Capítulo Vinte e Seis

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Mal passava das três da tarde quando recebi a ligação do meu irmão

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Mal passava das três da tarde quando recebi a ligação do meu irmão. Desde o dia que fui embora, não falei mais com nenhum deles. Algumas vezes durante a semana pensei em mandar alguma coisa, perguntando como estavam, mas não cheguei realmente a fazer. Combinamos de nos encontrar em uma lanchonete. Em menos de meia hora estava esperando por ele e não vou negar que me surpreendi ao ver Maddy com ele.

— Como você está, Sam? Aonde está ficando? — Cory perguntou depois de alguns minutos de conversa paralela.

— Estou bem. E estou feliz também — olhei dele para minha irmã caçula. — Estou morando com a Alex.

Maddy se aprumou na cadeira e bebericou o suco. Esperei que viesse a enxorrada de comentários que ela sempre insistia em fazer.

— Sinto muito — ela disse. Minha expressão ficou confusa.

— Pelo o quê?

— Pelas coisas terem chegado a esse ponto outra vez. Por você esperar apenas coisas negativas ao meu respeito — ela engoliu em seco. — Queria que as coisas fossem diferentes.

— Poderiam ter sido, Maddy. Entre nós duas. Também queria que tivessem sido. Podíamos ter sido nós três contra o mundo — Não falava isso apenas por mim. Era verdade que senti falta deles, pois fomos simplesmente tirados um dos outros, Maddison sendo uma pré-adolescente. Gostaria que tivéssemos a chance de ser unidos, assim como Alex e Ethan foram. Mas ao contrário dela, eu ainda tinha meus dois irmãos comigo e do que adiantaria apenas guardar rancor? Se por pouco tempo, apenas esses minutos, temos a chance de estar juntos, para que ficar remoendo o passado? — Mas estamos aqui agora. Temos a chance de mudar.

— Está falando sério? — Maddy perguntou com os olhos brilhando e uma sensação estranha me invadiu.

— Maddy, não viemos aqui exatamente para isso — Cory interrompeu, sério. O roxeado da semana passada agora bem mais fraco. Olhei de um para o outro.

— O que aconteceu? Porque quiseram me encontrar?

— O papai está surtando de vez. Não como antes, mas... — a voz do meu irmão falhou  — ele vem fazendo constantes ameaças para a mãe. No dia em que brigamos e eu ganhei o olho roxo, a mamãe estava perto. Ele percebeu o quanto ela tinha ficado assustado e agora...

Pavor genuíno percorreu meus ossos. Foi como se eu pudesse sentir suas mãos pesadas me acertando anos antes, antes dele me jogar portão à fora. O quanto seus tapas arderam e eu fechava os olhos desejando que ele parasse. Mas eu não chorei. Por mais que a contasse fosse grande, não dei esse gostinho a ele e, em troca, lhe mostrei o dedo do meio. Foi a única vez que ele me encostou. E recentemente em Cory. Não duvidava nenhum instante do que ele poderia fazer com minha mãe, ou Maddy.

— Ele está ficando louco de verdade, Sam. Nenhum de nós tem coragem de enfrentá-lo como você fazia. Não sabemos o que fazer — completou a mais nova.

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