Capítulo Onze

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Existem dias difíceis, dias ruins, péssimos, terríveis e horríveis

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Existem dias difíceis, dias ruins, péssimos, terríveis e horríveis. Enterrar o meu avô foi uma mistura de todos eles juntos. A única vez que me senti tão quebrada foi há quatro anos, quando, no lugar do meu avô, era meu irmão. A dor era - e agora de novo - grande demais para ser mensionada.

Todos os vizinhos da fazenda se fizeram presentes e agora a cozinha está entupida de condolências em forma de comida. Minha avó se enfiou no quarto, dizendo que ia arrumar as coisas do marido, mas sabemos que não é verdade. Tentei falar com ela quando chegamos do enterro, mas ela não quis papo. Eu respeitei. O restante de nós nos encontravámos na cozinha, silenciados pela dor do luto.

- Tia? - Chamou a pequena Cindy, ao meu lado.

- Fala, pequena.

- Agora que o biso foi embora com o papai, você vai ficar aqui com a gente? - Engoli em seco com a pergunta e acariciei seus cabelos castanho escuro.

- Eu não sei, Cindy, mas amanhã preciso voltar para casa.

- Por quê?

- Porque eu deixei meu trabalho lá e não posso demorar muito para voltar.

- Mas... Você não pode ir embora. Está todo mundo triste. Por favor, tia Alex, fica aqui com a gente. Não vai embora de novo.

Funguei ouvindo minha sobrinha e limpei suas lágrimas. Olhei para o rosto de cada um que estava ali, antes de respirar fundo e colocar minha mão em seu rostinho.

- Meu amor, as coisas não são tão simples. É claro que eu quero ficar aqui com você, com a sua mãe e com a bisa, mas eu não posso. Meu chefe já deixou com que eu ficasse alguns dias, mas não posso abusar. Você me entende?

Cindy tirou seu rosto de minha mão e se levantou, indo abraçar a cintura da mãe. A forma como ela me olhou, me deixou um pouco desconcertada.

- Você sempre vai embora. Toda vez! Você não gosta da gente. Nem do biso Tony, ou da bisa Annie. Sempre deixa a gente, sempre!

- Chega, Cynthia. Peça desculpas para sua tia agora - Amelia brigou. - Isso são modos?

- Está tudo bem, Amelia. Ela não está totalmente errada - sorri triste. - Vou tentar falar com minha avó, depois vou tentar dormir um pouco. Foi um dia longo para todos nós. Tentem fazer o mesmo.

Apertei a mão de Leo antes de sair da mesa e ir para o quarto da minha avó. Bati na porta três vezes e esperei ela me mandar pastar de novo. Já estava quase desistindo de esperar, quando a porta foi destrancada e aberta.

- Posso entrar? - Perguntei com a mão na maçaneta. Os olhos dela estavam marejados. Tenho certeza de que tentou os enxugar apenas para me receber. Quando ela me dá espaço, entro no quarto e olho em volta. - A senhora não falou com ninguém o dia todo. Como esse coraçãozinho está?

Minha avó suspirou tão profunda e dolorosamente que meu coração se partiu ainda mais. Ela sentou-se na cama e eu acompanhei. Os aparelhos do meu avô estavam encostados na parede da janela.

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