Meu querido vizinho

Capítulo 20

Londres, Inglaterra.
Mariana Sharma.

Era manhã e eu preciso dizer que não tinha tido uma boa noite de sono por três motivos: Siena não parava de se mexer durante o sono, eu não conseguia parar de pensar no Chris e ter divido os meus sentimentos com o Sebastian não era algo que me deixava confortável agora. Droga.
Me virei para ficar de frente para Siena, mas a mesma parecia ainda está em sono profundo, acorda-la agora seria praticamente impossível, mas ainda assim tentei.

_ Siena, acorde. Já é manhã._ disse um pouco baixo.

Nem um sinal de que ela iria acordar. Revirei os olhos e então me levantei, não iria perder meu tempo tentando acordá-la. No momento que eu estava chegando na cozinha meu estômago fez um barulho e soube que precisava comer urgentemente. Abri meus armários, mas esqueci que eu não tinha comprado nada para o café da manhã. Merda. Segui para o banheiro onde tomei um banho rápido e realizei minha higiene bucal e voltei para o quarto, coloquei uma calça jeans escura, uma camisa e por cima coloquei um sobretudo preto. Quando terminei de me aprontar, peguei minhas chaves e bolsa e segui em direção a saída do meu AP. Estava guardando a chave quando a porta do lado se abriu revelando o Sebastian que usava uma calça jeans e também um sobretudo vinho. Lhe caia bem, eu precisava admitir. Assim que ele percebeu minha presença, ambos ficamos um tanto sem jeito devido o que aconteceu ontem, mas rapidamente me recuperei e então disse.

_ Bom dia. _ cumprimentei.

Ouvir minha voz parece ter tirado ele do transe e então o mesmo fez uma expressão de quem estava prestes a falar algo idiota.

_ Uau. Primeira vez que recebo um bom dia seu. _ respondeu irônico.

Eu estava prestes a responder de maneira mal-educada quando percebi um pouco de diversão em sua voz.

_ Bem, não é todo dia que me sinto generosa. _ respondi dando de ombros.

_ Parece que alguém está melhor. _ disse ele e deixou escapar um sorriso fraco.

Não fazia ideia do porquê, mas senti as minhas bochechas arderem de vergonha. O que estava acontecendo comigo? Desde quando eu sinto vergonha dos comentários idiotas dele? Com um reflexo que não sabia que tinha, olhei pra baixo com o intuito de que ele não as visse, pois tinha certeza de que ele iria me provocar para o resto da vida e ninguém queria isso.

_ Sim, estou. _ respondi.

Ficamos em silêncio por uns minutos e dessa vez foi eu quem tomou a iniciativa de falar.

_ Seria estranho se eu perguntasse para onde está indo? _ perguntei tentando não parecer nervosa.

Sebastian arqueou sua sobrancelha, mas logo disse.

_ Sim, seria estranho. Mas, como estou de bom humor irei responder, estou indo na padaria. _ respondeu normalmente.

_ Há, entendi. _ foi tudo que disse.

Eu não diria que eu estava indo para lá também então apenas dei as costas para poder adiantar, mas sua voz me parou.

_ E você? _ perguntou ele.

_ Padaria. _ respondi.

_ Entendi. _ respondeu.

Entramos no elevador e esperamos até que nós estivéssemos no saguão. Assim que o elevador se abriu, me apressei e passei pela recepção e com um sorriso gentil cumprimentei o moço da recepção. Depois de receber um belo sorriso de retribuição, passei pela porta e comecei minha caminhada até a padaria mais próxima, o que eu não esperava era ver a sombra de alguém ao meu lado. Rapidamente me virei e o vi andando tranquilamente como se não fosse a coisa mais estranha do mundo nós dois sairmos juntos. Eu estava quase correndo para sair de perto dele quando o mesmo fez uma expressão confusa no rosto e foi automático as palavras saírem de minha boca.

_ O que foi? _ perguntei confusa.

_ Você. _ respondeu.

_ Eu? _ perguntei novamente.

_ Aparentemente com os outros parece ser uma pessoa adorável, mas comigo é insuportável. _ disse ele.

Contive um riso sarcástico.

_ Bela observação. _ respondi irônica.

_ Me odeia? _ perguntou.

Foi automático parar de caminhar e erguer meu olhar para ele. Sebastian fez o mesmo que eu e então ficou me observando como se esperasse minha resposta. Enquanto o encarava, os meus pensamentos voltaram para o dia em que ele não me deixou continuar andando na chuva e em como me ajudou a arrumar o meu chuveiro e também na noite de ontem. Na forma como ele  conversou comigo e me fez esquecer as coisas que tinham acontecido com o Chris. Porém, também pensei em como ele tinha sido o pior vizinho de todos, em como implicou com a música e depois com os gemidos e também por eu gostar de pandas. Unf! Babaca. Então tive a minha resposta.

_ Não. Não odeio você. _ respondi e em seguida voltei para minha caminhada.

_ entendi. _ respondeu.

_ E você? Me odeia? Não que eu me importe. _ perguntei fingindo dar de ombros.

Ele também demorou um tempo para pensar e acredito que assim como eu, ele pensou desde o dia em que nos conhecemos até agora. Essa espera estava me matando, mas não poderia dizer nada ou ele iria achar que eu realmente me importava com sua opinião, mas agradeci aos céus quando ele disse.

_ Não. _ respondeu e pude ouvir um suspiro vindo logo atrás da resposta.

_ Bom, não é o que parece. _ provoquei.

_ Você precisa relevar, Mari. Você é irritante, certinha e organizada. Fora o fato de que não aprecia uma boa música. _ respondeu dando de ombros.

_ O que? Sebastian, eu gosto de jazz! Não há nada melhor do que jazz. _ respondi.

_ Como assim? você não pode nem dançar de um jeito divertido ouvindo isso. _ rebateu.

_ Jazz é bom para você apreciá-lo enquanto degusta um bom vinho _ respondi.

_ Bom vinho? _ perguntou.

_ Sim, muito bom para alma se quer mesmo saber. Deveria experimentar. _ disse e sorri fraco.

_ Apenas se você ouvir uma boa música dos anos 80. _ respondeu e levou seus braços para trás da cabeça.

_ Eca. Nem para ver._ disse divertida.

_ Olha, você nem comece. _ respondeu me olhando fingindo seriedade.

Depois de analisarmos essa cena ridícula rimos e então caminhamos mais rápido para comprar os pães e voltamos para casa.