Capítulo 37

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Londres, Inglaterra.
Sebastian Sharpe.

Não fui para clínica hoje, não estava bem e eu não tinha coragem de ver aqueles sorrisos nos rostos daquelas crianças. Tinha a sensação de que choraria ainda mais em vê-las e confesso que também estava fugindo do Harry. Por quê? Bom, ele tem o péssimo hábito de conseguir ver tudo que estou sentindo e eu não queria encarar tudo que tinha acontecido ontem, ainda não. Queria tempo para organizar minhas ideias e o que iria acontecer daqui por diante. Desejei ter um bom vinho agora e me amaldiçoei por tê-lo jogado para longe. Que tipo de idiota faz isso? Você, Bass. Você faz esse tipo de coisa. Af. Precisava tirar o momento de ontem da minha cabeça, não podia pensar em como seus lábios se encaixaram nos meus, em como grunhiu em minha boca e como mordeu meu lábio inferior, não podia pensar no fato de que tinha estado apenas de baby doll na minha frente e de como sua pele era macia sob meu toque ou em como foi ser tocado por ela, ser consolado por ela, me sentir seguro.
Nada disso não teria acontecido se ela tivesse ido como mandei. Mas não, a senhorita teimosia se recusou a me obedecer e agora estávamos nessa situação. Fui tirado dos meus pensamentos quando um som de alguém batendo na porta chamou a minha atenção.

_ que ótimo. _ murmurei enquanto me levantava para abrir a porta.

Quando abri a mesma, me deparei com o Jhon me olhando com uma expressão confusa como se não acreditasse que iria me encontrar no ap. Quem poderia culpá-lo? Eu não deveria estar mesmo aqui, mas era um covarde e não tinha coragem de encarar um garoto. Deixei que ele entrasse.

_ O que foi? _ perguntei fechando a porta.

_ Eu quem deveria perguntar. Você está muito pior que o de costume, sabe. _ comentou ele e eu não duvidei, deveria estar horrível.

_ Não tive uma noite muita boa. _ respondi.

_ Então você e a Mari são dois azarados. Porque ela também estava horrível essa manhã. Sério, também fiquei acordado durante a noite, mas não pareço tão destruído como vocês. _ disse o Jhonny enquanto se sentava.

Confesso que fiquei curioso para saber por que ela não tinha dormido. Culpa é óbvio, mas uma parte de mim quis saber se ela estava tão brava quanto eu por não conseguir parar de pensar na droga do beijo.

_ Hum. Veio somente para me encher o saco? _ perguntei fingindo desinteresse.

_ Como sempre muito receptivo. Mas não, vim para dizer que sexta feira iremos sair. _ falou com um tom divertido.

_ Sair? _ perguntei.

_ Sim. Você, eu, Siena, Dakota, Mari e aquele namorado dela, Chris. _ respondeu dando de ombros.

Mais nem morto. Primeiro que eu não queria ver a Mariana tão cedo e segundo que eu também não queria vê-la com aquele cara responsável pelas infinitas lágrimas dela. Poderia socá-lo somente por abrir aquela maldita boca. Mal o conhecia, mas já tinha uma certa antipatia por ele.

_ Não. _ foi tudo que respondi.

_ Qual é, Bash._ reclamou Jhonny._ precisamos conhecer o cara, afinal é namorado da nossa amiga e ele precisa saber que somos bons amigos para Mari. _ argumentou Jhonatan.

Ri com escárnio.

_ Não. E você é um bom amigo para ela, eu não sou. _ respondi.

_ Qual é. Você acha que eu não sei o que você fez? _ perguntei ele.

Congelei.

_ O que eu fiz? _ perguntei tentando me manter calmo.

_ Ficou com ela na noite do filme lá na Dakota, qual é. Você gosta dela. _ respondeu e eu quase deixou escapar um suspiro.

_ Eu não estou a fim de sair só isso. _ respondi e ele sorriu.

_ Daqui até sexta sua opinião vai mudar. Relaxe cara. _ disse tranquilo.

_ Duvido muito. _ foi tudo que disse.

_ O que tem para beber aqui? _ perguntou enquanto ia até a cozinha e vasculhava minha geladeira.

_ Onde você deixou seus modos? _ perguntei.

_ Em casa. _ respondeu.

_ Pois volte e vá buscar. _ respondi em quanto dava um tapinha em sua mão que estava na porta da geladeira.

_ aí! Você é um cretino miserável. _ respondeu ele e saiu da frente da geladeira.

_ Foda se. Tem suco, quer? _ ofereci.

_ Meu Deus, só tem isso? _ reclamou.

_ Pois agora não terá nem isso, vá embora. _ eu disse fingindo irritação.

_ Não, beleza. Aceito o suco. _ respondeu enquanto tomava a jarra da minha mão.

_ que seja. _ respondi e lhe entreguei um copo.

_ Sinceramente quando é que vai fazer umas comprinhas? _ perguntou ele provocativo.

_ Quando sua mãe me der minha mesada. _ disse provocativo também.

_ Vá para merda. _ respondeu ele e eu sorri.

_ Você é péssimo nessa brincadeira. _ gargalhei.

Jhonatan me mostrou o dedo e preciso admitir que fiquei feliz por ele ter vindo. Não gostei da notícia que me deu, mas fora isso gostava do tempo que passávamos juntos. Éramos amigos a um bom tempo então eu podia ser eu mesmo sem se preocupar com represálias e acontecia o mesmo com ele. Acredito que por isso nos dávamos bem, éramos transparentes, mas também sempre respeitávamos nosso espaço. Isso era bom. Ficamos jogados no sofá durante toda a tarde jogando vídeo game e ele tinha ido comprar uma garrafa nova de vinho. Quase beijei ele por isso, brincadeira, de beijo eu estava correndo.

Meu querido vizinhoOnde histórias criam vida. Descubra agora