Recomeço

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*Revisado.

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Para selar nosso compromisso, Lance tirou sua camisa azul, de manga comprida, e me vestiu sobre as faixas. Um gesto banal, mas que me fez sentir ouvida, e um pouco digna. A camisa tinha o cheiro dele, o calor dele, e me senti aconchegada dentro dela. Meus olhos ficaram pesados. A explosão emocional havia me abalado e me deixado exausta. Eles perceberam e me levaram para a cama, me deitaram e dormi rápido, esparramada na cama de Lucien, que era absolutamente macia.

Acordei e o Sol ainda brilhava. Lucien lia um livro, encostado na cabeceira da cama, acariciando meu cabelo. A camisa de Lance ainda me vestia, e me sentir envolvida pelo seu cheiro, me deixava... satisfeita. Lucien havia trocado de roupa, e estava com uma calça brança, descalço e uma túnica igualmente branca, bordada em padrões de dourado na gola e nos punhos das mangas. Sua barba estava um pouco mais comprida que o normal e ele tinha olheiras leves sob os olhos. Busquei o Lance com os olhos e o vi se exercitando com flexões no chão. Eles estava com uma calça cinza, e também descalço, e sem camisa. Apreciei a visão dos músculos dele se contraindo com o exercícios. Era lindo de ver.

Assim que me notaram desperta, os dois me levaram para o sofá, onde bebemos, comemos e, pela primeira vez, conversamos realmente. Eles me perguntaram sobre minha vida na Terra, e surpreendentemente ouviram. E me consolaram quando eu falei da saudade que sentia, da falta que minha família fazia. Riram quando contei do meu gatinho, Linlin, e suas travessuras. Me ouviram falar do meu amor por bichos e plantas. Ouviram da minha profissão, da minha carreira acadêmica, do meu amor por dar aulas e por pesquisar. E perguntaram sobre minha vida amorosa.

- Ah... Eu tinha um ou outro namorado.

- Namorado? O que é um namorado? – Lucien me perguntou.

- Alguém com quem você tem um compromisso amoroso, sabe? Você sai com essa pessoa, beija, talvez faça sexo, os dois escolhem estar juntos. E depois de um tempo, talvez as coisas evoluam para um noivado e casamento.

- Entendo. Acho que deve ser similar aos relacionamentos dos Unicórnios. Eles não tem parceiros fixos e possuem um sistema de flerte complicado.

- Vocês não namoram? - Perguntei curiosa.

- Não. Dragões não tem essa estrutura social, não faz sentido para nós.

- Sério?

- Sim. Temos amantes, prostitutos e escravos. Pessoas com quem fazemos sexo. E, em algum momento, uma esposa, com quem teremos filhotes, o máximo que conseguirmos.

- Hum... E vocês não namoram suas amantes?

- Não. - Lucien me viu encarando ele, curiosa, e me explicou. - Você sabe como funciona com escravos. - Abaixei os olhos, infelizmente eu sabia. Lucien tocou meu queixo e o ergueu. - Nossa sociedade não vê os escravos como a sua, Lyta. Como te explicar? - Ele suspirou. - Veja, nossas amantes são fêmeas de dragão com desejos de ascensão social. Elas são da nossa raça, sabem que não tem importância nenhuma para nós, exceto pelo poder político, econômico ou social com que elas possam contribuir conosco. E o inverso também é válido, elas não tem nenhuma conexão conosco, exceto pelo nosso poder. Amantes são relacionamentos que nós estabelecemos por interesse, selado com sexo para que ambos carreguem o cheiro um do outro.

- Então o relacionamento com amantes é... puro interesse?

- Sim. As prostitutas... elas não são realmente apreciadas por nós, mas uma opção para aqueles que não tem dinheiro para ter ao menos uma escrava. Prostitutas são mais baratas, é verdade, mas elas fedem a machos aleatórios, às vezes inimigos. É desagradável estar perto delas.

A Escrava dos DragõesOnde histórias criam vida. Descubra agora