...- Ele me encarou confuso, mas apenas fez o que ordenei. Coloquei meu cinto, liguei o motor e acelerei...só que não foi para qualquer direção, foi diretamente para cima daquele homem. Ele se espantou e rapidamente desviou...no qual escutei seu grito

VADIA LOUCA! ”

Kai me encarou sem se quer acreditar, mas não disse coisa alguma...então continuamos o caminho ao nosso destino.

E em completo silêncio, finalmente chegamos na frente de uma pequenina casa amarelada de dois andares, era simples mais bem cuidada, havia algumas moitas com algumas flores rosadas na frente da casa como se fosse um toque de delicadeza.

Eu fui desligando o motor e logo sai do carro, Kai apenas me acompanhou em direção a aquela porta de madeira, bati exatamente duas vezes seguidas e logo ficamos juntos um do lado do outro, apenas esperando alguém nos atender na porta.

- Eles vão ficar feliz em ver você...- sussurrou Kai.

- Eu sinto tanta falta deles. - Dei um sorriso ansiosamente, enquanto encarava aquela porta e apertava minhas mãos uma contra a outra. A porta então foi abrindo lentamente, e eu vi...com seu cabelo comprido e cacheado, sua pele branca e seus olhos amigáveis...Mara! Minha melhor amiga.

- Nossa, S/n? – Seu sorriso se abriu mais ainda. – Meu Deus, quanto tempo que eu não te vejo. – Ela me abraça, no qual sem dúvidas eu retribuo. – Vida de famosa é complicada, né? – Solto uma risada baixa, logo distanciando o nosso abraço. – Kai, você precisa trocar de roupa!

- Não se preocupe comigo Mara, aonde está a Yêse e o Yonê? – Falou Kai, olhando para dentro da casa.

- Estão comendo lá na cozinha. - Respondeu ela. – Entrem, vamos! Eles vão amar ver você, S/n!

- Muito obrigada mesmo por ter cuidado deles Mara. – Falei segurando na mão da mesma, então Kai já foi se encaminhando para dentro da casa.

- Eu sei que vocês estão passando por um momento difícil. – Mara olha em sua volta e então noto que o Kai estava um pouco distante de nós, logo chegou perto de mim e sussurrou para que eu apenas ouvisse. – Ele tá bem?

- Um pouco complicado, mas ficará tudo bem. – Sorri, a mesma assentiu com sua cabeça e então me deu um espaço para eu poder passar, fui entrando em um grande entusiasmo em direção a cozinha.

- PAPAI! – Logo escutei o grito de Yêse, olhei para dentro da cozinha e vi que minha querida filha não havia se importado de como o seu pai estava,  apenas deu um abraço no mesmo. Yêse era uma garotinha de dois anos de idade, ela era bem animada e muito espertinha para a idade dela, seus cabelos eram um castanho um pouco claro, meio que chegando até em um tom loiro, seus olhos eram castanhos escuros...iguais ao de Kai. Ela puxou o formato de meu rosto, além de ter um belo sorriso cativante.

- Yêse! Papai tá todo sujo e suado, você não pode abraçar ele! Separa! - Este era Yonê, ele estava a tentar distanciar a Yêse de seu pai, notei a alegria no rosto de Kai, ele sempre mudava quando estava perto de nossos filhos...Yonê também possui dois anos de idade, mesmo com suas características físicas serem bem semelhantes aos da Yêse, já que eles são um casal de gêmeos, sua personalidade é totalmente diferente, ele é mais calado e quieto, tem um cuidado muito grande com sua irmã e ele é bem direto em questão de limpeza, adora que tudo fique arrumado em seu devido lugar.

- Para de ser bobão Yonê! Papai tá assim por conta da chuva, né papai? – Sempre me comovia vendo meus filhos. Sim...meus filhos, chamarem Kai de pai. Ainda me lembro do dia que descobri sobre a gravidez, foi um pouco, quer dizer, foi muito    desesperante...

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