Capítulo Tinta e Nove

936 90 7
                                    

Mesmo quando as batidas na porta pararam,  meu coração ainda estava acelerado quase no ritmo da batida

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.

Mesmo quando as batidas na porta pararam,  meu coração ainda estava acelerado quase no ritmo da batida. Fiquei agradecida e aliviada pela conversa que tive com Sam, mas aquela onda de coragem durou somente os primeiros trinta segundos desde que ela saiu do quarto. Talvez eu pudesse me fazer de boba e dizer que Samantha tinha se enganado e... Não! Isso não rolaria. Já tinha limpado meu rosto e me recomposto — tinha a sensação de que, só hoje, chorei para o inverno inteiro — e estava sentada na cama. Respirei fundo duas vezes antes de falar, um pouco mais alto:

— Entra.

Minha mãe entrou. Percebi que ela trazia consigo uma xícara, que provavelmente deveria ser o chá da minha avó. Agradeci a ela e bebi um gole, mas fiz uma careta.

— Do que é isso?

— É soro caseiro. Hmm... Sal, água fervida, açúcar, essas coisas. Sua avó quem pediu para trazer.

A cada gole era uma careta, mas finalmente consegui esvaziar a xícara.

— Minha avó sempre foi adepta a esses negócios de curas naturais, chás e afins.

— Meu pai sempre dizia que a chamamos a natureza de mãe por um motivo — Adeline sorriu fraco. Apontei para a beirada da cama para que ela se sentasse. — Samantha disse que você queria me ver.

— Ah... Hm... Certo, verdade. Eu... — suspirei. Era a primeira vez que eu ficava tanto tempo sozinha com ela sem surtar. Era difícil estar com ela porque, para mim, ela era uma estranha. — Você nunca quis nos procurar antes? Por que esperar tanto tempo?

Adeline se ajeitou na cama e suspirou como quem estivesse falando mentalmente okay, isso vai acontecer agora. Honestamente, não estava preparada para as respostas, mas cheguei a conclusão de que não devia isso apenas a mim. Ethan também gostaria de saber o como e porquê, então me esforçaria.

— Eu queria, no começo. Se tem uma coisa da qual eu me arrependa, é ter aberto mão de você e seu irmão. Mas o fato é que eu não podia. Não tinha condições de cuidar de vocês.

Engoli em seco. Podia jurar que vi a dor em seus olhos enquanto ela falava.

— Posso saber o que aconteceu? O motivo de você ter nos deixado?

— Fui uma jovem muito rebelde, Alex. Odiava morar nessa fazenda, então sempre dava um jeito de ir para a cidade com uma turma que se dizia minha amiga. A gente bebia, fumava, se drogava e tudo quanto era tipo de porcaria.

Não consegui evitar uma risadinha. Me lembrei da época em que eu fazia faculdade e morava na pensão da Sra. Tunner e íamos para o prédio abandonado nos divertir.

— Isso não é tão anormal quanto parece. Eu mesma já fiz isso na época da faculdade — confessei.

Adeline forçou um sorriso que não chegou aos olhos. Seu olhar ficou diferente, distante, como se ela tivesse voltado no tempo.

Sob teu olharOnde histórias criam vida. Descubra agora