*REVISADO.
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- Claro que você pode conversar com Gaius. – Lucien me respondeu tranquilo. – Mas posso te perguntar o que você quer?
- Fazer o que fizemos aqui. Negociar. – Respondi confiante.
- Gaius não é alguém com quem se negocia, Pequena... – Lance comentou.
- Eu entendi. Ele é o ex-Imperador. Mas vocês disseram que ele não pretende me machucar, e que ele quer estar conosco. – Me surpreendi com a naturalidade com que ousei falar do desejo imoral do avô deles em estar comigo e com os netos. Ao mesmo tempo, passei por coisas demais, descobri desejos em mim que não ousaria confessar à minha sombra, não me sentia mais a mesma mulher jovem e inocente que Lance violou sobre um tronco no meio de uma floresta. Eu era diferente, e este mundo cruel era responsável por minhas mudanças. Encarei ambos e eles me confirmaram. – Então ele deve estar aberto a negociação, não?
- Acho que você não entendeu quem ele é... – Lance se levantou e veio até mim. – Você é uma menininha que não atingiu nem meio século de idade. Uma adolescente que mal saiu do ovo para um dragão. Gaius... É um dragão ancião, com mais de cinco mil anos, quase todos eles controlando outros reinos. – Ele fechou a minha boca, que eu não havia percebido que estava aberta. – Você acha que pode negociar com ele?
Como assim Gaius tinha quase... Que merda! Minha autoconfiança escorreu como areia entre os dedos. Aquilo não fazia sentido. Era possível alguém viver tanto assim?
- Eu tenho que tentar... – Um pensamento me atingiu e examinei os olhos azuis que me fitavam naquele momento. – Quantos anos vocês têm?
Um sorriso condescendente se desenhou em seus lábios.
- Quase Mil, Pequena.
Minhas pernas cederam diante do peso daquela informação e eu comecei a desmoronar, minha queda iminente sendo impedida pelos braços fortes de Lance e não por qualquer reação minha. Quase mil anos. O que significava viver quase mil anos?
- Quantos anos um dragão vive? – Meu cérebro tentava recuperar informações sobre as lendas de dragões da Terra. Quase mil anos.
- A maioria morre nos cem primeiros anos, nas batalhas. Mas se você for forte e inteligente o suficiente para sobreviver aos trezentos primeiros anos, é comum chegarmos aos mil.
- Dragões não morrem de causas naturais, Lyta. – Lucien me explicou com uma voz macia, que atraiu meu olhar como um imã. Aquele tom era estranho. – Nós morremos assassinados.
Me sentei na cama chocada com mais aquela revelação. Eu achei que as coisas tinham começado a se ajeitar. Eu não estava feliz com a coleira no pescoço, mas eu estava gostando das novas facetas de Lance e Lucien. Eu sentia essa necessidade constante por eles, de estar com eles. Mas agora... Quase mil anos? Os dragões não morrem de causas naturais? Sempre temer ser assassinado? Que tipo de vida era essa? Olhei Lucien e ele me analisava com intensidade. Era coisa demais.
- Eu preciso ficar sozinha. – Falei de supetão.
- O quê? – Lance perguntou surpreso.
- Eu preciso ficar sozinha, Lance. Preciso pensar, preciso de tempo. É muita coisa, muita informação. Quase mil anos! – Apontei para ambos.
E precisava ir para a Biblioteca Feérica, urgentemente. Precisava de tempo para analisar aquelas informações, entender suas consequências. Meu papel ali era mais frágil do que eu tinha imaginado. Por que os livros que Zaya me deu não falavam disso? Aquela fêmea de dragão tinha ocultado essa informação, eu tinha certeza! Com que objetivo? Eles tinham séculos de conhecimento à minha frente, séculos de vivência. Eu era uma criança manipulável nas mãos deles, não era? Eu precisava usar minha única vantagem.
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A Escrava dos Dragões
FantasyEla vem da Terra. Eles do Reino dos Dragões. Ela nunca viu a guerra. Eles são conquistadores. Ela é de uma raça perdida. Eles de uma raça dominadora. Eles a escravizaram. Ela foi torturada. Eles se apaixonaram. Ela deseja vingança. ***A ATUALIZAÇÃO...