capítulo 29

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Londres, Inglaterra.
Sebastian Sharpe.

Não estava conseguindo dormir e não sabia se o motivo era por causa das coisas que falei para ela ou porque tinha encontrado o tal do Chris na porta da Mariana esperando ela aparecer para recebê-lo. Sinceramente, esperava que ele ficasse esperando por um bom tempo, porém acho que faltou um pouco mais de dedicação em minha torcida já que quando saí ele já não estava mais lá. E agora eu estou aqui, me forçando a dormir, porém com pensamentos irritantes na cabeça. O que há Sebastian? É o namorado da garota. Isso mesmo, aquele que a pouco tinha feito ela sofrer e ido ficar de gracinha com outra mulher e que nesse momento devesse estar em cima dela, fazendo coisas que pensa ter direito. Inferno. Levantei-me da cama com esse último pensamento.

_ Preciso de álcool. _ falei para mim mesmo.

No caminho para cozinha quase me arrependi de não ter colocado uma camisa de frio, mas supus que um Bourbon esquentaria o meu sangue gelado. Coloquei um copo em cima do balcão e em seguida despejei o líquido nele, não perdi tempo e virei o mesmo na boca.

"Porra."

Mais que merda é essa? Quase coloquei minha bebida para fora ao pensar que aquele som só poderia indicar uma coisa e meu corpo todo se arrepiou ao pensar nisso. Que pouca vergonha era essa? Eles não sabem que as paredes são finas? Que eu posso ouvir essa merda toda? Não pensaram que podiam incomodar os outros? Que podiam me incomodar? Droga.
Minha vontade era de ir até a casa dela e dizer umas verdades, mas depois de pensar o quão idiota eu pareceria, mudei de ideia. Era tarde e eu precisaria acordar cedo, então voltei para o quarto e tentei dormir.

***
A clínica estava cheia e a maioria dos pequenos pacientes estavam muito agitados, o que não era muito incomum quando se tratava deles. Kamila e Jeffrey estavam no corredor falando sobre algo que não consegui ouvir direito, mas ao me verem ambos sorriram aliviados. Ergui minha sobrancelha e me aproximei deles.

_ Bom dia. _ cumprimentei um pouco cansado.

_ Bom dia, Sebastian._ respondeu Kamila e notei algo estranho no seu semblante.

_ O que houve? _ perguntei para ambos.

_ Às crianças hoje estão muito animadas com o que Kamila e eu preparamos. _ Respondeu Jeffrey.

_ Mas? _ perguntei novamente.

_ Mas o Harry se recusa a sair do quarto e não fala com ninguém. Estamos preocupados e já não víamos a hora de você chegar. _ respondeu Kamila.

De repente todo cansaço havia sido substituído por preocupação e medo. Harry não era o tipo de garoto que se fechava, pelo contrário. Era positivo, um pouco teimoso e adorava cismar com tudo que eu falava. Sem perder tempo, fui até seu quarto e quando entrei, o vi sentado na cama com um olhar distante. Me aproximei calmamente dele e torci para que ele se animasse quando me visse, mas sua reação foi o que me destruiu por dentro. Harry direcionou seu olhar para mim e ao contrário do brilho habitual que surgia sempre que eu estava com ele, algo sem esperança pareceu tomar seu lugar.

_ Olá, Harry. _ comentei, baixinho.

_ Olá. _ respondeu sem animação.

_ Por que não está praticando as atividades com os outros? _ perguntei, cauteloso.

Dessa vez sua resposta não foi imediata, o que me fez reprimir um suspiro de temor.

_ Não quero estar com eles. _ respondeu.

Eu estava checando seus batimentos cardíacos e também sua respiração. Estava normal para o meu alívio, mas ao ouvir sua resposta, olhei pra o menino de cabelos pretos a minha frente.

Meu querido vizinhoOnde histórias criam vida. Descubra agora