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Barbosa

Depois que o Barão me deu o papo da missão, eu parti pra minha casa, dei um beijo na minha mulher e sai do morro, indo direto pro lugar onde eu tinha encontrado os filhos do chefe ontem.

A minha relação com o Barão era maneira, ele sempre me deu várias oportunidades dentro do crime e a cada dia eu me esforçava mais e mais pra retribuir tudo o que ele fez e ainda fazia por mim. Como se já não fosse o suficiente, o parceiro ainda rendeu uma oportunidade dahora pra minha esposa, e entregou a joia mais nova dele nas mãos dela, pra ela cuidar.

A Júlia me mandou uma mensagem, dizendo que ia pra faculdade. Eu só pedi pra ela ter cuidado, falei que amava, e que ia tentar voltar pra casa hoje ainda.

Vida do crime é foda, nunca se sabe o que esperar.

Fiquei de tocaia na rua, mas não tinha movimento nenhum, até o Pitbull entrar em casa. Nem perdi tempo e tirei uma foto, mandando pro Barão. Cerca de uns ou trinta minutos depois, eu vi o carro dele saindo da garagem, e subi na minha moto rápido, pra seguir eles. Mandei a minha localização em tempo real pra Júlia, só pra garantir, caso eu sumisse.

Depois de uns trinta minutos andando, eles pararam em frente a um clube, estacionando o carro. Deixei a minha moto também no estacionamento, e fui entrando logo atrás.

O Pitbull segurava na mão da Isabela, que usava um vestido longo, e um casaco por cima. Não era muito chique, o lugar era tranquilo, nem tinha porque ela usar roupa cumprida, também não fazia frio. O Barão tava certo pra caralho de desconfiar daqueles dois, tinha alguma parada muito estranha.

Nem foi suave passar pelos seguranças, eles me revistaram e pegaram a minha arma. Eu tive que render uma grana maneira pros caras, pra poder entrar armado. Depois de uns quinze minutos resolvendo o b.o, eu consegui entrar, e cuidei pra me sentar em um canto mais afastado, ali no bar mesmo, mas conseguia ver de longe o Pitbull e a Isabela, sentados com outros quatro homens. Eu não reconhecia nenhum deles, mas pelo o que consegui entender, a conversa era sobre o patrocínio que ele ia ganhar.

Nitidamente a garota estava se sentindo deslocada, e toda vez que o Pitbull encostava nela, a Isabela dava um jeito de se afastar. Em um momento ela me viu, mas não me reconheceu, devido a escuridão no lugar.

Atualizei o Barão sobre tudo o que tava rolando, ele só me pediu pra ter cuidado. E ainda troquei uma ideia com a Jú, quando ela me falou que tinha chegado na faculdade. Ela ainda me perguntou algumas paradas, mas se ligou quando eu disse que não podia contar nada. No começo era bem difícil ela entender que o fato de eu esconder as coisas não era por estar traindo, e sim pra proteger ela. Porque quanto menos soubesse, melhor seria.

Meu sexto sentido veio à tona quando a Isabela tentou se levantar da mesa, e o Pitbull segurou a mão dela, fazendo a garota parar e olhar pra ele. Ela estava de costas para mim, mas falou alguma coisa pro homem, que soltou o seu braço.

Me levantei na hora, e fui seguindo a garota pelo corredor do banheiro. Esbarrei em umas duas pessoas que estavam no meu caminho, pra não perder ela de vista.

Mas ao invés de entrar na porta do banheiro, a Isabela se encostou em uma parede, fechando os olhos e respirando fundo. Dava pra ver o peito dela subindo e descendo, com a respiração acelerada.

Eu me aproximei, tentando não fazer barulho.

Barbosa: Garota - chamei.

Ela abriu os olhos, me encarando assustada.

Isabela: Oi?

Barbosa: Tu tá bem? - perguntei, sem estar muito interessado. Mas ela não parecia bem mesmo.

Isabela: Tô... hum. Eu conheço você? - eu me mantive em silêncio, sem ter certeza de que era uma boa falar que eu conhecia ela sim - Desculpa, acho que te confundi.

Barbosa: Acho que me confundiu mesmo.

Ela concordou com a cabeça, e continuou me olhando por um tempo, sem falar nada. Parecia pensar muito.

Isabela: Você pode me emprestar o seu moletom? - pediu.

Barbosa: Pra que?

A garota encarou o próprio corpo, procurando uma desculpa, mas só deu de ombros.

Isabela: Lá fora eu te devolvo.

Tirei o moletom do meu corpo, e estendi pra ela. A Isabela colocou ele, vestindo o gorro também. Nem entendi nada daquela loucura, a maluca era doida. Ela saiu de perto de mim, sem falar nada, e eu fui trás. A garota andou por todo o local, até sair pela porta de entrada, parando a alguns metros de distância da porta, na calçada. Quando eu passei novamente pelos seguranças, ela encarava o chão, mas já tinha tirado o meu moletom, e estendeu ele pra mim, sem me encarar.

Barbosa: O que rolou? - perguntei, segurando o meu casaco de volta.

Isabela: Obrigada - falou, ainda encarando o chão - Sem querer ser muito chata, você pode emprestar o seu telefone?

Barbosa: Isabela - ela me olhou, surpresa. Eu cruzei os meus braços, me aproximando ainda mais dela - O que está rolando?

Isabela: Como você sabe o meu nome? - perguntou - Eu sabia que te conheço de algum lugar, só não consigo lembrar de onde.

Ouvimos uma movimentação do lado de dentro da festa, e ela pareceu se desesperar. Sem saber ao certo o que fazer, eu puxei a garota pela mão, até a minha moto. Ela me olhava estranho, mas não se importou com muita coisa, quando deu pra ver o Pitbull saindo pela porta da festa, procurando alguma coisa.

A Isabela subiu na garupa da moto, e eu acelerei pra caralho, saindo do estacionamento, rápido o bastante pra ninguém nem perceber a gente.

PredestinadosOnde histórias criam vida. Descubra agora