Barão
Depois de ver como meus cria tinham ficado no dia anterior, eu decidi que ia tirar a tarde de folga pra ficar com eles. Voltaria pro QG a noite, pra resolver o que precisava ser resolvido. Até dei uma folga pra Jú também, pra ela poder descansar um pouco.
Tava faltando só o Matheus, que tinha ido ver a tia. Mas mandou mensagem dizendo que ia trazer a Isabela aqui pra casa.
Não me importei muito. Eu não gostava de ficar recebendo gente nas minhas casas, mas a garota era de boa. Então só continuei curtindo a piscina junto com o Davi. O Gabriel tava sentado do lado de fora, só com os pés na água, mexendo no celular.
O AK tava maluco pra entrar na piscina, mas era muito pesado e não se aguentava com o próprio peso, eu ficava gastando com a cara dele e o Davi só ria.
Davi: O pai, pai, pai - ele me chamou, na borda da piscina - Vem fazer gol.
Eu fui correndo tirar ele da piscina, pra gente poder jogar um futebolzinho na grama. O Gabriel animou e veio jogar junto com nós dois.
Uns cinco minutos depois o AK começou a latir pra caralho, dentro da sala de casa, e logo o Matheus apareceu, puxando a tia.
Isabela: Oi - ela cumprimentou, levantando a mão pra dar um tchauzinho. O Gabriel foi correndo pra dar um abraço nela - Oi, cara. Achei que você fosse junto com o seu irmão.
Lobo: Tava meio ocupado dormindo, Isa. Foi mal.
Ela negou com a cabeça, estreitando os olhos pra ele.
Eu maneei a cabeça cumprimentando ela, quando me encarou.
Davi: Quem é papai? - ele perguntou, dando duas batidinhas no meu rosto, com as mãos pequenas.
Barão: Matheus - chamei o menor, que me olhou - Apresenta a tua tia pro teu irmão.
O Matheus veio pegar o Davi, e eu passei pra dentro de casa, indo pegar uma cerveja. Vi um bolo encima da mesa, provavelmente era coisa da Isabela, porque ele não tava ali antes. Ignorei, mesmo que aquilo cheirasse muito bem, e voltei pra varanda.
O AK tava rosnando pra Isabela, e o Gabriel tentava acalmar ele, mas acho que o cachorro não tinha ido muito com a cara dela não.
Falcão: Eita, dona Isabela, já chegou fazendo inimigos na quebrada - gastou.
Ela fez uma careta.
Isabela: Deve ser mal de pitbull.
Deixei a minha cerveja e fui até o meu filho, pegando o AK no colo, e dando uma acalmada nele, antes que ele saísse mordendo a garota. Eles entraram pra dentro da casa, levando o Davi junto com eles, e eu continuei marolando por um tempo, até o cachorro ficar calmo.
Barão: Ta vendo como esses ingratos são, né AK? É só aparecer um rabo de saia, que eles me trocam rapidinho - o cachorro latiu, pulando em mim, quando eu levantei do chão pra ir pegar a minha cerveja - É, pô, to te falando. No fim vai ser só eu e tu mermo.
Entrei em casa mais uma vez, vendo eles arrumando a mesa pra tomar café.
Davi: Bolo, papai - ele comemorou, batendo palmas.
Vi a Isabela sorrindo pra ele, e eu dei um sorrisinho pra ele, antes que ela visse. Não gostava de render papo pra ninguém, que não fosse da minha família. Minha postura era sempre intacta, a maior cara de vagabundo, bandido, com boné pra trás. Dentro da minha casa, junto com os meus filhos, eu era uma parada, com qualquer outra pessoa o papo era de poucas ideia.
Lobo: Vem comer com nós, pai.
Eu concordei com a cabeça, mas antes fui me enrolar uma toalha, pra não sair molhando a casa inteira. Fiquei quieto, comendo o bolo, maior tempão, os três conversaram sobre várias fita e as vezes o Davi se metia, falando uma parada ou outra. Ele tinha curtido a Isabela também.
Depois que eu terminei de comer o meu bolo, fiquei na sala assistindo reprise de jogão do mengão que tinha rolado no mês passado.
Depois de uns vinte minutos e a Isabela apareceu junto com os meus filhos. O Matheus emburrado, e o Gabriel sossegado.
Isabela: Eu tô indo. Obrigada por ter me deixado vir, Barão.
Eu concordei com a cabeça, olhando pra roupa da doida, que tava de casaco naquele calor.
Barão: Tu tem como voltar?
Isabela: Tenho sim, tá tranquilo.
Deixei a minha garrafa de cerveja vazia, no chão.
Barão: Marca dez aí, vou tomar um banho e já desço, te levo até tua casa.
Isabela: Não - ela negou rápido demais, me fazendo parar de andar - Não precisa, obrigada. Tá tranquilo de verdade.
Barão: Tu veio com a tropa, não veio? Então sossega, só sai daqui com nós. Além disso, tô precisando trocar uma ideia contigo.
Ela pareceu ficar nervosa, mas eu nem liguei e fui pro meu quarto, tomar um banho e trocar de roupa.
Peguei a chave do meu carro, e avisei pros moleques que eu já voltava. Mandei eles cuidarem do Davi, e o Gabriel me deu um sorrisinho malicioso antes de eu sair pela porta de casa, junto com a tia do meu filho.
A Isabela sentou no banco do carona, e fui dirigindo pra fora do morro, sem falar nada. Ela tava nervosa, impaciente, batendo o pé contra o chão, e eu já tava sem paciência.
Barão: Não pretendo te matar.
Ela me encarou, abriu a boca pra falar alguma parada e fechou de novo, voltando a encarar a rua.
Garota mó estranha. A irmã dela era mais maneira.
Isabela: Barão, não precisa me deixar na frente de casa, só no começo da rua já tá bom.
Barão: Tu pode enrolar os meus cria com esse papo furado, Isabela. Mas eu tu não vai conseguir, pô - estacionei o carro na esquina da rua dela, sem me aproximar da casa - Desenrola a língua aí, e começa a falar o que tá pegando!
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Predestinados
RomanceNão há nada mais forte do que duas almas interligadas, predestinadas a se encontrarem.