Capítulo 3

39 2 0
                                    

Londres, Inglaterra.
Mariana Sharma.

Não estava conseguindo dormir e eu não sabia se era por conta do frio por estar dormindo no colchão ou se era por conta do barulho que estava vindo do AP ao lado. Com certa dificuldade, devido a preguiça de abrir os olhos completamente, passei minhas mãos ao redor do colchão para procurar meu celular e quando achei, falei um palavrão baixinho por conta da claridade nos meus olhos. 03:15 A.M. Isso é sério? Uma hora dessas da madrugada e estão fazendo barulho?
Tinha acabado de me mudar e não estava afim de assumir o papel de vizinha chata, então vou deixar passar, porque eu não acredito que isso se repita mais vezes. Respirei fundo e então me levantei para beber um pouco de água e pegar um casaco. Estou tremendo de frio e não queria adoecer no meu primeiro dia aqui.
Fiquei alguns minutos procurando, mas assim que achei, fechei novamente minha mala e vim para o colchão o mais rápido que pude. O chão estava frio e eu não suportava a ideia de ter que pisar nele agora. Me enrolei dos pés a cabeça e em seguida abracei meus joelhos.

_ Preciso comprar roupas de frio._ disse para mim mesma.

Tremendo um pouco, fechei os olhos e tentei o máximo não dá importância para o que parecia ser gemidos femininos. Espera. Gemidos? Mais era só o que faltava. Coloquei o travesseiro em meu rosto e me obriguei a dormir.

*

Meu celular tinha despertado e com uma certa dificuldade abri meus olhos. O vento estava frio, mas eu conseguia ver os raios de sol entrarem pela janela. Me sentei no colchão e apoiei uma de minhas mãos em minha cabeça e então as lembranças do dia anterior retornaram em minha mente. Eu estava em Londres. Sorri.
Depois de minutos processando, sai do colchão e não demorei muito para colocar o mesmo em qualquer canto. Em seguida, arrumei os lençóis e coloquei em cima do sofá. Olhei em volta e percebi que eu só tinha hoje para deixar tudo em ordem, pois amanhã seria meu primeiro dia de trabalho. Mal podia esperar. Ao notar que ainda estava de pijama, peguei umas roupas limpas e uma toalha e segui para o banheiro. Tirei minha roupa e liguei o chuveiro, o que eu não esperava era que a água estivesse gelada. Gritei baixinho. Uma droga. Como eu iria tomar banho agora? Nem morta iria tomar banho gelado. Me enrolei na toalha e sai para procurar alguma revista telefônica, mas parei quando percebi que eu não tinha. Droga. O que eu faço? Olhei na direção do fogão e depois pra caixa de panelas bem ao lado. Não demorei pra ir até eles e encher uma panela de água e por para esquentar. Em quanto aquecia, procurei pelo balde e quando achei, enchi com uma boa parte de água fria e em seguida despejei a que estava quente. Tomei meu banho de balde e quando terminei coloquei uma calça legging e uma blusa de manga longa de lã no tom vinho. Fui até a pia do banheiro e fiz minha higiene e depois voltei para sala. Não tinha feito compras, então decidi pegar as coisas que trouxe na bolsa para comer na viagem e fiz um lanchinho. Assim que terminei, respirei bem fundo e comecei com a organização das coisas.

*

Horas tinham se passado e eu estava exausta, mas pelo menos eu tinha arrumado tudo. Eu parei algumas vezes apenas para responder a mensagem do Chris avisando que já estava nos Estados Unidos e que tinha ido para reunião e para enviar uma mensagem para Siena avisando que já estava tudo pronto. Agora minha próxima ação do dia era achar um supermercado para fazer as compras do mês e para ser sincera, não estava muito animada para sair e ficar procurando por toda cidade. Mas, era necessário, Mari. Pensei. Fui até minha bolsa e peguei meus itens críticos para uma saída no dia a dia e então sai do AP. Estava aguardando o elevador quando ouvi uma porta sendo aberta e foi automático eu me virar na direção do som e fiquei surpresa ao perceber que era a tal mulher que estava fazendo sons desconfortáveis ontem a noite. Como eu sei? Bem, ela ter saído do apartamento ao lado foi uma boa pista. Ouvi o sinal do elevador e não demorei para entrar no mesmo, em seguida a tal mulher entrou e pude vê-la mais de perto. Ela era muito bonita. Pernas longas e pálidas e tinha um rosto comprido. Seus cabelos eram loiros e um pouco ondulados e para ser sincera ela estava com uma expressão de quem tinha acabado de namorar essa manhã. Fiquei pasma ao pensar nisso, sério, atrapalhar o sono da madrugada dos outros não foi o suficiente? Fui puxada de volta para realidade quando ouvi o som meio doce e divertido de sua voz.

_ Moradora nova?_ perguntou e sorrio.

_ Como sabe?_ perguntei de volta

_ Bem, eu nunca tinha visto você por aqui._ respondeu dando de ombros.

_ Então você vem sempre aqui_ falei e não tive tempo de pensar no que tinha acabado de dizer.

Ela sorriu e eu pude sentir minhas bochechas arderem de tanta vergonha. Qual é, Mariana. Como teve a audácia de perguntar isso para ela? Bom, talvez pensar que todas as noites irei ouvir gemidos altos e chatos tenha me deixado irritada.

_ Bem, sim._ disse divertida.

_ Há, que bom._ falei, tentando agradar.

_ Me chamo Dakota Steele._ cumprimentou.

_ Mariana Sharma._ respondi.

Sorrimos uma para outra e depois um silêncio reinou sobre nós. Bom, pelo menos era fácil de se comunicar com ela, espero que com outras pessoas também sejam assim.

_ Dakota, perdoe-me pela pergunta, mas você saberia me informar um mercado próximo?_ perguntei.

_ Claro. Nessa mesma rua aqui, siga direto e depois vire a direita. Ande só mais um pouco e logo você vai está no supermercado._ disse.

_ Obrigada._ sorri.

Assim que chegamos na recepção, sai do hotel e segui a orientação de Dakota. O clima estava agradável e a vista era muito bela e não pude deixar de sorrir ao lembrar onde eu estava. Tentei aproveitar o máximo em quanto caminhava, observando tudo ao meu redor. Às localizações dos lugares, as pessoas, as praças, os pombos do outro lado da rua e etc. Já estava apaixonada por esse lugar e sentia que iria me dar bem aqui. Em quanto caminhava e admirava as pessoas,  trombei contra alguém que antes que eu chegasse ao chão, me segurou pela mão.

_ Aí, eu sinto muito mesmo._ falei.

Era um homem. Aparentemente tinha quase a mesma idade que eu e estava me olhando com uma expressão estranha. Droga.

_ Eu estava distraída com a vista e.._ continuei falando feito uma tagarela.

_ Sorry, I have no idea what you're talking about._  disse me oferendo um sorriso tímido.

Minhas bochechas coraram automaticamente quando percebi que estava fazendo papel de idiota falando pelos cotovelos quando nem todos aqui usavam o português como idioma fluente.

_  I am really sorry. It's just that sometimes I think everyone chooses Portuguese._ falei e ele sorriu.

_ No problem. My name is Liam._ respondeu.

_ Hi Liam. I'm Mariana._ disse e ele levou uma de minhas mãos aos lábios e beijou-as de leve.

_ Glad to have met you, Mariana. But now I have to go. Until later._ disse e saiu.

Honestamente, eu precisava colocar em minha mente que nem todos aqui gostavam de usar outro idioma e que eu precisava exercitar mais o meu inglês, pois com tanto tempo estudando o português e criando amor pelo idioma, a maioria das vezes esqueço de usar o inglês, mas isso não vem ao caso. Continuei minha caminhada até o mercado e fiquei feliz por ter conseguido chegar sem passar mais nenhuma vergonha.

Meu querido vizinhoOnde histórias criam vida. Descubra agora