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Dois meses depois

Barão

Neurose bateu forte no peito quando eu vi a Isabela acordando de madrugada, gemendo de dor.

Ela falou que queria ter a Aurora de parto normal, mas o prazo que os médicos tinham estipulado já estava acabando, e se ela não resolvesse dar as caras até a próxima consulta, que seria em três dias, precisaríamos forçar o bebê a sair.

Minha casa tava na maior loucura. Ansiedade a mil pra chegada da princesa da nossa vida. Tudo estava no seu devido lugar, só esperando por ela, pra hora que ela quisesse se juntar a família.

Acho que os meninos estavam tão ansiosos quanto eu. A minha gata tava com um pouco de medo na real, por ser o primeiro filho de barriga dela, a Isa tava nervosa pra cacete, mas eu via todas as noites ela conversando com a nossa neném, pedindo pra ela vir de uma vez, porque ninguém aguentava mais tanta ansiedade.

Barão: O que foi, vida? - perguntei, me sentando na cama pra ligar o abajur, pra poder olhar melhor a minha mulher - Ela tá vindo?

Isabela: É contração, mas ainda está fraco - falou, respirando fundo e acariciando a barriga. Coloquei a minha mão na barriga dela, e vi a Isa voltando a fechar os olhos pra tentar descansar mais um pouco - Me ajuda a sentar.

Me acomodei na cama, de forma que conseguisse ajudar ela a sentar na cama, com os pés pra fora.

Barão: Quer tomar um banho? O médico falou que ia aliviar as dores.

Isabela: Quero. Mas não consigo levantar agora. Tá doendo um pouco! - falou, fazendo uma careta.

Olhei no meu relógio, vendo que marcava quatro horas da manhã. Acho que o Gabriel nem estava em casa ainda.

Avisei a Isa que ia preparar o banho pra ela, mas logo depois ela me pediu um pouco de água.

Liguei a banheira e desci as escadas, busquei um copo de água e depois voltei pro quarto, entregando pra ela que continuava sentada na mesma posição.

Sentei no tapete do quarto mermo, nos pés dela, porque não queria mexer na cama e fazer ela sentir mais dor.

Barão: Ta melhor, preta? - perguntei, quando ela devolveu o copo.

Isabela: Tô - sorriu, colocando as mãos na barriga - Será que ela vem hoje?

Eu sorri.

Barão: Tô ansioso pra caralho.

Isabela: Eu também - ela falou, e pegou o celular ao lado da cama, pra monitorar as contrações, como o médico tinha pedido.

Catei o meu celular também, e mandei mensagem pras porra tudo, porque no caminho até a cozinha eu vi que o Davi era o único que estava dormindo, e que nenhum dos outros três estavam em casa.

"A irmã de vocês tá querendo nascer e vocês atrás de boceta na rua. Se a tua mãe descobre essa parada, Aurorinha vem na força do ódio, fio! Brota em casa em cinco minutos. Entra no sapatinho pra ela não desconfiar!"

Encaminhei a mensagem pros três e depois guardei o meu celular, sem nem ligar pra resposta dos pivete. Fui logo ver o banho, e a água já estava quase na metade.

Avisei a Isa e perguntei se ela já queria entrar. Ajudei ela a ir até o banheiro, e assim que ela tirou a roupa começou a ter mais uma contração. Segundo o que ela havia dito, o tempo entre uma e outra estava curto, ou seja, não demoraria até termos que ir para o hospital.

Ouvi o AK latindo, logo depois que ela entrou na água, e fui até a sacada a tempo de ver os menor entrando em casa. Um mais doido que o outro.

O Gabriel me viu, só fiz sinal pra eles ficarem em silêncio e voltei pra dentro do quarto.

Tomei um banho no chuveiro mesmo, bem rápido, enquanto a Isa continuava aliviando a dor na banheira. Depois sai rapidinho e fui me vestir.

Isabela: Porra - ouvi ela resmungando, no banheiro.

Entrei de volta no cômodo, vestindo só uma calça. Nem tinha dado tempo de colocar uma blusa.

A Isa estava de pé, enrolada na toalha, tentando se secar.

Barão: O que? - perguntei.

Isabela: A bolsa estourou.

Arregalei os olhos.

Barão: Porra! - meu coração parecia que ia sair pela boca. Sai do banheiro mais rápido que o flash e coloquei a cara no corredor - Vão se arrumar, porra, nós tem que voar pro hospital! Gabriel, tu arruma o Davi!

Isabela: Calma, amor - ela riu da minha cara, assim que eu voltei pra dentro do quarto - Eu nem me arrumei ainda. Vai demorar um pouco.

Fiz careta.

Barão: Que porra de demorar um pouco. Tá chapando? Minha neném tá querendo vir, ela tem que vir.

Isabela: Sua neném vai esperar a mãe dela ficar um pouco bonita pelo menos! Minha filha não vai me ver pela primeira vez feia! - fiquei sem entender o que aquela maluca tava pensando - Me ajuda a tomar um banho no chuveiro! Não vou pro hospital suja.

Barão: Preta, parou com a palhaçada. Tu é linda de todo jeito. Coloca uma roupa e vamo bora.

Ela sorriu pra mim e começou a andar sozinha até o chuveiro.

Respirei fundo, sabendo que nem tinha como discutir com aquela mulher, e ajudei ela a tomar um banho o mais rápido possível, enquanto ouvia a movimentação intensa dos menor no corredor.

Pedi pra colocarem todas as coisas da Aurorinha no carro, enquanto a mãe dela resolveu secar o cabelo e passar uma maquiagem.

Barão: Tu tá me zoando, Isabela.

Isabela: Minha bolsa estourou, mas não significa que ela vai sair agorinha agorinha. A dona Aurora espera mais um pouquinho!

Barão: Amor, parou. Bora! - tentei puxar ela, quando vi que sentou em frente a sua penteadeira.

Isabela: Respira fundo e solta - ela fez exatamente o que tinha me mandado fazer - Não tem porque ter pressa. Tá tudo sob controle. Você pode ficar aí surtando ou então pode ajudar a sua mulher a secar o cabelo enquanto faço a maquiagem!

Ela me deu um sorriso e estendeu o secador de cabelos. Bufei, mas pequei aquela porra ligando de uma vez.

Fui logo chamando o Matheus pra me ajudar, a gente tinha que acabar aquela merda o mais rápido possível pra ir pro hospital.

Eu tava maluco pra conhecer a minha filha.

PredestinadosOnde histórias criam vida. Descubra agora