Capítulo 43

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Londres, Inglaterra.
Mariana Sharma.

Os raios de sol entravam pela janela do quarto, mas eu já tinha acordado muito antes dele. Eu não tinha conseguido dormir depois de ontem e também tive que acompanhar o Chris até o saguão, pois o mesmo teve que voltar ao EUA para resolver alguns negócios. Restava apenas Siena e eu o que era bom, pois eu poderia por meus pensamentos em ordem. Eu tinha dito ao Sebastian que devíamos nos afastar, mas eu não imaginava que iria querer mudar de ideia tão rápido e olha que eu não era nem próxima assim dele, mas estava sentindo falta das horas que conversávamos e também da noite em que ele preparou o jantar enquanto eu apenas assistia e bebia o vinho. Gostava de como prestava atenção enquanto eu desabafava e falava coisas sem pensar e em como ele debochava e ria de tudo.
Talvez não fosse uma boa ideia decidir parar de falar com ele. Nesse exato momento, pensei em como o Chris fora carinhoso comigo enquanto fazíamos amor, em como beijou cada parte do meu corpo e falou que me amava. Fechei meus olhos e senti seus lábios contra o meu, macios e calmos e com gosto de bala, diferente do Sebastian que tinha sabor de vinho e menta e que era  selvagem e dominador. Aí, isso não fazia parte dos meus planos. Não mesmo. Coloquei minhas mãos no rosto e murmurei alguns palavrões.

_ Bom dia. _ sussurrou Siena ao meu lado da cama.

_ Bom dia. _ respondi ainda com minhas mãos em meus olhos.

_ Minha cabeça está doendo muito. _ reclamou ela e pude sentir quando se virou para mim.

_ Isso que dá beber demais. _ respondi e sorri ao pensar em como ela estava viva ontem.

_ Unf. Eu fiz alguma coisa de errada? _ eu tive que tirar minhas mãos do rosto só ouvir sua pergunta. _ aí meu Deus, o que eu fiz? _

_ Simplesmente perguntou ao Jhonatan se tinha muito tempo que ele levou alguém pra cama. Há, e depois quis ir para cama com ele. _ respondi e pude ver sua cor ir toda embora.

_ HÁ! está brincando, não é? _ perguntou enquanto se sentava na cama.

Imitei seu gesto enquanto eu sorria um pouco, apesar de ser errado, não pude evitar.

_ Não, realmente perguntou e o Chris ainda apoiou sua ideia. _ complementei a frase.

_ Quê? Então nós marcamos? _ perguntou ela, dessa vez parecia um tomate de tão vermelha.

_ Não. _ disse e o sorriso se desfez um pouco.

_ Obrigada por ter me impedido. _ agradeceu ela.

_ Na verdade, não fui eu. Foi o Sebastian que a impediu. _ respondi e Siena corou ainda mais.

_ Ele fez isso? _ perguntou.

_ Ele não queria que vocês fossem para cama ambos inconscientes e também não queria que o amigo fosse chamado de aproveitador e um escroto depois que você acordasse. _ expliquei.

_ Nossa. Foi muito legal da parte dele._ disse ela.

Meu estômago revirou. Acredito que ela tenha notado minha mudança na expressão já que assumiu um tom delicado ao perguntar.

_ E vocês? Notei um clima bem estranho na mesa ontem. _

_ Não existe vocês. Não vamos mais nos falar e ponto, não tem nem mais amizade. _ respondi.

Quando absorvi aquelas palavras senti aquele maldito desespero tomar conta mim. Nós não iríamos mais nos falar. Seríamos estranhos de novo. Não existe mais amizade. Que seja. Tais palavras se repetiram em minha mente.

_ Não quero conversar sobre isso. _ falei e ela apenas assentiu.

_ Eu não acredito que eu perguntei aquilo para o Jhonatan! AH! QUE VERGONHA. _ reclamou ela.

_ Tem mais, você ainda teve a ousadia de dizer que não iria com ele porque ele era um bruto e não sabia pedir. Jhonny olhou para você e falou "Siena, minha belíssima ruiva. Permita me ir para cama contigo?"_ tentei imitar a voz do Jhon nessa última parte.

_ AI MEU DEUS! _ gritou Siena e em seguida pôs um travesseiro no rosto e gritou ainda mais.

Não consegui evitar, comecei a gargalhar e ela me bateu com um travesseiro. Ri ainda mais.

_ Você não me deixou ir para cama com ele depois disso? Odeio você. Odeio o Bass. _ disse ela fingindo estar irritada.

_ Que ousada. _ provoquei. 

_ Apenas por isso você me deve um excelente café da manhã. Outra coisa, como um bônus, quero que vá na farmácia comprar aspirina. _ respondeu ela em um tom de criança bem autoritária.

_ Eu só vou porque tenho que ir à padaria, se não, morreria com sua dor de cabeça. _ falei enquanto me levantava.

_ Cruela._ berrou ela, sorrindo.

Caminhei até meu guarda-roupa e peguei uma blusa de frio, troquei meu short e prendi o meu cabelo no alto. Fiz minha higiene pessoal e fui em direção a minha porta, tinha pegado minha carteira e celular e quando abri a porta dei com a cara na Dakota, ela estava com o cabelo bem bagunçado, suas roupas amassadas e com um olhar contente. Tinha passado a noite aí. Tinha ido para cama com ele. Não sabia como estava me sentindo, apenas sabia que aquela situação estava me sufocando. Com certeza o Bass estava muito feliz, tinha feito as pazes com ela. Certo que ela é a namorada dele ou sei lá. Era normal e eu tinha que aceitar, afinal não era da minha conta. Dakota abriu um sorriso ao me ver e logo estava grudada em mim, retribuí o abraço bem desconfortável.

_ Bom dia, Mari! _ cumprimentou ela.

_ Bom dia, Dak._ respondi tentando soar tão empolgada quanto ela.

_ Estava de saída? Ou melhor, quais os planos para hoje? _ perguntou ela.

_ Sim, estou indo na padaria e depois comprar uma aspirina para Siena. _ comentei enquanto seguimos para o elevador.

_ Menina, não me lembre dessa dor de cabeça, é um inferno, por isso nunca gostei de beber. O Bass me deu uma mais cedo também. _ disse ela

Eu sou uma pessoa escrota e egoísta. Como eu podia ficar infeliz por ela está bem com o Bass? Não era isso que eu queria? Que eles ficassem bem um com o outro? Então por que eu queria acabar essa conversa o mais rápido possível? Ela era minha amiga, óbvio que iria dividir sua felicidade comigo, mas pelo visto eu não era a sua, já que não estava particularmente feliz ao ouvi-la. Conversámos por mais alguns minutos antes dela entrar no seu carro e sair dali, fiquei feliz por estar sozinha. Era difícil evitar disfarçar as minhas inquestionáveis perguntas. Fui para a padaria e depois segui para a farmácia e ao retornar, torci para não o encontrar.

Meu querido vizinhoOnde histórias criam vida. Descubra agora