A Escrava dos Dragões

Aprendendo a mentir

*REVISADO.

************

ssim que terminou de me castigar, Lance guardou a vara na parede e voltou para a piscina. Eu sentia minhas palmas arderem e via os vergões em minhas mãos. A dor era horrível. Todo meu corpo tremia após o castigo, por algum motivo desconhecido, meu queixo batia incontrolavelmente.

"Venha tomar banho." O som da voz dele... Uma onda de nojo percorreu meu corpo. Eu gozava para o dono daquela voz. Respirei fundo e, com a cabeça baixa, apoiei as mãos no chão para engatinhar de volta para a piscina, gemendo ao fazer isso.

"Pode vir andando." Parei ao escutar, propositalmente, sobre as palmas feridas. Eu queria aquela dor pelo máximo de tempo que eu pudesse ter. Aquilo não era uma ordem. Pode vir andando é um possibilidade, uma permissão. Ele estava me dizendo que eu tinha uma escolha. Eu escolhia me lembrar. Mantive a cabeça baixa e engatinhei de quatro para a piscina do banheiro. Eu não esqueceria mais meu lugar ali. Aguentei a dor de me apoiar nas mãos nunca punidas, intimamente orgulhosa de mim mesma ao provocar mais dor. Na piscina, dócil, me deixei banhar, silenciosa como ele desejava, sem nunca levantar os olhos ou reagir. Voltamos para o quarto e fiquei sentada no chão, de cabeça baixa. Lance me levantou e sentou na poltrona, em frente dele e do Lucien. Eu não levantei o olhar.

"Ontem, você, de alguma maneira desconhecida, usou magia, e fez todos na sala atingirem o orgasmo juntos, ao mesmo tempo, Lyta." O que? Do que ele estava falando? Eu? Percebi minha cabeça levantando para olhar para ele e Lucien. Com dificuldade, contive o movimento e mantive minha cabeça baixa. Eu não acreditava mais nele. Não ousaria falar mais, não ousaria arriscar novos castigos nunca mais.

"Não foi a primeira vez. Você fez o mesmo, em menor intensidade, comigo, Flinn e Tarius antes. Na ocasião, uma marca surgiu no seu corpo. Você não a viu pois fica nas suas costas, ao longo da sua coluna. Veja." Ele me levantou segurando meu cotovelo gentilmente e me levou até o espelho do quarto. Busquei com o olhar minhas costas, evitando deliberadamente ele e Lucien. Vi uma longa marca na minha coluna, que eu realmente não havia visto antes. Parecia uma tatuagem de henna de uma planta florida, ao longo da minha coluna. Desde o cóccix até a nuca. Mas ela realmente tinha surgido do nada? Ou ele havia me tatuado sem eu saber? Enquanto eu dormia? "Ontem, nós notamos que outra marca surgiu, na sua virilha. Por isso eu te depilei. Veja a marca. Me virei, e olhei a marca com atenção. Uma flor e ramos... Na minha buceta. Malditos. Eu estava marcada como um animal de fazenda. Uma vaca ou um boi. Aquilo parecia tatuagem para mim. "Nós não sabemos o motivo da marca, nem como você faz sua magia. Mas sabemos que você não é humana, Lyta."

Senti minhas mãos pararem no ar. Eu não era humana? Há quanto tempo ele sabe disso e não me falou? Era assim que eu era protegida por ele? Eu faço magia? Eu faço pessoas gozarem? Que porra é essa? O que eles estão fazendo comigo? Travei a mandíbula para não gritar ou mandar ele se fuder. Se controle, Lyta. Calma. Ou você vai piorar as coisas para você. Fechei as mãos com força e foquei na dor para me lembrar. Ele pode te castigar cruelmente. Lembre-se. Você é o elo frágil. Sem permissão de falar, eu devo permanecer em silêncio.

"Você entendeu o que eu te disse?" Claro que não seu idiota estúpido! Babaca! Mas eu não posso dizer isso, posso? Seria estupidez minha. Escravas não podem ofender os magnânimos e frágeis egos dos donos. Então apenas balancei a cabeça assentindo, afinal, ele não tinha dito que eu podia falar ainda. "Você pode responder a minha pergunta falando." Como mentir sem essa coleira infernal me entregar? Na realidade eu entendi o que ele disse. Eu não sou idiota. Mas o que ele falou gera milhares que questionamentos. Refleti e percebi que não vou mentir ao dizer que entendi o que ele falou.

"Sim, Senhor." Olhei as correntes em meus braços e percebi que elas não se alteraram.

"Excelente. Se você tiver dúvidas, você pode perguntar a mim ou ao Lucien, entendeu?"