A Escrava dos Dragões

Heron

*Revisado.

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Ele sabia! O Imperador sabia que eu era uma Fada Dragão! O que eu devia fazer? Encarei Heron em completo choque.

- Senhor?

- O choque em seu rosto fala tudo, Florzinha. Pode ser algo absurdo para você pensar agora. Mas você pertence a uma raça que estamos buscando há milênios. Fadas Dragões.

Virei meu rosto para encarar a paisagem e me levantei.

- Eu... Eu...

Um senso de perigo me deixava em completo alerta. Uma sensação de morte iminente. Ele não me parecia mais simpático. Tudo que ele havia dito e feito até então me pareceram falsos. Eu não sabia de onde vinha aquela sensação, mas ela era tão forte que se tornava impossível ignorá-la.

- Você está confusa. Eu vejo. Mas eu tenho certeza. A marca em suas costas e em sua virilha, são as marcas de uma fada dragão. E seus cabelos, logo eles se tornarão completamente dourados. Sabe o motivo?

Ele conhecia as marcas.

- Eu... Não... - Eu realmente não sabia. Ainda não tinha descoberto.

- Você encontrou seus parceiros. Uma fada dragão, quando encontra seus parceiros, se transforma fisicamente, para se tornar fértil e ser capaz de carregar os filhos deles. Você está se preparando para carregar os mais poderosos dragões que este Império já viu, minha flor. Logo suas asas também vão se revelar, e sua magia vai crescer forte e selvagem.

Encarei ele, o cérebro em branco.

- Sua pele está mais saudável, inumanamente perfeita, seu corpo mais leve, seus ossos mais resistentes e flexíveis. Seus músculos estão mais fortes. Essa aparência suave e delicada esconde uma força da natureza desabrochando. Suas unhas já devem podem rasgar metais agora. Seus dentes já devem ser capazes de rasgar as escamas de um dragão. Se morder forte, você pode ferir meus filhos em qualquer forma. Dragões jovens morreriam ao te enfrentar, sabia?

- Não...

- Seu corpo está se transformando em uma velocidade incrível.

- Você tem acompanhado?

- Claro. Nada acontece no meu Império sem que eu saiba. – Ele sorriu divertido. - E com você aqui, outras fadas dragão irão começar a nascer por perto. Será o fim do êxodo e o início de uma nova Era para os dragões.

Encarei desconfiada.

- Como...?

- Como eu sei disso?

Assenti em silêncio.

- Nós buscamos as fadas do dragão há milênios. Mas depois de tanta decepção, guardamos todo o conhecimento sobre elas em uma biblioteca restrita. Apenas o Imperador e pouquíssimas pessoas tem acesso. Eu posso te dar acesso aos livros, para que você saiba mais sobre a própria raça. Conhecer suas magias, sua história, seu povo.

Me movi lentamente para o banco e me sentei ao lado dele.

- Tem certeza?

- Absoluta. Você é uma Fada Dragão. – Ele tocou minha coleira. – E você não merece usar uma coleira, minha querida. Fadas Dragão devem ser livres, são nossas parceiras natas, nossas iguais. São sagradas. Você quer ser livre, não?

- Sim...

- Eu poderia tirar sua coleira, mas aí, eu ficaria mal com meus filhos. Eu não quero isso. É melhor que eles mesmos a libertem. Até para evitarmos riscos...

- Riscos?

- Sim. – Ele me encarou preocupado.

- Que riscos, Senhor?

- Minha querida, se descobrirem que você é uma Fada Dragão, antes dos gêmeos a libertarem e se casarem com você, garantindo que sua fertilidade está vinculada a eles... Você correrá grande risco...

Encarei ele, o coração acelerado.

- Você já é linda e sedutora por natureza. Seu cheiro é inebriante para os dragões, pois os lembra, dentro de seus genes, de coisas boas, de uma parceira perfeita. Muitos dragões já a desejam apenas e exclusivamente pela proteção dedicada dos gêmeos. Uma paixão tão poderosa... desperta inveja. Mas uma Fada Dragão escravizada? Prestes a se tornar fértil? Eu não quero assustá-la, mas... Sua coleira a deixa exposta a qualquer ataque. Outros podem tentar sequestrá-la para... Ter filhotes seus. – Ele disse isso com uma expressão de pesar e ira.

- Mas o Senhor disse que a coleira me impede de ser fértil...

- Um detalhe modificado facilmente, e qualquer um pode controlar uma escrava.

Me senti gelada. Para provar seu ponto, Heron disse algumas palavras e a coleira obrigou minha mão a se erguer e meus dedos se abrirem. Senti o pânico encher meu corpo. Qualquer um podia me controlar! Não apenas Lance e Lucien! O tempo todo eu estive à mercê de qualquer um! Heron libertou minha mão e a segurou calorosamente.

- Eu e meus filhos a protegeremos, mas quanto antes você for livre, e estiver devidamente unida aos meus filhos em matrimônio, mais segura você estará. A fertilidade de Fadas Dragões não é vinculada aos seus parceiros, exceto depois de marcar ele, bebendo o sangue deles, e ser marcada. Apenas então você estará protegida.

Assenti com a cabeça. Minha mente estava confusa e acelerada com informações. Minha necessidade dos dragões vinha da coleira? Eles sabiam que eu era uma Fada Dragão? Todos? Eu estava sendo manipulada o tempo todo? Por que eu tinha vindo parar naquele maldito lugar? Por que eu era uma maldita Fada? Virei o rosto e olhei o jardim, as lágrimas escorrendo pelo meu rosto. Me senti traída novamente pelos gêmeos. Eles sabiam o que eu era e não me disseram, não me contaram. Eu achei que tinha um segredo, uma vantagem, algo que... Mas nem isso! Eles roubavam tudo! Cada esperança! Os malditos usaram a coleira para manipular minhas emoções, me deixaram à mercê de qualquer um. Eu nunca havia sido especial para eles! Eu era apenas uma escrava, um objeto para ser usado, para que eles tirassem proveito.

- Foram informações demais, não foram? Me desculpe. Eu deveria ter esperado. - Heron disse enquanto suas mãos firmes apertaram os meus ombros.

- Não. – Limpei as lágrimas com o lenço que ele me ofereceu. – Foi bom saber de tudo isso. Eu apenas preciso de tempo para...

- Eu entendo, e prometo ser paciente. Façamos o seguinte. Eu enviarei cópias dos livros para você. Assim você pode ficar tranquila, ler e aprender, na segurança da sua ala. O que acha?

- Eu agradeço.

- Ficamos combinados. Eu prometo que irei cuidar de você, ouviu?

- Obrigada, Heron.

O Imperador me abraçou, beijando minha testa com gentileza. Então chamou uma serva que me levou por corredores de volta para meu quarto.