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Barão

Desde que eu vi o Gabriel pela primeira vez, soube que faria qualquer coisa na face da terra pra ser um pai foda pra ele.

Desde que Deus me tornou pai, eu soube que podia errar em TUDO na minha vida. Podia usar droga, vender, matar, roubar, mas nunca, em hipótese nenhuma, eu podia errar como pai.

Meus filhos eram absolutamente tudo o que tinha de mais importante na minha vida. Por eles, morreria e daria um jeito de continuar vivendo para mantê-los protegidos. Eu sangraria até o fim. Eu moveria montanhas.

Eu nasci pra ser pai.

E por mais que eu já tivesse experimentado tamanho amor outras quatro vezes na minha vida, ser pai de menina era muito diferente.

Durante a gravidez da Isa, depois que eu descobri que seria uma menina, eu fiquei bem assustado. Sem saber como reagir e pensando nas mil coisas que eu precisaria mudar pra cuidar de uma menina.

Não importava se ela precisasse que eu usasse saias, ou que pintasse minhas unhas. Da mesma forma como com os garotos, eu faria qualquer coisa para que ela fosse feliz. Mas o cuidado precisaria ser mil vezes maior, em literalmente tudo.

Aurora era a cópia da mãe. Olhinhos puxados, pele morena, chorava alto como o rugido de um leão, mas parecia uma boneca de porcelana, que se segurasse com um pouco de força a mais, se espatifaria em minhas mãos.

- Com licença? - uma enfermeira entrou no quarto em que havíamos acabado de nos instalar, e a Isa tentava alimentar a esfomeada, antes dos meninos entrarem no quarto - Barão, certo?

Barão: É - murmurei, me esticando.

- Me pediram pra entregar isso pro senhor.

Ela esticou uma folha de um caderno nas mãos. Encarei a Isa, ela fez uma careta, e eu peguei a folha das mãos da menina, que logo saiu.

Isabela: Que isso?

Barão: Não sei - virei a folha do outro lado - Letra feia do caralho.

Isabela: É a letra do Patrick? - perguntou, esticando o pescoço - Chega aqui pertinho.

Sangue esquentou na hora.

O moleque tinha feito merda, eu tinha certeza.

Barão: Calma - pedi, olhando pra ela.

Isabela: Ai, eu não tô com uma sensação boa, Henrique.

Barão: Calma, preta. Calma!

A Aurora tirou a boquinha do peito da mãe e começou a gritar pra caralho.

Larguei a carta encima da cama, e peguei a minha neném do colo da Isa, porque vi que ela estava começando a tremer pra porra.

Balancei a minha filha no colo, dando vários cheiros e beijos no rostinho dela. Mas eu nem pisquei. Tava com o coração ali, e o pensamento no Patrick.

A Isa pegou a carta nas mãos.

Isabela: Eu vou ler em voz alta. É um texto! - ela engoliu seco, e aos poucos a Aurora parou de chorar, ficando quietinha no meu colo - Meu Deus.

PredestinadosOnde histórias criam vida. Descubra agora