IsabelaO Barão foi o caminho inteiro quieto, sem falar nada pra nenhum deles. Mas somente pelo som da sua respiração, eu soube que iam ouvir um pouco por terem se metido em confusão. Provavelmente os meninos compartilhavam do mesmo pensamento que eu, porque nenhum deles falou nada também.
Percebi que ele não tinha dirigido para a minha casa, e sim para a dele, ao ver uns meninos parados na frente, fazendo a segurança da casa. O Barão nem olhou para os lados pra falar com nenhum deles, bem diferente do que ele geralmente fazia.
Ele estacionou o carro na garagem e foi o primeiro a sair, porque os outros estavam com medo de pisar pra fora daquele carro.
Isabela: Não tiveram coragem pra se meter em briga? Cadê a coragem de vocês pra encararem a cobrança? - perguntei para os três, antes de sair do carro, ainda com o Davi no colo.
O Barão se aproximou e tirou ele dos meus braços, mas o pequeno resmungou um pouco. Eu soltei uma risada ao ver a cara que o pai dele fez, e cheguei mais pertinho pra dar um beijinho na cabeça do pequeno.
Barão: Os três na sala de banho tomado em vinte minutos - ele falou, quando viu os meninos saindo do carro de fininho. Eles entraram na casa sem falar nada e ele me olhou com a maior expressão de cansado - Tô puto.
Isabela: Nem percebi - ri baixinho.
Barão: Vou colocar o Davi na cama dele, tu quer ficar com ele ? Até eu resolver esse bagulho dos menor aí.
Eu concordei e o Barão entrou na casa, subindo as escadas e me levando até o quarto do Davi, que era a coisinha mais linda do mundo. Muito a carinha dele, cheio de super-heróis e carrinhos para todos os lados.
Ele colocou o pequeno na cama e eu me ajeitei pra deitar ao seu lado, abraçando o corpinho pequeno que tinha um cheirinho muito bom de neném.
O Barão apoiou as mãos no colchão, inclinando o corpo pra ficar perto da minha boca. Eu passei meus dedos por sua barba e vi ele fechar os olhos com o carinho, respirando fundo. Me estiquei um pouquinho também, juntando a minha boca na sua rapidamente.
Isabela: Conversa, mas não perde a linha com eles. Não vão te ouvir se você ficar gritando - ele assentiu e abriu os olhos.
Barão: Dorme aqui comigo depois.
Eu assenti, sorrindo fraquinho pra ele.
O Barão deu um cheiro no Davi e roubou mais um selinho da minha boca, antes de sair do quarto do filho mais novo e ir pra cozinha. Depois disso ele ficou por uns quarenta minutos conversando com os meninos, pra depois voltar para o quarto do Davi, e eu já estava quase pegando no sono.
Vi que ele segurava duas taças e uma garrafa de vinho nas mãos. Meu sorrisinho cresceu no mesmo segundo.
Isabela: Que isso? - perguntei - Você ainda tá no pique, depois de tudo?
Barão: Só pra dormir na paz.
Me levantei da cama e cobri o Davi, colocando vários ursinhos em volta pra que ele não caísse da caminha. O Barão saiu do quarto do filho, e eu fiquei com certo receio de ser flagrada com ele no corredor mas ele fez sinal pra mim, que tinha mandado todo mundo ir dormir.
O Barão abriu a última porta, e eu meio que já desconfiava que fosse de seu quarto. Não tinha nada demais, era um quarto normal, não estava muito decorado. Mas tinha uma pequena sacada, que estava aberta e batia um vento muito gostoso vindo dali.
Barão: Vem - ele pediu, ao perceber que eu estava olhando para aquele lugar. Tinha um sofazinho pequeno ali fora, o Barão sentou e eu me sentei ao lado dele cobrindo minhas pernas com um cobertor que tinha ali - Aí aí, dona Isabela, já tá me dando problema.
Fiquei sem entender exatamente ao o que ele estava falando, mas não perguntei até que ele terminasse de colocar o vinho nas duas taças.
Isabela: Como assim? - perguntei, tomando um gole da bebida.
O Barão negou com a cabeça e colocou um cigarro na boca, olhando para a rua. Cheguei mais pertinho e ele me puxou pra entrar em seu abraço, soltando a fumaça para o lado contrário.
Barão: Os moleque brigaram por tu - tirei a minha cabeça do ombro dele, pra ver melhor o seu rosto. O sorrisinho irônico e igualmente puto estava no canto da boca - Os engraçadinho vieram falar merda de ti.
Isabela: De mim? Por que de mim?
Barão: Aquela parada ali é coisa de criança. Tavam querendo irritar o Patrick e conseguiram - ele deu um cheiro no meu pescoço - Queria ter dado uma lição maior, pô, mas me controlei porque não sabia como tu ia reagir com isso.
Fiquei em silêncio. Não sabia o que responder e não sabia o que pensar sobre isso.
Isabela: Será que é pela roupa? - perguntei, olhando pro vestido que eu estava usando.
Era um vestido curto, porém nem tanto, soltinho e azul. Não vi problemas quando eu saí de casa com ele, mas talvez pudesse ser por isso.
Comecei a sentir minhas mãos soando por conta do nervosismo quase instantâneo que cresceu em mim, e eu fui obrigada a colocar a taça no chão, antes que eu deixasse cair no chão.
Barão: Não, não tem nada a ver com a tua roupa. É porque tu é bonita mesmo, isso é normal, preta.
Isabela: Eu não queria te trazer problema, me desculpa.
Ele estreitou os olhos, fazendo uma careta, respirou fundo e eu fiquei muito nervosa quando ele também colocou a taça dele no chão, e jogou o cigarro no cinzeiro.
Barão: Tu tá se desculpado por ser bonita? - eu abri a boca pra responder, e ele me puxou pra mais perto encostando a testa na minha - Que culpa tu tem disso? Nem é uma parada ruim, Isabela. Tu é bonita pra caralho, gostosa pra caralho e é isso. Culpa vai ter quem for na maldade contigo!
Isabela: Eu juro que eu não achei que essa roupa fosse ser problema.
Barão: E não é. Pô, tu pode andar pelada ou de roupa de freira, quem tiver na maldade contigo, vai continuar na maldade, sacou? Tu vai usar a roupa que tu quiser, se quiser ficar pelada por aí, fica... o problema é só teu - ele beijou a pontinha do meu nariz, e deu uma mordida no meu queixo - Agora, se alguém vier de caô pra cima de ti, aí sim o problema vai ser meu.
Eu prendi o ar nos pulmões, porque nem conseguia respirar direito, e encurtei a distância que existia entre nós dois, puxando sua boca para a minha.
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Predestinados
RomanceNão há nada mais forte do que duas almas interligadas, predestinadas a se encontrarem.