Londres, Inglaterra.
Mariana Sharma.Estava praticamente esmurrando a droga da porta ao lado da minha e continuaria batendo até que quem quer que seja abrisse a mesma. Não é possível que mais ninguém tivesse ouvindo esse absurdo, mas o pior era o fato que estava atrapalhado a minha série e isso é inaceitável. Bati mais algumas vezes e quando a pessoa abriu a porta uma onda de irritação me atingiu como um golpe.
_ Só pode ser brincadeira._ falei ao notar o par de olhos azuis que propositalmente não tinha notado antes quando nos encontramos no elevador.
_ Gostaria de saber se pretende colocar outra porta no lugar dessa._ respondeu dando de ombros.
_ Eu não estaria aqui se não fosse por sua falta de bom senso!_ disse, irritada.
_ Minha falta de bom senso?_ repetiu.
_ Exatamente! Está muito tarde para que você fique ouvindo uma porcaria de música nessa altura para incomodar os vizinhos._ falei.
_ Porcaria de música!? Essa foi demais. Achei que sua falta de bom gosto era só para roupas, mas estou vendo que é para música também._ disse irritado.
Como ele ousa?! Olhei para minha roupa e vi que estava com minha calça do urso e de top.
_ Eu tenho bom gosto para roupas!_ falei e torci para acreditar no que eu estava dizendo.
_ Há, com certeza e por que motivo está com as bochechas coradas? _ respondeu cruzando os braços.
Eu definitivamente não gostava desse cara, um miserável arrogante que com toda certeza não estava nem aí para ética. Minha vontade era de enterrar meu punho naquele rosto insuportável dele, mas não iria gastar esforços com ele. Não mesmo. Cruzei os braços assim como o mesmo e o vi erguer a sobrancelha como se soubesse que falaria mais alguma coisa e quer saber, eu iria mesmo.
_ E tem mais!_ falei e ele riu com escárnio.
_ Mesmo?_ perguntou, debochado.
_ Tente fazer menos barulho ao ir para cama com uma mulher. Vocês me incomodam!_ disse e vi seus olhos brilharem em diversão.
_ Eu não tenho culpa se tenho esse efeito nas mulheres._ falou de uma forma sexy e eu fiquei vermelha de ódio.
_ Porco!_ respondi revoltada e dei as costas para voltar para casa.
Bati a porta com tanta força que em seguida me arrependi de ter feito. Mas, sério. Que cara mais idiota. Quem é que fala de se mesmo dessa maneira? É nojento. Ao me jogar no sofá reparei que o som tinha sido desligado e quase fiquei agradecida se não fosse obrigação dele parar de incomodar a vizinhança. Eu estava tão nervosa que não ia conseguir nem prestar atenção na série, então desliguei a tv e segui para o quarto onde tentei ter uma boa noite de sono.
*
Antes mesmo que o despertador tocasse eu já havia levantado. Estava tão ansiosa que não me importei em tomar um banho gelado. Em seguida, decidi por usar uma calça jeans escura e coloquei uma camisa de manga longa no tom lilás, pus um sobretudo preto por cima, deixei meu cabelo preso no topo da cabeça e decidi usar um salto para ganhar mais postura. Tomei meu café e em seguida fiz minha higiene bucal, fui até minha bolsa e abri a mesma conferindo se tudo estava nela, depois peguei meu celular para conferir o horário e acabei vendo um SMS do Chris.
De Christopher:
- Bom dia, querida. Boa sorte hoje.Preciso admitir que fiquei radiante com a sua mensagem e não demorei para responder. Em seguida guardei o celular e sai do apartamento, pedi um táxi e mostrei o endereço do edifício ao motorista, o mesmo acenou e começou a conduzir. Eu diria que minha viagem estaria tranquila e silenciosa se não fosse minha mente agitada, estava morrendo de medo de não me sair bem em meu primeiro dia, tinha que causar uma boa impressão ou não iria conseguir me perdoar.
_ Primeiro dia?_ perguntou o motorista.
_ Sim. Está tão óbvio assim?_ perguntei e sorri um pouco nervosa.
_ Sua expressão está um pouco tensa._ falou gentil.
Meu coração acelerou ainda mais, se o taxista tinha conseguido notar minha ansiedade, já posso imaginar o que vai acontecer quando aquelas pessoas me virem.
_ Fique tranquila. Há senhorita me parece uma pessoa dedicada ao que faz._ disse e eu não pude evitar de sorrir.
_ É muita gentileza de sua parte. Obrigada._ respondi.
Ele ofereceu-me um sorriso e sua concentração voltou para o trânsito. Sinceramente, me senti até melhor depois de tais palavras, as pessoas aqui são muito gentis e simpáticas, com exceção daquele meu vizinho. Mas, ele não é importante. Estávamos em silêncio quando eu resolvi puxar conversa novamente.
_ Achei que o senhor falasse apenas inglês._ disse e ele me olhou divertido.
_ Era assim a princípio, mas quando comecei a trabalhar de taxista, precisei aprender outro idioma se quisesse me destacar._ falou.
Eu realmente estava surpresa com sua resposta e com sua dedicação ao trabalho. Aprender um novo idioma para que pudesse compreender seus passageiros era muito impressionante.
_ Qual o seu nome?_ perguntei.
_ Xavier. E o da senhorita?_ devolveu a pergunta.
_ Me chamo Mariana._ disse e ele sorriu.
_ Bem vinda a Londres, senhorita Mariana._ respondeu gentil.
O trajeto foi bastante proveitoso e divertido até chegarmos ao destino. Aproveitei para tirar minhas dúvidas e perguntar sobre pontos turísticos aqui em Londres, também pedi o contato dele para casos de emergências e o mesmo pareceu bastante satisfeito com isso. Estávamos no meio de uma conversa quando ele disse.
_ Chegamos, senhorita._
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Meu querido vizinho
RomanceMudar geralmente é uma decisão muito difícil, principalmente quando o futuro parece tão incerto. Muitas pessoas estão acomodadas e acostumadas com a rotina que levam que tem medo do novo, medo de que alguma mude e estrague a vida "perfeita" que se e...