Capítulo Sessenta e Três

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— Mas eu não quero ir! Não precisamos de outra

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— Mas eu não quero ir! Não precisamos de outra... situação familiar — eu resmungava, enquanto ajudava Sam a organizar sua bancada de criação.

— Não é nenhuma "situação", morena. Só um jantar para comemorar o início das aulas do meu irmão — Samantha continuava a insistir. — Além do mais, minha mãe veio até aqui convidar a gente. Por favor, é pelo Cory!

— E se vocês brigarem?

— Se isso não acontecer você se preocupa.

— Tudo bem, vai. Além do mais, adoro a comida que o Morgan faz. Mas que fique claro que é só pelo seu irmão — cedi, finalmente.

— Está ótimo para mim!

Com isso, terminamos de arrumar nossas coisas e fomos embora. Era quase fim de tarde. As ruas estavam movimentadas, carros, motos e ônibus para todos os lados. Peguei o caminho mais curto, que gostava de fazer para evitar as filas congestionadas de carros nas avenidas principais. O mesmo caminho que tenho feito nos últimos anos. Ao longe, era possível ver a mansão Charlie, toda imponente e meio monocromática. A casa parecia pálida, sem vida, assim como os moradores dela. Ninguém ali dentro era feliz de verdade e a as cores da casa parecia refletir isso de uma maneira que, se você não convivesse com a família, nunca repararia.

Chegamos em casa e Samantha despejou as coisas dela no sofá. Estava feliz e orgulhosa dela por ter conseguido o seu trabalho de volta. Sabia o quanto era importante para ela e que a fazia bem. De alguma forma, ela parecia... Completa e realizada.

Estávamos quase prontas. Sam calçava suas botas de canos canelados, enquanto eu terminava de pentear o cabelo. A observava através do espelho, seus pensamentos pareciam estar distantes.

— O que você faria se descobrisse que seu pai não morreu? — perguntei.

Sam me olhou com os olhos esbugalhados, pega de surpresa com minha pergunta. Tive que rir da sua expressão.

— Como assim?

— Ah, não sei. Seu pai não valia nada, fato. Pouco custaria para ele e o seu padrasto terem encenado aquilo tudo e ele estar rindo de nós agora, por termos acreditado em sua morte. E isso sem contar que foi sua mãe quem foi reconhecer o corpo aquele dia que, por sua vez, foi cremado. Quem deles pode garantir alguma coisa?— expliquei. — Se ele aparecesse nesse jantar de hoje, qual seria sua reação?

Me virei na cadeira, para olhar diretamente para ela. Sam estava parada, curvada sobre a perna e com metade do zíper da bota aberto, no meio do caminho. Acho que estava raciocinando minha suposição.

— Em primeiro lugar — começou. Se levantou da cama, calçada e veio até mim. — Mitchell não é o meu padrasto e é melhor nem brincar com isso. Em segundo lugar, não acho que Harold seria tão louco a ponto de infringir, praticamente, todas as leis que temos. Seria loucura demais até para ele. Se bem que ele teria capacidade para isso, mas... — suspirou, como se não quisesse nem tocar no assunto. — Não sei, morena, sendo bem sincera. Por quê? Acha que isso vai acontecer? Acha que eles estão fingindo tudo isso para que meu irmão e eu fiquemos loucos?

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