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Lobo

Acho que em toda a minha vida a parada mais difícil que eu tinha feito, foi enterrar a Sofia.

Quem me acompanhou foi o meu pai e o Matheus.

A Isabela estava sentindo muitas dores nas últimas horas e eu até ouvi ela contando pro pai que quando chegamos no hospital, teve alguns sangramentos. Ele ficou putão por ela não ter contado nada pra ele antes, mas pediu pra eu ir descansar. E o único jeito de ela conseguir descansar, era do lado do Patrick.

Ele estava na UTI, perdeu muito sangue. E meu pai e a Isa acabavam se revezando entre ele e eu.

Eu até podia não estar numa cama de hospital, mas tava quase tão fodido quanto o PT.

Tinha perdido minha namorada. E por mais que eu tivesse caído na vida da cachorrada, da putaria, pra tentar esquecer ela, foi tudo em vão. Eu nunca tinha esquecido da Sofia e nem esqueceria.

Minha pequeninha.

Mesmo com toda a loucura da nossa separação, eu contava os dias pra essa história de Pitbull acabar e poder voltar com ela. Mas isso não aconteceu.

Eu tinha certeza que a nossa história merecia um outro fim.

Toda vez que eu fechava os olhos, via o rosto dela e conseguia ouvir a sua voz me dizendo que estava grávida.

Na hora em que eu soube, eu não sei explicar o que senti. Eu só estava desesperado pra fazer com que ela não entrasse naquela casa a qualquer custo. Mas tudo foi tão diferente do que eu queria... e agora não tinha como voltar atrás.

Me arrependi de não ter dito que amava ela, mais uma vez. Me arrependi de não ter dito que eu queria ter um montão de filhos com ela. E mesmo jurando amor eterno várias e várias vezes quando ela estava viva, eu fiz isso por mais um milhão de vezes quando vi o corpo dela sendo velado.

Torci pra que ela soubesse, que a nossa história não ia acabar assim. Que eu ia amar ela até o fim da minha vida, e que depois dela, a gente ainda se encontraria.

Fui pra casa depois do velório, junto com o meu pai e com o Matheus. O coroa foi correndo pro hospital, pra ver como estava minha mãe e o meu outro irmão.

A Júlia e o Barbosa estavam brincando com o Davi na sala, e o Matheus entrou logo atrás de mim. Eu só acenei com a cabeça pros dois, quando vi a Júlia me dando um sorrisinho fraco, e subi correndo pro meu quarto, mesmo com a voz do Davizinho chamando.

Meu coração ficava partido de negar qualquer coisa pra ele, mas eu não tava no clima pra nada agora.

Entrei no banho e acho que fiquei por uns quarenta minutos deixando a água fria bater na cabeça, e levar pra longe toda a angústia e a dor que estavam no meu peito.

Eu queria voltar atrás. Queria não ter levado o PT, ou então, tirar a arma da mão dele. Queria não ter ficado longe da Sofia, não ter brigado e muito menos terminado a nossa relação.

Mas agora, a única coisa que estava ao meu alcance era chorar porque a menina que eu amava morreu. Ela e o meu filho. E com eles, toda a minha vontade e força pra continuar nesse mundo doido.

PredestinadosOnde histórias criam vida. Descubra agora