Capítulo Quartenta e Três

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Eu nunca tinha visto Samantha chorar tanto

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Eu nunca tinha visto Samantha chorar tanto.

Viemos embora em silêncio durante todo o caminho. Sam apenas se encolheu no banco e ficou encarando a rua. Dirigi em silêncio, respeitando a vontade dela e, assim que tranquei a porta de casa atrás de mim, Samantha — literalmente — desabou em choro.

Estávamos sentadas no chão, ela enroscada em mim, fazia pelo menos quinze minutos. Sentia que ela precisava colocar para fora tudo o que estava sentindo, então me limitei a apenas deita-la em meu peito e afagar suas costas. Sabia que não tinha nada que eu pudesse fazer, nesse momento, ou falar, que a deixaria melhor.

Se não tivesse conhecido Samantha além daquela lourinha enjoada do trabalho, nunca imaginaria quais poderiam ser os demônios que a assombram, e duvido que acreditaria se alguém me contasse. Mas vendo ela tão vulnerável como agora, só me faz ter mais certeza do quanto ela é uma mulher forte.

— Sam? — chamei com delicadeza.

Ela fungou e se ajeitou, encostando na parede.

— Desculpa, Alex, eu estou bem... — mentirosa! Apesar do que a boca dizia, os olhos teimavam em discordar, pois não parava de chorar.

Com o polegar, limpei o lado esquerdo de seu rosto e dei um sorriso para ela. Olhei dentro de seus olhos quando disse:

— Não, meu amor, não está. E está okay — virei de frente para ela e segurei sua mão. — Você foi corajosa em falar com ela daquele jeito.

— Eu... Eu estou tão cansada, Alex. Tão cansada de tudo isso. Sabe, só queria poder curtir um pouco, mas parece que termina um problema e começa outro.

— Vem aqui — chamei, mas na verdade fui eu quem se aproximou. Deitei a cabeça dela em meu ombro e, juntas, ficamos encarando a sala pela lateral. — Você passou por muita coisa sozinha a maior parte da sua vida. E digo isso, desde antes de seu pai te chutar de casa. Quando você se descobriu lésbica e não podia contar com seus pais, ou seus irmãos porque eram novos demais. Você sempre teve que lidar com tudo sozinha — suspirei. — Uma vez você me disse que dinheiro não era tudo. Na época, eu debochei, ri, mas hoje entendo o que quis dizer. Eu tive uma vida mais difícil que a sua em relação à renda, mas eu sempre tive... tudo. Pessoas que me apoiavam e que eu podia conversar, amor, atenção...

— Isso era para me fazer sentir melhor? — mesmo entre as lágrimas ela riu e a acompanhei.

— Só quero dizer, que você não precisa carregar todo esse peso sozinha. Que se dividir, fica bem mais leve.

— Eu divido minhas coisas com você.

— Eu sei. E agradeço por isso. Mas há certos assuntos que são mais difíceis de pôr para fora. Quando estiver pronta, vou estar aqui para te ouvir.

Samantha se afastou e me olhou por um instante. Seus olhos verdes estavam vermelhos e inchados, o rosto marcado pelas lágrimas. Ela se encostou na parede e abraçou os joelhos, fechou os olhos e suspirou.

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