Capítulo Vinte e Quatro

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Talvez meus olhos estivessem lacrimejando

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Talvez meus olhos estivessem lacrimejando. Observei a cesta e a toalha e o lampião que iluminava o lugar, amarrado em um dos galhos mais baixos da árvore. Notei o pequeno vaso de flor no centro da toalha. Alex tinha feito aquilo e... feito para mim. Até mesmo o frio pareceu ir embora quando meu coração se aqueceu.

— Alex, eu... E-eu não sei nem o que falar!

Virei para ela, que estava com a mão esfregando a nuca e um sorriso tímido no rosto.

— Não ficou bem como eu tinha imaginado e também não sei como fazer essas coisas românticas direito, então...

— Está perfeito, Alex. Quando foi que você fez tudo isso?

Olhei mais uma vez para tudo aquilo. Talvez fosse a primeira vez que alguém fazia algo assim para mim, o que me deixou ainda mais emocionada do que deveria. A toalha estava esticada embaixo da macieira e a cesta segurava uma das pontas. A comidas estavam envoltas de papel filme, para evitar qualquer bicho. O lampião amarrado no galho dava um toque a mais e o vasinho flor no centro da toalha enfeitava o espaço. Havia algumas almofadas para nos sentarmos e, do outro lado do pequeno morro, um lago. De todas as coisas que me surpreendi com Alex, essa foi sem dúvidas, a mais especial.

— Em algum momento enquanto você brincava de chá da tarde com Cindy. Sabia que de moto a gente não gasta três minutos da casa até aqui? — Ela deu aquele meio sorriso que me perturbava de mil formas diferentes. Olhei para ela indignada.

— Então por que não viemos nela? — olhei para o caminho que percorremos.

— Ah, não sei. Gosto de ouvir você reclamar de tudo — Alex apontou com a cabeça para o lugar arrumado. — Vamos nos sentar, ou vou ter que esperar sua lista de motivos para termos vindo de moto e não andando dali até aqui?

— Certo. Me desculpe — sorri um pouco sem graça. — Não vou reclamar. Eu amei isso aqui — apoiei as mãos no ombro dela e me ergui um pouco para beijar sua bochecha. Nada comparado à pegação de horas mais cedo, mas um agradecimento. Sentei em cima de uma almofada quadrada e coloquei a outra no colo. — E você vai ficar aí parada?

Com um sorriso encantador, Alex se sentou do outro lado da toalha. Desembrulhamos todas as quitandas e frutas e recolocamos no chão, até que um momento ela me pegou a encarando. Pelo incrível que parecesse, ela não estava usando sua jaqueta de couro habitual, mas um moletom xadrez que fazia conjunto com as calças.

— O que foi? — ela perguntou. Havia um tempo desde que ela substituira o tom de desafio por mera curiosidade.

— Não sei. Só estava pensando em que momento, exatamente, nós nos tornamos isso. Não sei ao certo o que somos, mas gosto. Foi tudo tão...

— Natural — ela completou. Mordi um pedaço do pão doce. — É, eu às vezes me pego pensando nisso também.  Foi um longo caminho.

— E meio babaca também — bufei uma risada com a cara que ela fez. — Não nesse sentido que está pensando, mas imaturo. De ambas as partes.

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