Meu querido vizinho

Capítulo 12

Londres, Inglaterra.
Mariana Sharma.

Essa manhã estava mais fria que o comum. Olhei na direção da janela e percebi que chovia, o céu estava cinzento e supus que seria o dia todo assim. Suspirei. Virei para o lado contrário da cama dando de cara com uma quantidade absurda de cabelos ruivos. Siena. Ela ainda dormia. Não fazia de ideia de como e de quando nós viemos para cama ontem a noite, única coisa que tinha certeza era que o filme foi uma porcaria e culpava Siena e seu péssimo gosto para filmes.
Depois de várias tentativas para voltar a dormir, com muito esforço sai da cama e coloquei meu casaco, calcei meus chinelos e fui para cozinha. Nossa! Sabia que nesse período Londres fazia frio, mas não dessa maneira. Preparei o chocolate quente e peguei duas xícaras para despejar o mesmo e depois fiz umas torradas. Siena e eu amávamos torradas com chocolate quente, tinha basicamente virado uma tradição nossa. Em quanto eu esperava ficar pronto, fui até meu celular que tinha deixado carregando e peguei o mesmo para verificar algumas mensagens, havia uma de Dakota, duas do Jhonny e uma mensagem e uma ligação perdida do Christopher. Respirei fundo e verifiquei o horário. 07:30 A.M. Ele já deveria está acordado. Disquei o número.

Chamada • Christopher
- Olá, Mari. C.H
- Olá, Chris. Bom dia. M.S
- Bom dia. Está tudo bem? Eu te liguei ontem e você não atendeu. Fiquei preocupado. C.H
- Ó sim. Sinto muito, eu estava com Siena ontem a noite. Evitei o celular. M.S
- Entendi. Que bom que você se divertiu com ela, Mari. C.H
- Sim, foi realmente divertido. E você? O que fez ontem? M.S
- Jantar de negócios. Meu pai me arrastou para lá. Detesto quando faz isso. C.H
- Há, entendo. Qual é, pode me dizer se você se divertiu, Chris. M.S
- Eu sei, mas você sabe que não gosto tanto de jantares assim. Prefiro ficar no escritório e... (Senhor Chris? Trouxe o seu capuccino do jeito que você gosta.) C.H
- Quem é? M.S
- Apenas minha nova secretária, querida.
- Nova? Porque? Onde está Margot? M.S
- Margot, infelizmente teve que sair, querida. Ela me falou que precisava resolver algumas coisas. C.H
- Há. E fiquei impressionada com a intimidade que a nova secretária tem para chama-lo de 'você' ou 'Chris.' M.S
- Ciúmes, Mari? C.H
- Não. Estou apenas comentando. M.S
- Não fique assim, querida. Você sabe que eu amo você e queria que estivesse aqui apenas para que eu pudesse ver essa expressão linda que você deve está fazendo agora. C.H
- Você se saiu muito bem dessa vez. M.S
- Que bom. O que vai fazer hoje? C.H
- Estou pensando em sair com Siena. M.S
- Sair? Com quem? C.H
- Ciúmes, Chris? M.S
- Não. Curiosidade. C.H
- Enfim, até agora só vamos ela e eu mesmo, não sei depois. E você? M.S
- Ainda não sei. Daniel me chamou para irmos beber hoje a noite, porém não estou muito no clima. C.H
- Você deveria ir. Trabalha muito e merece um pouco de diversão. M.S
- Mari, eu sei que você não gosta muito dele. C.H
- Sim, eu não gosto. Mas, você gosta e eu confio em você. M.S
- Você é perfeita, sabia? C.H
- Sim. Tenho que desligar agora, até mais. M.S
- Até. C.H
Chamada encerrada.

Finalizei nossa chamada e em seguida coloquei o chocolate quente nas xícaras e as torradas no pratinho. Peguei ambos e segui para o quarto onde vi Siena com a cabeça enfiada em baixo do travesseiro e com o corpo todo enrolado. Sério, como é que ela não se sente sufocada aí? Só de olhar eu fico para morrer. Deus me livre.

_ Sie, acorde._ falei em quanto colocava o prato em cima da cama.

"Hungrh" foi o que eu acredito que ela tenha me respondido.

_ Sério. Eu fiz torradas com chocolate._ disse.

Foi instantâneo Siena se desenrolar da coberta e abri um sorriso de orelha a orelha para mim. Sorri também, mas não sei dizer se foi por conta da velocidade que ela se desenrolou ou por conta de sua reação ao sentir aquele frio absurdo contra sua pele quente.

_ Caramba! Não imaginei que aqui faria tanto frio assim._ comentou e passou a coberta por cima dos braços.

Siena segurou a xícara e logo bebeu um pouco do chocolate e poderia dizer que ela quase gritou de alegria ao ingerir o líquido quente em um tempo frio como aquele. Imitei gesto e em seguida mordi um pedaço da torrada.

_ Se continuar chovendo assim, adeus ao meu encontro de hoje._ comentou ela.

_ Está falando sério mesmo?_ perguntei um pouco incrédula.

_ E porquê não?_ respondeu empolgada e bebeu mais um pouco do chocolate.

Não sei porque eu estava tão chocada. Havia dito ao Chris que iríamos sair, mas eu não sabia que ela levaria a sério o lance de casual e o pior é que eu sabia que Siena não mudaria de ideia tão rápido, quando põe algo na cabeça só um milagre para convencê-la do contrário.

_ Eu nem irei questionar._ disse por fim.

_ Até porque você sabe que não iria conseguir, não é mesmo?_ debochou.

_ Para onde vamos?_ perguntei.

_ Não sei. Minha prima não sai muito, então eu não faço a menor ideia para onde iremos._ respondeu.

Estávamos quase desistindo devido nossa falta de conhecimento desse lugar quando me veio a mente que poderia pedir uma indicação para Dakota ou para o Jhonatan. Levantei e corri até a sala para pegar meu celular e em seguida voltei para o quarto, percebi que eu ainda não tinha visto a mensagem que o Jhonatan tinha mandado, então não demorei muito para visualizar a mesma. Quase sorri com a terrível coincidência na qual me encontrei, ele tinha feito um convite para sair com ele, Dakota e mais um amigo e na sua outra mensagem estava escrito que eu não poderia recusar uma oferta de conhecer os lugares mais incríveis de Londres e disso eu não pude discordar. Droga. Olhei para Siena que me encarava desconfiada e disse.

_ Querida, Siena. Nós fomos convidadas para conhecer um dos lugares mais legais de Londres._

_ Sério?! Não acredito nisso. Quem convidou?_ perguntou erguendo uma sobrancelha.

_ Meu amigo, Jhonatan._ falei e ela soltou um gritinho.

_ Vamos às compras!_ berrou ela.

_ Está chovendo._ reclamei.

_ Mariana, quando você vai entender que nada nesse mundo pode me impedir de fazer uma boa compra?_ falou ela em quanto pulava da cama.

_ Está muito cedo._ briguei.

_ Não quero ouvir nem mais uma palavra. Já para o banho._ disse.

Eu não ousaria contraria-la. Quando se tratava de moda, Siena era muito instável e realmente poderia brigar comigo por isso, então fechei meu lindo rosto e segui emburrada para o meu querido banheiro.