14

21.7K 1.6K 213
                                    


Barão

Cheguei em casa cansadão, depois de passar o dia resolvendo os bagulho do corre. Pior decisão que eu tinha que tomar era de mandar passar uns vacilão que deviam grana pra boca, porque no fundo, eu sempre acabava lembrando da minha mãe.

Mas o crime é isso. Papo reto, sem muita conversa. Quando foi a vez da minha coroa, ninguém teve pena.

O Barbosa tinha mandado o papo de que o trabalho tinha sido feito, e eu perguntei pra ele como estava o lance da Isabela. O mano me falou que tinha levado ela na casa hoje, e que tinha deixado o PT e o Rael na cola da garota e os menor tavam mandando umas visão pra ele de vez em quando, mas a tia do meu filho não tinha feito nada além de ir no mercadinho comprar algumas coisas pra casa, durante o dia.

Fechei a porta da sala, e o Davi já veio correndo pra me abraçar. Dei um cheiro gostoso nele, e depois o coloquei no sofá de novo. Ele assistia desenho junto com o Gabriel.

Barão: E aí - dei um tapa na cabeça do meu filho mais velho, e ele tirou a cara do celular pra me olhar de cara feia.

Lobo: Sai fora, pô.

Vi que ele tava todo trajado pra sair, nem entendi nada.

Barão: Tu vai sair? - perguntei, estreitando os olhos enquanto arrancava a camisa do meu corpo, e me sentava no sofá.

O Davizinho deitou com a cabeça na perna do irmão, e os pés na minha perna.

Lobo: Vou. Hoje vai ter baile no CDD - ele tirou a cabeça do Davi do colo dele, e ficou de pé, dando um beijo no rosto do irmão - Na real, só tava esperando tu chegar. A Jú saiu daqui pra ir pra aula tem uns trinta minutos.

Concordei com a cabeça.

Barão: Vai curtir tua noite, meu cria. Mas se liga, hein porra! Tu sabe que qualquer vacilo vai chegar no meu ouvido, e aí eu não vou render mais meta nenhuma pra tu! - falei, apontando o dedo pra ele.

Ocultei a parte de que eu falaria com o Major, chefão do CDD e meu aliado, pra não deixar o meu menor desprotegido em outro morro.

Lobo: Eu tô ligado.

Barão: Matheus tá aonde? - perguntei, olhando em volta.

Lobo: Tá no quarto - apontou com a cabeça, pro andar de cima - Ele tava tentando falar com a Isa, parece que ela não tava respondendo ele de novo.

Engoli seco e desviei o olhar, encarando o chão.

Davi: Tchau! Tchau! Tchau! - falou várias vezes, quando o irmão acenou.

Marolei com o Davi sozinho por uns dez minutos, depois que o Gabriel saiu de casa e mandei a tal da mensagem pro Major, que logo respondeu falando que era pra eu ficar tranquilo, que nada de ruim ia acontecer com o Biel.

Barão: Tu comeu, gordão? - perguntei pro meu filho, mas ele nem tirou a cara da televisão pra me dar moral. Deu pra ver que ele logo ia dormir ali mesmo. Eu bufei pro menor, tava me ignorando já e nem tamanho pra isso ele tinha  - Tá pior que teus irmão.

Deixei ele sozinho ali, assistindo o desenho, e fui até a cozinha caçar alguma coisa pra comer. Por sorte a Júlia tinha feito alguma parada pra nós comer, e por um milagre os dragões que eu tinha em casa não tinham devorado tudo.

Comi na minha paz, curtindo o meu momento, com uma cervejinha gelada que eu tinha aberto. Até o Matheus aparecer na cozinha, e cortar todo o meu clima só de olhar pra cara dele.

Barão: O que foi? - perguntei, já sabendo o que tava rolando.

Ele bufou, e sentou na mesa, com os braços cruzados. Olhar de putão na cara, mandíbula travada.

Eu tava fazendo o bagulho certo, né? Tava tentando proteger ele!

Falcão: Isabela sumiu de novo, pô. Eu não aguento mais isso, tá ligado? Ela sumindo desse jeito me deixa sem saber o que fazer, e me deixa mal pra caralho.

Larguei o garfo no prato, e afastei um pouco a comida de perto de mim, pra olhar pra ele.

Barão: Tua tia é teu ponto fraco, né? Toda vez que da alguma merda com ela tu fica assim.

Falcão: É, mas eu tô cansado de ser feito de otario. Tentei ajudar a Isabela de todos os jeitos, se ela não quer, eu não posso mais fazer nada!

Eu respirei fundo, e passei as mãos na frente do rosto. Esse era um dos momentos da minha vida em que eu não sabia como agir. Podia contar pra ele a verdade, onde ela estava, e várias paradas. Mas eu nem estava certo se poderia confiar na Isabela ainda.

Barão: O quanto tu confia em mim?

Ele me olhou, sem entender.

Falcão: Sei lá, pai. Pra caralho.

Barão: A tua tia tá comigo. Ela tá guardada, pô. Veio com uns papos de que o relacionamento dela não tava legal e que o marido tava fazendo mal pra ela, e te ameaçando - ele arregalou os olhos - Só que tem muita coisa envolvida nessa parada. Eu não vou te deixar correndo risco, então calma, relaxa. Ela tá bem, não tá fugindo de tu não! Deixa eu me acostumar com ela, analisar os passos dela, e depois que eu ver que de fato dá pra confiar na garota, eu te falo onde ela está!

Falcão: Como assim? Que papo é esse? - ele perguntou, todo perdido.

Barão: É isso, Matheus. Tô falando não só como teu pai. Tu sabe que a minha responsa nesse morro vai além disso! Preciso estar ligado em tudo o que tá acontecendo por aqui.

Falcão: Então, ela tá no morro? - neguei com a cabeça.

Barão: Não vou te falar nada. Por enquanto não.

Falcão: Tá, pai - ele coçou a cabeça, parecia nervoso - Mas assim... ela não tá trancada em uma sala, apanhando, e esses caô, né?!

Barão: Não. Tô te dando o meu papo que ela tá bem. É só a garota andar na linha, que tudo vai ficar tranquilo pra ela.

Falcão: E o Pitbull? - me olhou com ódio.

Barão: Isabela não quis matar o cara.

Falcão: Mas eu quero.

Eu me aproximei dele, sem desviar o olhar.

Barão: Tu tem certeza do que tu tá falando?

Falcão: Tenho. Se ela falou que ele tava fazendo mal pra ela, eu acredito. E essas parada não tem perdão!

Concordei com a cabeça.

Barão: Não vai voltar atrás?

Falcão: Sou teu cria. Eu não volto atrás.

Barão: Tá certo... amanhã eu resolvo esse proceder!

Ele concordou, e continuou sentado na mesa, segurando o celular nas mãos, depois que eu me despedi. O Davi já dormia no sofá. Eu só levei o meu menor pro andar de cima, deixei ele no quarto dele, e fui pro meu, tomar um banho e dormir um pouco.

PredestinadosOnde histórias criam vida. Descubra agora