Capítulo 4

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Londres, Inglaterra.
Mariana Sharma.

Estava literalmente cheia de sacolas e por motivos que desconheço, o recepcionista não estava no saguão quando cheguei, então tive que me virar até o elevador. Parei em frente ao mesmo e me esforcei ao máximo para apertar o botão, porém se me esticasse mais iria derrubar todas as minhas compras. Ótimo. Pensei em colocar minhas compras no chão, mas nesse departamento eu sou meio chata, principalmente com alimentos, então estava pensando em outra solução quando percebi que alguém tinha o feito.

_ Quer ajuda?_ perguntou.

Me virei para ver o dono da voz e me surpreende ao ver o mesmo homem que encontrei no elevador quando estava indo na pizzaria.

_ Agora você quer ajudar?_ perguntei, irônica.

_ Boa sorte então._ falou dando de ombros.

_ Tudo bem, aceito._ disse.

_ Bom, agora estou de saída._ respondeu.

_ Como de saída? Você não vai subir?_ perguntei.

_ Irei de escada._ respondeu.

_ São seis andares!_ falei.

_ Prefiro a sensação de paz ao subir as escadas, do que ficar preso em um elevador com alguém mal agradecida._ deu de ombros.

_ Eu não sou mal agradecida!_ respondi com um pouco de irritação.

Ele não respondeu e apenas se virou e seguiu no que eu supus ser o caminho das escadas. Que homem mais ridículo, talvez ele devesse olhar mais para si mesmo antes de pensar em falar de alguém. Fui tirada do meu pequeno surto quando o elevador se abriu e eu entrei no mesmo, minutos depois eu estava em casa e colocava minhas compras em cima da mesa.
Tirei todas as compras do saco e então guardei nos seus devidos lugares, em seguida peguei a panela e coloquei uma água de arroz no fogo e cortei umas batatas para fazer um purê. Depois caminhei até minha estante e coloquei no som um bom e calmo jazz, som ambiente era tudo para mim , sem contar que me fazia relaxar. Peguei uma garrafa de vinho e tirei a rolha dela, derramando uma boa quantidade de vinho em uma taça, provei e quase dei um gritinho ao sentir o sabor delicioso que estava, bebi mais um pouco e então peguei meu celular e enviei uma mensagem para Siena.

De Mari:
- Não existe nada melhor do que uma boa dose de vinho com um bom jazz.

Enviei a mensagem e em seguida recebi uma do Chris.

De Christopher:
- Olá, querida. Minha reunião terminou agora. Como está o seu dia?

De Mari:
- Tudo correu bem? Meu dia está indo bem, estou preparando o almoço. E o seu?

De Christopher:
- Cansativa. Os investidores como sempre exigentes e com opiniões muito difíceis, mas com sorte irá correr tudo bem nos próximos dias.

De Mari:
- Imagino. Bom, cabeça erguida. Você é brilhante.

De Christopher:
- Obrigada, Mari. Preciso ir agora. Até mais.

Com essa última mensagem sai do seu chat e deixei o celular de lado. Siena tinha dito que iria para um ateliê e eu duvido que ela veja qualquer uma de minhas mensagens agora. Tomei mais um gole do vinho e em seguida coloquei a taça em cima da mesa para poder terminar de fazer o almoço, estava um pouco ansiosa e receosa para o dia de amanhã. Chris poderia ter razão em certas coisas, mas eu não poderia pensar no pior logo de início, não é? Tenho que ser positiva. Sempre fui e não tenho porque mudar agora. Respirei fundo e então assim que o almoço ficou pronto fui comer, estava faminta esses dias, acho que foi por conta da ansiedade que eu estava nessa última semana, mas não vem ao caso. Terminei de comer limpei toda cozinha para que não restasse nenhuma sujeira na mesma e depois fui para o sofá onde me deitei e fiquei ouvindo meu bom jazz.

*

Ao cair da noite eu já tinha preparado minha água para tomar banho e assim que me lavei, vesti minha calça de moletom do urso e coloquei um top da Calvin Klein preto, prendi o cabelo no topo na cabeça e passei um pouco de hidratante de cereja no corpo.
Segui para cozinha e preparei um chocolate quente para mim e depois me deitei no sofá, onde coloquei um filme para poder passar o tempo. Siena tinha respondido e comentou que estava animada para começar o trabalho e tinha me mandando várias fotos das roupas que ela mais aprovou, aproveitei para pedir que ela fosse comigo em algumas lojas para escolher algumas peças de roupas para mim. Eu era detalhista em tudo, menos em minhas roupas, se fosse por mim, eu sairia com qualquer coisa na rua, o que normalmente deixava Siena irritada e fazia com que ela usasse como argumento o fato de eu ser arquiteta e precisar está apresentável. Perdia os meus argumentos na hora. Honestamente, não sei o que seria de mim sem ela e acredito que estava mais feliz por dividir os melhores momentos da minha vida com ela, sério. Ela estava em todas as minhas conquistas, não consigo existir sem ela, mas enfim.
Estava tão concentrada em uma cena da série, que mal estava piscando direito para não perder nenhum detalhe quando um som meio alto tomou conta dos meus ouvidos, isso só poderia ser brincadeira de péssimo gosto. Olhei a hora no celular e era 19:40 P.M. Para mim, isso não é hora de está com o maldito do som ligado e ainda mais com uma porcaria de música que parecia ser da década de 80. Palhaçada.
Eu estava me controlando para não bater na porta desse ou dessa miserável que tanto me incomodava quando o som foi desligado. Sorri de orelha a orelha ao pensar que alguém podia ter reclamado. Mas, obviamente estava enganada, pois além do som que tinha voltado, agora o ser humano também estava cantando, mas o que me fez levantar e ir até lá foi ouvi-lo cantar em voz alta, "Eye Of The Tiger."

Meu querido vizinhoOnde histórias criam vida. Descubra agora